Prezado
irmão Baccelli,
Que a
paz de Jesus nos envolva!
Agradou-me
imensamente o recebimento de sua mensagem, de vez que até agora não conseguira
nenhum contato com você, embora tivesse sempre enviado meus escritos aos seus
editores, solicitando-lhes que fizessem-nos chegar às suas mãos.
Peço
excusar-me pela forma como responderei sua mensagem, intercalando
minhas
declarações com as suas, pois assim me pareceu a forma mais clara e objetiva.
A HORA DA VERDADE –
II
Estimado irmão
Passini: Jesus nos abençoe!
Desculpe-me, se tomo
a liberdade de escrever para o seu e-mail, intrometendo-me em sua
correspondência
eletrônica. Ocorre, porém, que amigos fizeram chegar às minhas mãos o artigo
que publicou, dias atrás, no jornal “O Imortal”, de Cambé-PR, que, não obstante
tenha sido fundado por Hugo Gonçalves, meu particular amigo, hoje permanece sob
outra direção. O seu endereço estava disponível no documento que divulga, em
que contesta a autenticidade das obras do Dr. Inácio Ferreira vindas por meu
intermédio.
Na verdade,
não havia enviado esse artigo a nenhum órgão espírita, porque
julguei
que ninguém tivesse coragem para estampá-lo em suas páginas, diante da
acomodação reinante na nossa imprensa, orientada no sentido de não se dar a
público nenhuma análise de obra, quando não seja para louvá-la. Na imprensa
espírita é quase nulo o espaço para a análise, o que nega um dos fundamentos da
nossa Doutrina, que é a liberdade de crítica, que aprendemos com Paulo e com
Kardec.
Ainda
não aprendemos a discordar em alto nível, esquecidos de que Jesus
nunca
impôs nada a ninguém, e que não se agastava quando duvidavam dele. Sei que você
conhece de sobejo a passagem relatada por Mateus, no cap. 17: 10 a 13, quando
os discípulos puseram, indiretamente, em dúvida a Sua própria condição de
Messias.
A bem
da verdade, devo dizer-lhe que enviei, endereçadas a você, através de
seus
editores, as análises de suas obras, antes de dá-las a público. Entretanto,
fico sabendo agora que não as recebeu. Por isso, as envio em anexo, aproveitando
a oportunidade para mostrar-lhe que o meu objetivo não tem nada de pessoal – e
sim de doutrinário –, pois analiso também outros autores.
De início, devo
concordar com você: realmente, o Dr. Inácio que se comunica através de
minhas limitadas
faculdades mediúnicas não é o mesmo Dr. Ignácio que aparece em “Tormentos da
Obsessão”, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo Pereira
Franco. Se bem que, como deve ser de seu conhecimento, em “O Livro dos
Médiuns”, no capítulo XIX, encontraremos: “... qualquer que seja a diversidade
dos Espíritos que se comunicam por um médium, os ditados obtidos por ele, mesmo
procedendo de espíritos diversos, trazem o cunho da forma e da cor pessoal
desse médium”.
É
verdade, mas num bom intercâmbio, a influência do médium é pequena, e
tanto
menor, quanto maior for a fidelidade mediúnica. Além disso, cunho e forma, no
meu entender, revelam apenas aspectos exteriores, pois a essência da mensagem
deve ser a mesma. Se a influência do médium se desse a ponto de modificar o
conteúdo da mensagem, aceitarímos as meninas Boudin como co-autoras de grande parte
de “O Livro dos Espíritos”. Talvez você aceite isso, pois na obra “Fala, Dr.
Inácio!” (p.15), ele afirma que o médium é co-autor. No livro “Do Outro Lado do
Espelho” (p. 170), diz que 30% é do Espírito e 70% do médium. Note que ali ele
não se refere só àquele grupo do Sanatório: ele generaliza, dizendo que raro o
médium que consegue 50%. Observe que esse Espírito lança dúvida sobre a
faculdade mediúnica em geral.
O Dr. Inácio
Ferreira, de quem fui particular amigo, tendo, inclusive, com ele trabalhado
no Sanatório Espírita
de Uberaba, era como se identifica nas obras de minha lavra mediúnica:
“Sob as Cinzas do
Tempo” (que você já contestou junto à USEERJ – recorda-se? –, tentando fazer
com que fosse retirada de circulação), “Do Outro Lado do Espelho”, “Na Próxima
Dimensão” e tantas outras já publicadas e ainda a serem publicadas.
Não foi
minha a iniciativa de fazer contato com a USEERJ. Enviei, a pedido de
um
membro da Diretoria, a análise que fiz da citada obra. Tenho a consciência
tranquila de que fiz a minha parte. Entretanto, se tivesse oportunidade de ser
ouvido, teria pedido isso mesmo, pois estou profundamente convencido que o Dr.
Inácio que se comunica por seu intermédio precisa ser evangelizado e mais
educado, para que seu vocabulário e suas posições não achincalhem a nobreza da
Doutrina Espírita. Você, que conviveu tanto com o saudoso Chico, deve ter
notado que, pela sua psicografia, nunca apareceu nada que não fosse vazado na
mais nobre, respeitosa e elegante linguagem.
Tenho toda a
documentação que a USEERJ me enviou, concluindo pela originalidade do
referido livro, que,
aliás, se transformou em sucesso editorial. Não contente, porém, você continua
com a sua “guerra santa” particular, que, segundo me parece, se lhe transformou
em idéia fixa, ou seja, obsessão!
Não
tenho idéia fixa, pois se a tivesse, estaria ciente do que a USEERJ está
divulgando.
Se está vendendo seus livros, tenho fortes razões para mandar as análises que
fiz dos outros, diretamente a seus diretores, pois se acreditam num diretor de
hospital do Mundo Espiritual, que tem crises de depressão, conforme o Dr.
Inácio declara (“Na Próxima Dimensão”, p. 138), as coisas por lá não são tão
equilibradas como aprendemos com André Luiz.
Não
tenho idéia fixa, meu Irmão, apenas analiso e posso ver que existe um
outro
Baccelli, que não é mais aquele que foi até, aproximadamente, o ano 2000. É
fácil achar que os outros estão obsidiados, mas repare que você produz livros
mirabolantes, às catadupas, que, felizmente, ainda não foram descobertos pelos
detratores do Espiritismo. Já que você fala em idéia fixa e em obsessão,
aconselhoo a ler os caps. de 6 a 12 de ‘Os Mensageiros”. Chego a pensar que o
sucesso editorial subiu-lhe à cabeça. Você já refletiu o sobre o peso relativo
que têm o sucesso editorial e a fidelidade à Doutrina? Temos visto muitas obras
mediúnicas de valor discutível serem publicadas no meio espírita, sempre com
intenções comerciais, mesmo que a renda seja destinada à filantropia.
O Dr. Inácio Ferreira
que, repito, escreve por meu intermédio não é o mesmo Dr. Ignácio
do hoje tão conhecido
Hospital “Esperança”. Aliás, o que foi apresentado aos espíritas como
sendo uma revelação,
na obra “Tormentos da Obsessão”, já aparecera em dois livros anteriores
(confira as datas dos
prefácios): “Dr. Odilon”, de Paulino Garcia, com edição em abril de 1998, e
“Lindos Casos de Além-Túmulo”, de Ramiro Gama, com prefácio de maio de 1998,
ambos recebidos por mim. O que terá ocorrido? Como haveríamos de duvidar da
honestidade mediúnica de Divaldo, companheiro que tem percorrido o Brasil e o
Exterior na divulgação da Doutrina que nos é tão cara?
Não
duvido do Divaldo. Ele continua no mesmo ritmo de trabalho que sempre
executou,
no mesmo estilo. Entretanto, como já disse, você já não é o mesmo Baccelli
dessa época acima referida.
Conforme ele se
explicou no “Fantástico”, da Rede Globo, comentando um outro episódio,
deve ter ocorrido um
“fenômeno de corroboração”, ou, se preferir, com Kardec, “Controle
Universal do Ensino
dos Espíritos”.
Portanto, caro
Passini, não imagine que eu lhe possa guardar alguma mágoa; você, sem
perceber, está
prestando-nos excelente serviço, com mostrar que, no Mundo Espiritual, existem
um Dr. Inácio e um
Dr. Ignácio, personalidades distintas – o primeiro escreve por meu intermédio,
e o segundo, destacada personagem nos livros da responsabilidade mediúnica de
nosso caro Divaldo, que nos merece o maior apreço e consideração.
Não
tive o prazer de conhecer o Dr. Inácio pessoalmente, mas conheço-lhe a
obra e
a respeitabilidade. Não consigo vê-lo com esse linguajar rude, vaidoso de ser
contundente, ofensivo contra os espíritas e os médiuns. Esse da obra “Fala, Dr.
Inácio” é uma verdadeira caricatura, de muito mau gosto, de um homem digno,
sério, que, embora contundente enquanto aqui na Terra – segundo você assevera –
deveria ter-se refinado um pouco depois de quase três lustros no Mundo
Espiritual. Depois de treze anos, ainda estava se queixando de que estavam
vendendo sua biblioteca e que se sentia espoliado pela perda do corpo físico.
(“Na Próxima Dimensão”, p. 12).
Como conciliar
esse apego à biblioteca, diante do que declara às ps. 207 e 208: “... desculpe-me,
mas para ler, como a maioria dos espíritas, sempre fui um tanto preguiçoso.” Se
é brincadeira, é de mau gosto, capaz de levar alguns à confusão e outros ao
escárnio.
Gostaria de que, na
primeira oportunidade, você viesse a Uberaba, a meu convite, conhecer
o Sanatório Espírita
e ouvir mais sobre o Dr. Inácio, que você não deve ter conhecido pessoalmente, não
é? O que lamento, pois você não sabe o que perdeu... Aquele homem, que me auxiliou
na construção do Lar Espírita “Pedro e Paulo” e foi um de meus maiores
incentivadores nas lides doutrinárias, tinha um coração enorme, dono de um
senso de humor que, infelizmente, vai se mostrando cada vez mais raro em nosso
meio. O Espiritismo é uma doutrina alegre, mas você me parece sempre de mal com
a vida, incapaz de sorrir de um inocente chiste.
Como
você pode dizer que pareço sempre de mal com a vida e incapaz de
sorrir,
se não me conhece pessoalmente?
O Chico
é um Espírito alegre. Tive, várias vezes, oportunidade de frequentar a
casa de
seu irmão André. Lembro-me das boas risadas que demos em Pedro Leopoldo e,
depois, em Uberaba. Mas o seu humor é fino, que não ofende ninguém. Entre senso
de humor e desrespeito, parece-me, há alguma distância... Acho que ele seria incapaz
de entrar na intimidade da vida de alguém, como está em “Fala, Dr. Inácio! (p. 62)
Seria falta de assunto? Ou falta de respeito? Não há nada mais nobre em que ocupar
sua mediunidade além de fazer gracinhas, em linguagem própria de roda de amigos,
despreocupados e desocupados? Será que Kardec codificou a Doutrina para isso?
Atente para a conversa chula da página 108 da obra “Fala, Dr. Inácio!” Há muita
diferença entre um chiste inocente e posicionamentos doutrinários equivocados,
frases de mau gosto, e palavras insultuosas dirigidas a espíritas em geral
(“Fala, Dr. Inácio”,
p.
172), e a médiuns em particular (“Do Outro Lado do Espelho”, ps. 158 a 161)
Em tempo: Gostaria de
lhe informar que médiuns e espíritos podem, sim, cometer erros.
Por exemplo, na 1ª
edição do livro “Tormentos da Obsessão”, à página 59, terceiro parágrafo, há insignificante
equívoco, que já não mais aparece na 2ª. O espírito Manoel Philomeno de Miranda
escreveu que a médium Maria Modesto Cravo chegara ao Espiritismo pelas mãos do
Dr. Inácio, e é justamente o contrário: o Dr. Inácio é que, com D. Modesta,
solidificou a sua fé... O descuido, corrigido em “A Flama Espírita”, a pedido
do próprio Divaldo, pelo Prof. Fausto De Vito (o qual conviveu com o Dr. Inácio
por 40 anos), foi objeto de carta dirigida por ele ao mesmo Divaldo, não se
deveu a erro de paginação, ou coisa que o valha, concorda? Eu não vejo nada de
mais nisto. Chico Xavier – o grande Chico Xavier, inimitável e insuperável! –,
às vezes, à mesa do “Grupo Espírita da Prece”, em Uberaba, solicitava uma
borracha emprestada para corrigir um erro na transmissão de mensagem que
terminara de receber; à frente de todos, sem o menor constrangimento, ele
apagava um nome ou uma data, e escrevia a informação correta. Ora, médiuns e
espíritos não são infalíveis. Ou são?
Sim, o
Divaldo corrigiu um pequenino equívoco e o Chico os corrigia rapidamente, como
você diz. Corrigiam antes de publicar. Observe, entretanto, que não os continuavam
publicando, como é o seu caso.
Mas,
até aqui discutimos apenas o perfil do Dr. Inácio, que se apresenta, por
seu
intermédio, sem a sobriedade, o equilíbio, a serenidade, o comedimento
vocabular, a afabilidade que se espera de quem se diz, no Mundo Espiritual, dirigir
uma organização direcionada à harmonização mental de Espíritos. Mas, se
fôssemos discutir os equívocos doutrinários, teríamos de escrever outros livros...
Pretendo, caro Prof.
Passini, não retornar a tão desagradável assunto, já que as minhas
tarefas em Uberaba e
fora daqui me absorvem enormemente: tenho que dar conta da psicografia diária,
das palestras, das casas espíritas que dirijo, dos 30 velhinhos sob a minha
responsabilidade direta, da minha família, enfim, de tanta coisa que os
Espíritos me arranjaram para que eu não perdesse tempo com arengas
doutrinárias. Chico, certa vez, me disse: – “Baccelli, meu filho,livro
espírita é como a produção que colhemos na horta e levamos à feira: o pessoal
olha e escolhe o que mais lhe apetece ao paladar...” Depreendi que
não temos o direito de tolher a
liberdade de os
médiuns produzirem e exporem o resultado da colheita.
Também
eu não pretendo retomar esse assunto que, embora possa não parecer-lhe, me é
desagradável. Tenho, também, muitos afazeres, pois além de minhas exposições
orais, colaboro na divulgação do Espiritismo em programa semanal no rádio e na
televisão. Sou trabalhador ativo da seara de evangelização infantil, há mais de
trinta anos. Concordo plenamente que não temos o direito de tolher a liberdade
de médiuns e de qualquer pessoa que publique algo, mas temos o direito – e mais
do que isso – o dever de apontar-lhes os equívocos. É o que procuro fazer.
Desculpe-me, se me
alonguei em excesso, tomando o seu precioso tempo.
Sei que você é um
homem de bem, íntegro, devotado seareiro da Causa que abraçamos e
compreendo,
sinceramente compreendo o seu zelo. Se, em algum trecho da presente missiva, o
ofendi, saiba que não
tive tal intenção.
Tenho a
certeza de que sua intenção não é ofender-me. Aliás, creio que não é
por
influência sua que há tanta rudeza e demonstrações de mau humor na obra do Dr.
Inácio. Igualmente, declaro que não me moveu nunca o desejo de ofendê-lo. Se o fizesse,
estaria negando o Evangelho, que nos é guia comum.
Com votos de Feliz
Natal a você e familiares, e Ano Novo repleto de bênçãos espirituais,
sou, fraternalmente,
Carlos
A. Baccelli
Uberaba-MG, 13 de
dezembro de 2006.
Saudações
fraternais e votos de um Feliz Ano Novo.
José Passini
Grande Passine, como dizem, diante dos fatos, não há argumentos.
ResponderExcluirVivamos o evangelho, estudemos o espiritismo, leiamos os livros de inacio ferreira. O espirita n rejeita nada, pesquisa, olha os dois lados da moeda.
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