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  • segunda-feira, 7 de julho de 2014

    RESPOSTA A BACCELLI (Jose Passini)

    Prezado irmão Baccelli,
    Que a paz de Jesus nos envolva!
    Agradou-me imensamente o recebimento de sua mensagem, de vez que até agora não conseguira nenhum contato com você, embora tivesse sempre enviado meus escritos aos seus editores, solicitando-lhes que fizessem-nos chegar às suas mãos.
    Peço excusar-me pela forma como responderei sua mensagem, intercalando
    minhas declarações com as suas, pois assim me pareceu a forma mais clara e objetiva.
    A HORA DA VERDADE – II
    Estimado irmão Passini: Jesus nos abençoe!
    Desculpe-me, se tomo a liberdade de escrever para o seu e-mail, intrometendo-me em sua
    correspondência eletrônica. Ocorre, porém, que amigos fizeram chegar às minhas mãos o artigo que publicou, dias atrás, no jornal “O Imortal”, de Cambé-PR, que, não obstante tenha sido fundado por Hugo Gonçalves, meu particular amigo, hoje permanece sob outra direção. O seu endereço estava disponível no documento que divulga, em que contesta a autenticidade das obras do Dr. Inácio Ferreira vindas por meu intermédio.
    Na verdade, não havia enviado esse artigo a nenhum órgão espírita, porque
    julguei que ninguém tivesse coragem para estampá-lo em suas páginas, diante da acomodação reinante na nossa imprensa, orientada no sentido de não se dar a público nenhuma análise de obra, quando não seja para louvá-la. Na imprensa espírita é quase nulo o espaço para a análise, o que nega um dos fundamentos da nossa Doutrina, que é a liberdade de crítica, que aprendemos com Paulo e com Kardec.
    Ainda não aprendemos a discordar em alto nível, esquecidos de que Jesus
    nunca impôs nada a ninguém, e que não se agastava quando duvidavam dele. Sei que você conhece de sobejo a passagem relatada por Mateus, no cap. 17: 10 a 13, quando os discípulos puseram, indiretamente, em dúvida a Sua própria condição de Messias.
    A bem da verdade, devo dizer-lhe que enviei, endereçadas a você, através de
    seus editores, as análises de suas obras, antes de dá-las a público. Entretanto, fico sabendo agora que não as recebeu. Por isso, as envio em anexo, aproveitando a oportunidade para mostrar-lhe que o meu objetivo não tem nada de pessoal – e sim de doutrinário –, pois analiso também outros autores.
    De início, devo concordar com você: realmente, o Dr. Inácio que se comunica através de
    minhas limitadas faculdades mediúnicas não é o mesmo Dr. Ignácio que aparece em “Tormentos da Obsessão”, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo Pereira Franco. Se bem que, como deve ser de seu conhecimento, em “O Livro dos Médiuns”, no capítulo XIX, encontraremos: “... qualquer que seja a diversidade dos Espíritos que se comunicam por um médium, os ditados obtidos por ele, mesmo procedendo de espíritos diversos, trazem o cunho da forma e da cor pessoal desse médium”.
    É verdade, mas num bom intercâmbio, a influência do médium é pequena, e
    tanto menor, quanto maior for a fidelidade mediúnica. Além disso, cunho e forma, no meu entender, revelam apenas aspectos exteriores, pois a essência da mensagem deve ser a mesma. Se a influência do médium se desse a ponto de modificar o conteúdo da mensagem, aceitarímos as meninas Boudin como co-autoras de grande parte de “O Livro dos Espíritos”. Talvez você aceite isso, pois na obra “Fala, Dr. Inácio!” (p.15), ele afirma que o médium é co-autor. No livro “Do Outro Lado do Espelho” (p. 170), diz que 30% é do Espírito e 70% do médium. Note que ali ele não se refere só àquele grupo do Sanatório: ele generaliza, dizendo que raro o médium que consegue 50%. Observe que esse Espírito lança dúvida sobre a faculdade mediúnica em geral.
    O Dr. Inácio Ferreira, de quem fui particular amigo, tendo, inclusive, com ele trabalhado
    no Sanatório Espírita de Uberaba, era como se identifica nas obras de minha lavra mediúnica:
    “Sob as Cinzas do Tempo” (que você já contestou junto à USEERJ – recorda-se? –, tentando fazer com que fosse retirada de circulação), “Do Outro Lado do Espelho”, “Na Próxima Dimensão” e tantas outras já publicadas e ainda a serem publicadas.
    Não foi minha a iniciativa de fazer contato com a USEERJ. Enviei, a pedido de
    um membro da Diretoria, a análise que fiz da citada obra. Tenho a consciência tranquila de que fiz a minha parte. Entretanto, se tivesse oportunidade de ser ouvido, teria pedido isso mesmo, pois estou profundamente convencido que o Dr. Inácio que se comunica por seu intermédio precisa ser evangelizado e mais educado, para que seu vocabulário e suas posições não achincalhem a nobreza da Doutrina Espírita. Você, que conviveu tanto com o saudoso Chico, deve ter notado que, pela sua psicografia, nunca apareceu nada que não fosse vazado na mais nobre, respeitosa e elegante linguagem.
    Tenho toda a documentação que a USEERJ me enviou, concluindo pela originalidade do
    referido livro, que, aliás, se transformou em sucesso editorial. Não contente, porém, você continua com a sua “guerra santa” particular, que, segundo me parece, se lhe transformou em idéia fixa, ou seja, obsessão!
    Não tenho idéia fixa, pois se a tivesse, estaria ciente do que a USEERJ está
    divulgando. Se está vendendo seus livros, tenho fortes razões para mandar as análises que fiz dos outros, diretamente a seus diretores, pois se acreditam num diretor de hospital do Mundo Espiritual, que tem crises de depressão, conforme o Dr. Inácio declara (“Na Próxima Dimensão”, p. 138), as coisas por lá não são tão equilibradas como aprendemos com André Luiz.
    Não tenho idéia fixa, meu Irmão, apenas analiso e posso ver que existe um
    outro Baccelli, que não é mais aquele que foi até, aproximadamente, o ano 2000. É fácil achar que os outros estão obsidiados, mas repare que você produz livros mirabolantes, às catadupas, que, felizmente, ainda não foram descobertos pelos detratores do Espiritismo. Já que você fala em idéia fixa e em obsessão, aconselhoo a ler os caps. de 6 a 12 de ‘Os Mensageiros”. Chego a pensar que o sucesso editorial subiu-lhe à cabeça. Você já refletiu o sobre o peso relativo que têm o sucesso editorial e a fidelidade à Doutrina? Temos visto muitas obras mediúnicas de valor discutível serem publicadas no meio espírita, sempre com intenções comerciais, mesmo que a renda seja destinada à filantropia.
    O Dr. Inácio Ferreira que, repito, escreve por meu intermédio não é o mesmo Dr. Ignácio
    do hoje tão conhecido Hospital “Esperança”. Aliás, o que foi apresentado aos espíritas como
    sendo uma revelação, na obra “Tormentos da Obsessão”, já aparecera em dois livros anteriores
    (confira as datas dos prefácios): “Dr. Odilon”, de Paulino Garcia, com edição em abril de 1998, e “Lindos Casos de Além-Túmulo”, de Ramiro Gama, com prefácio de maio de 1998, ambos recebidos por mim. O que terá ocorrido? Como haveríamos de duvidar da honestidade mediúnica de Divaldo, companheiro que tem percorrido o Brasil e o Exterior na divulgação da Doutrina que nos é tão cara?
    Não duvido do Divaldo. Ele continua no mesmo ritmo de trabalho que sempre
    executou, no mesmo estilo. Entretanto, como já disse, você já não é o mesmo Baccelli dessa época acima referida.
    Conforme ele se explicou no “Fantástico”, da Rede Globo, comentando um outro episódio,
    deve ter ocorrido um “fenômeno de corroboração”, ou, se preferir, com Kardec, “Controle
    Universal do Ensino dos Espíritos”.
    Portanto, caro Passini, não imagine que eu lhe possa guardar alguma mágoa; você, sem
    perceber, está prestando-nos excelente serviço, com mostrar que, no Mundo Espiritual, existem
    um Dr. Inácio e um Dr. Ignácio, personalidades distintas – o primeiro escreve por meu intermédio, e o segundo, destacada personagem nos livros da responsabilidade mediúnica de nosso caro Divaldo, que nos merece o maior apreço e consideração.
    Não tive o prazer de conhecer o Dr. Inácio pessoalmente, mas conheço-lhe a
    obra e a respeitabilidade. Não consigo vê-lo com esse linguajar rude, vaidoso de ser contundente, ofensivo contra os espíritas e os médiuns. Esse da obra “Fala, Dr. Inácio” é uma verdadeira caricatura, de muito mau gosto, de um homem digno, sério, que, embora contundente enquanto aqui na Terra – segundo você assevera – deveria ter-se refinado um pouco depois de quase três lustros no Mundo Espiritual. Depois de treze anos, ainda estava se queixando de que estavam vendendo sua biblioteca e que se sentia espoliado pela perda do corpo físico. (“Na Próxima Dimensão”, p. 12).
    Como conciliar esse apego à biblioteca, diante do que declara às ps. 207 e 208: “... desculpe-me, mas para ler, como a maioria dos espíritas, sempre fui um tanto preguiçoso.” Se é brincadeira, é de mau gosto, capaz de levar alguns à confusão e outros ao escárnio.
    Gostaria de que, na primeira oportunidade, você viesse a Uberaba, a meu convite, conhecer
    o Sanatório Espírita e ouvir mais sobre o Dr. Inácio, que você não deve ter conhecido pessoalmente, não é? O que lamento, pois você não sabe o que perdeu... Aquele homem, que me auxiliou na construção do Lar Espírita “Pedro e Paulo” e foi um de meus maiores incentivadores nas lides doutrinárias, tinha um coração enorme, dono de um senso de humor que, infelizmente, vai se mostrando cada vez mais raro em nosso meio. O Espiritismo é uma doutrina alegre, mas você me parece sempre de mal com a vida, incapaz de sorrir de um inocente chiste.
    Como você pode dizer que pareço sempre de mal com a vida e incapaz de
    sorrir, se não me conhece pessoalmente?
    O Chico é um Espírito alegre. Tive, várias vezes, oportunidade de frequentar a
    casa de seu irmão André. Lembro-me das boas risadas que demos em Pedro Leopoldo e, depois, em Uberaba. Mas o seu humor é fino, que não ofende ninguém. Entre senso de humor e desrespeito, parece-me, há alguma distância... Acho que ele seria incapaz de entrar na intimidade da vida de alguém, como está em “Fala, Dr. Inácio! (p. 62) Seria falta de assunto? Ou falta de respeito? Não há nada mais nobre em que ocupar sua mediunidade além de fazer gracinhas, em linguagem própria de roda de amigos, despreocupados e desocupados? Será que Kardec codificou a Doutrina para isso? Atente para a conversa chula da página 108 da obra “Fala, Dr. Inácio!” Há muita diferença entre um chiste inocente e posicionamentos doutrinários equivocados, frases de mau gosto, e palavras insultuosas dirigidas a espíritas em geral (“Fala, Dr. Inácio”,
    p. 172), e a médiuns em particular (“Do Outro Lado do Espelho”, ps. 158 a 161)
    Em tempo: Gostaria de lhe informar que médiuns e espíritos podem, sim, cometer erros.
    Por exemplo, na 1ª edição do livro “Tormentos da Obsessão”, à página 59, terceiro parágrafo, há insignificante equívoco, que já não mais aparece na 2ª. O espírito Manoel Philomeno de Miranda escreveu que a médium Maria Modesto Cravo chegara ao Espiritismo pelas mãos do Dr. Inácio, e é justamente o contrário: o Dr. Inácio é que, com D. Modesta, solidificou a sua fé... O descuido, corrigido em “A Flama Espírita”, a pedido do próprio Divaldo, pelo Prof. Fausto De Vito (o qual conviveu com o Dr. Inácio por 40 anos), foi objeto de carta dirigida por ele ao mesmo Divaldo, não se deveu a erro de paginação, ou coisa que o valha, concorda? Eu não vejo nada de mais nisto. Chico Xavier – o grande Chico Xavier, inimitável e insuperável! –, às vezes, à mesa do “Grupo Espírita da Prece”, em Uberaba, solicitava uma borracha emprestada para corrigir um erro na transmissão de mensagem que terminara de receber; à frente de todos, sem o menor constrangimento, ele apagava um nome ou uma data, e escrevia a informação correta. Ora, médiuns e espíritos não são infalíveis. Ou são?
    Sim, o Divaldo corrigiu um pequenino equívoco e o Chico os corrigia rapidamente, como você diz. Corrigiam antes de publicar. Observe, entretanto, que não os continuavam publicando, como é o seu caso.
    Mas, até aqui discutimos apenas o perfil do Dr. Inácio, que se apresenta, por
    seu intermédio, sem a sobriedade, o equilíbio, a serenidade, o comedimento vocabular, a afabilidade que se espera de quem se diz, no Mundo Espiritual, dirigir uma organização direcionada à harmonização mental de Espíritos. Mas, se fôssemos discutir os equívocos doutrinários, teríamos de escrever outros livros...
    Pretendo, caro Prof. Passini, não retornar a tão desagradável assunto, já que as minhas
    tarefas em Uberaba e fora daqui me absorvem enormemente: tenho que dar conta da psicografia diária, das palestras, das casas espíritas que dirijo, dos 30 velhinhos sob a minha responsabilidade direta, da minha família, enfim, de tanta coisa que os Espíritos me arranjaram para que eu não perdesse tempo com arengas doutrinárias. Chico, certa vez, me disse: – “Baccelli, meu filho,livro espírita é como a produção que colhemos na horta e levamos à feira: o pessoal olha e escolhe o que mais lhe apetece ao paladar...” Depreendi que não temos o direito de tolher a
    liberdade de os médiuns produzirem e exporem o resultado da colheita.
    Também eu não pretendo retomar esse assunto que, embora possa não parecer-lhe, me é desagradável. Tenho, também, muitos afazeres, pois além de minhas exposições orais, colaboro na divulgação do Espiritismo em programa semanal no rádio e na televisão. Sou trabalhador ativo da seara de evangelização infantil, há mais de trinta anos. Concordo plenamente que não temos o direito de tolher a liberdade de médiuns e de qualquer pessoa que publique algo, mas temos o direito – e mais do que isso – o dever de apontar-lhes os equívocos. É o que procuro fazer.
    Desculpe-me, se me alonguei em excesso, tomando o seu precioso tempo.
    Sei que você é um homem de bem, íntegro, devotado seareiro da Causa que abraçamos e
    compreendo, sinceramente compreendo o seu zelo. Se, em algum trecho da presente missiva, o
    ofendi, saiba que não tive tal intenção.
    Tenho a certeza de que sua intenção não é ofender-me. Aliás, creio que não é
    por influência sua que há tanta rudeza e demonstrações de mau humor na obra do Dr. Inácio. Igualmente, declaro que não me moveu nunca o desejo de ofendê-lo. Se o fizesse, estaria negando o Evangelho, que nos é guia comum.
    Com votos de Feliz Natal a você e familiares, e Ano Novo repleto de bênçãos espirituais,
    sou, fraternalmente,
    Carlos A. Baccelli
    Uberaba-MG, 13 de dezembro de 2006.
    Saudações fraternais e votos de um Feliz Ano Novo.

    José Passini

    2 comentários:

    1. Grande Passine, como dizem, diante dos fatos, não há argumentos.

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    2. Vivamos o evangelho, estudemos o espiritismo, leiamos os livros de inacio ferreira. O espirita n rejeita nada, pesquisa, olha os dois lados da moeda.

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