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  • quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

    Além das tumbas não há tempo disponível para dissimulações (Jorge Hessen )



    Jorge Hessen
    jorgehessen@gmail.com


    Estava aqui pensando sobre o abjeto mercantilismo da mensagem espírita. Já fizemos muitas preces direcionadas aos confrades “vendilhões” e os equivocados oradores plagiadores. No Brasil há um portal na WEB que não se oprime ao comercializar Cd’s e Dvd”s contendo as palestras de orador ilustre. Pessoalmente (via e-mail) já arguimos a equipe do célebre orador e d’outros confrades, em particular e até os repreendemos através de testemunhas e pela imprensa, seguindo rigorosamente o que recomendou Jesus.

    Contudo, nada prosperou, pois não nos escutaram. Infelizmente, ainda hoje vemos a corretagem de vídeos de palestras espíritas pelo “You Tube”. Isso sem falar naqueles outros palestrantes “espíritas” que estão surgindo cá e acolá, plagiando o tribuno Divaldo Franco. Às vezes, copiam e proferem o roteiro das palestras do tribuno baiano , imitando o seu estilo pessoal, seja na impostação e timbre da fala, seja no gesto das mãos etc , etc ,etc... 

    Certa vez, um confrade explanou para mim a respeito das peripécias de um “famoso” orador que fora convidado para falar no Centro em que ele dirige. Confidenciou-me que o tal palestrante escalado, plagiava, grotescamente, com gestos cômicos, modos de expressão verbal e trechos decorados das conferências do Divaldo Franco, inclusive (pasme!!) "incorporando" “Bezerra” (!) após a palestra (!?).

    Segredou-me, ainda, que outro orador “espírita” convidado por ele, utilizou equipamentos de filmagem para edição e autoprodução de DVDs e CDs (para venda) como prática de incontida e peculiaríssima AUTOPROMOÇÃO, achando que está divulgando a Doutrina dos Espíritos. Ainda sobre esse último orador, outro dirigente disse-me que certo dia ao final da palestra, foi exigido, com gracejos inadmissíveis, os aplausos do público, dizendo que na terrinha onde ele (orador) nasceu era comum o púbico aplaudir as suas palestras.

    Vamos raciocinar um pouco (não historiaremos sobre o portal que mercadeja as palestras do orador afamado).

    Fixarei no orador “espírita” que plagia e imita o Divaldo. Este não tem o menor senso de ridículo, pois, apodera-se de temas e da identidade alheia, sem o menor escrúpulo, e essa é uma atitude obsessiva e/ou psicopatológica, porque lhe é auto plasmada. Ao imitar o Divaldo, esquece-se de que tal atitude não passa de uma dissimulação.

    Como se não bastassem as momices, os peculiares e grotescos fatos é comum alguns “famosos” oradores, sob o manto da falsa humildade, oferecerem-se para proferir palestras em todas as instituições espíritas. Fazem autopropaganda, entram em contato (via celular, WhatsApp, facebook, e mail etc. etc. etc.) com os que coordenam as escalas e se dispõem, "modestamente", a serem designados para “palestrar” nos Centros Espíritas.

    Aos burlescos palestrantes, candidatos ao estrelismo no movimento espírita, urge adverti-los para não se enceguecerem ante os holofotes e aplausos dos filhos da ignorância doutrinária. Palestra não é show de teatro. Não podemos incorporar as caricatas charges de missionários para divulgarmos o Espiritismo. O expositor espírita não é um profissional da fé, que precisa dramatizar, ou usar recursos de imitação do Divaldo, para angariar fiéis. Sua tarefa é informar de forma simples, nobre e coerente sobre o Espiritismo.

    A transmissão da palestra espírita é coisa sublime, pessoal, inimitável. Destarte, temos a obrigação de jamais plagiar quem quer que seja, sobretudo, os oradores que dão "Ibope", que superlotam os centros de convenções. Em face disso, creio que todo dirigente tem o dever de advertir os palestrantes imitadores, porque é um despropósito a clonagem do Divaldo.

    É importante sermos o que somos, modestos, sem exageros, lembrando que uma palestra num Centro Espírita é mais uma conversa do que um discurso laudatório ou uma conferência bombástica. Urge recorrermos a linguagem simples e de bom gosto, lembrando que estamos, ali, a serviço do Cristo para explicar e fazer o público entender a mensagem do Espiritismo, não para exibir cultura e muito menos autopromoção.

    Sobre este alerta, quem se encaixar nele, deve acolher, com deferência , humildade e sem melindres, toda advertência, procurando avaliar, cuidadosamente, o seu trabalho e, assim, melhorar, cada vez mais, a “tarefa” que lhe cabe (eu disse “serviço” e não “missão”). 

    Outra coisa, o orador não deve abusar das anedotas e ou narrar casos chistosos, a fim de provocar gargalhadas do público para angariar um fã clube. Não pode usar a tribuna como se fosse um palco de teatro para humoristas. Se o orador tem o dom de fazer humorismos que procure o teatro, a emissora de TV, o rádio, o cinema e exerça a digna arte de ator. É muito mais honesto.

    Sem querer ser "santo", mas, alguém, sinceramente, empenhado em edificar-se moralmente, o orador, a cada dia, deve lembrar, sempre, que, para o público ouvinte, ele representa o Espiritismo e o Movimento Espírita. Ademais, o orador despretensioso é uma peça importante na propaganda e na Difusão do Espiritismo. Por isso, a “tarefa” deve ser encarada com extrema responsabilidade e praticada com esmerada bagagem moral e cultural, sem prejuízo da indispensável coerência.

    Não se pode esquecer que quando alguém se propõe a ouvir um orador Espírita, o faz no pressuposto de que ele sabe o que está falando e lhe oferece, silenciosamente, um voto de credibilidade, capaz de mudar, metodicamente, ideias ou conceitos errôneos que nele estavam arraigados, podendo transformar, até mesmo, toda uma trajetória de vida!

    Pensemos nisso, o quanto antes, pois além da tumba não há tempo disponível para dissimulações.