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  • segunda-feira, 18 de setembro de 2017

    “Armar” a população é inútil; “Amar” o povo - eis o caminho da paz (Jorge Hessen)



    Jorge Hessen

    Com a proclamação da República em 1889, seguindo-se a promulgação da Constituição de 1891, o Brasil adotou um modelo presidencialista de democracia representativa por meio de sufrágio direto. O Ato Institucional Número Um e a subsequente Constituição de 1967 determinavam a instituição de eleições presidenciais indiretas, realizadas por meio de um colégio eleitoral, modelo que se seguiu até a promulgação pela Constituição de 1988, que restabeleceu o voto direto, secreto e universal, e possibilita uma participação popular maior que todos os pleitos anteriores.

    Dos 30 pleitos para presidente, 22 foram realizados de forma direta e 8 de forma indireta, tendo havido apenas uma eleição extraordinária, em 1919. No contexto, apenas 4 eleições foram vencidas pela chamada “oposição” (1960, 1985, 1989 e 2002), sendo três diretas e uma indireta. Em 2018 haverá nova eleição direta para presidente do Brasil. Razões temos de sobra para permanecermos atentos sobre nosso intuito de voto a respeito de quem indicaremos para dirigir o país. Os espíritas não poderão ficar alheios ao próximo pleito.

    Esquivando um pouquinho da introdução aqui lembrada, na verdade, hoje observamos um quadro político moralmente pervertido, em face dos inimagináveis desvios do erário público. Um famoso procurador da república afirmou que o Brasil é governado por “larápios egoístas e escroques ousados”. Raríssimos parlamentares escapam da corrupção. Por outro lado, e como se não bastasse, confessamos que é com muita inquietação que acompanhamos a crescente popularidade de certo “pré-candidato” que, não obstante, permaneça fora da curva dos corrompidos, todavia tem anunciado o armamento da população, visando a conquista de votos.

    Tal discurso é extremamente preocupante. Não duvidamos da honestidade de tal candidato, contudo, suas promessas de governo têm sido aterradoras, conquanto possa estar imbuído de boas intenções, e até mesmo arregimentar a seu favor honestos cidadãos brasileiros. Entretanto, cremos que o seu discurso “messiânico” para transformação social sob o látego do revide, da animosidade, da retaliação é cabalmente desfavorável à paz social.

    Asseguramos isso com base no resultado do plebiscito sobre o desarmamento de 2005, em que mais de 60% do povo brasileiro optou pelo comércio de armas de fogo e munição no Brasil. Portanto, a maioria da população apoiou o armamento do cidadão, quando detinha o poder de decidir pela sua interdição. À época, muitos setores da sociedade defenderam a manutenção do comércio legal das armas aos cidadãos que delas necessitem, por algum motivo, justificando que todos têm direito a possuir, nos limites da Lei, uma arma de fogo para se defenderem de qualquer atentado à incolumidade física do indivíduo, sua vida, seu patrimônio etc.

    Ante a Lei de Ação e Reação, obviamente, com essa decisão brotou um espantoso débito moral (“carma”) dos brasileiros. E isso é lamentável!

    Há vários anos André Luiz tem advertido aos espíritas segundo consta no livro Conduta Espírita, cap. 18 - “Esquivar-se do uso de armas homicidas, bem como do hábito de menosprezar o tempo com defesas pessoais, seja qual for o processo em que se exprimam. Pois o servidor fiel da Doutrina possui, na consciência tranquila, a fortaleza inatacável.”

    Cremos que a criminalidade tem as suas raízes, dentre outras, na desigualdade social, no elevado índice de desemprego, na urbanização desordenada e, destacadamente, no descrédito à classe política mísera e comprovadamente corrupta e na difusão incontrolada da arma de fogo, sobretudo clandestina, situações essas que contribuem de forma decisiva para o avanço do tráfico de drogas, dos assaltos, dos roubos, dos sequestros e, por fim, dos homicídios.

    É constrangedor saber que o país onde há milhares de centros espíritas, lidere a lista mundial em casos de mortes produzidas com a utilização de armas de fogo. E, por forte razão, senhor pré-candidato, cremos ser falsa a segurança oferecida pelas armas mormente no ambiente doméstico, considerando o potencial de alto risco do uso da arma por familiares não habilitados, que podem causar efeitos danosos irreparáveis na vida doméstica.

    De modo óbvio, não somos tão ingênuos a ponto de acreditar que a restrição (proibição) do uso de armas de fogo equacione definitiva e imediatamente o problema da violência. Sabemos que a arma de fogo pode ser substituída por outras, talvez não tão eficientes. Na ausência de estrutura da aparelhagem repressora e preventiva do Estado, as armas de fogo continuarão chegando às mãos dos indivíduos descompromissados com o bem e fazendo suas vítimas. Por isso, urge meditar que devemos aprender a desarmar, antes de tudo, nossos espíritos, e isso só se consegue pela prática do amor e da fraternidade.

    Muitos vivem sob o guante da síndrome das balas perdidas. Cremos ser o investimento de recursos em armamentos inútil, perigoso e desnecessário. As leis e a ordem impostas à sociedade como resposta à exigência coletiva são aceitáveis e compreensíveis, mas muito melhor será quando os homens amarem-se ao invés de armarem-se e fazerem ao outro o que desejariam que lhes fizessem, pelo menos respeitarem seus direitos, sobretudo o mais fundamental, como o direito à vida e nesse contexto o ensinamento espírita em seu esboço filosófico e religioso (ético-moral) é o instrumento por excelência decisivo para transformação social.

    quarta-feira, 13 de setembro de 2017

    Os sucessivos intervalos no desenvolvimento do Espiritismo


    Jorge Hessen
    jorgehessen@gmail.com

    Anotamos aqui os sucessivos intervalos da macro programação do projeto da Terceira Revelação na Terra, conforme publicado na Revista Espírita do mês de dezembro de 1863.  Alude-se sobre a primeira fase teria sido o da curiosidade , que podemos identificar no marco inicial do “moderno espiritualismo americano”, a partir de 1848, em Hydesville, no Estado de Nova Iorque, na residência dos Fox. Aí os fenômenos curiosos deram início ao surto de uma grande invasão psíquica organizada que se propagou por toda a Terra. Constituindo-se na França de então, uma verdadeira coqueluche na sociedade parisiense - as mesas girantes.

    lance seguinte foi o filosófico em razão da publicação de O Livro dos Espíritos. Como todas as ideias novas, o livro teve adversários tanto mais obstinados quanto maior era a ideia, porque nenhuma ideia grande pode estabelecer-se sem ferir interesses, daí ocorrer a terceira fase como a “ocasião da luta”. Para Kardec o Espiritismo se tornaria crença geral e marcaria nova era na história da humanidade, porque está na Natureza e chegou o tempo em que ocuparia lugar entre os conhecimentos humanos. Teria, por isso mesmo, que sustentar grandes lutas. Nesta etapa identificamos o Auto de fé em Barcelona, envolvendo a queima de livros encomendados por Maurice Lachâtre, por ordem de autoridade eclesiástica (1861). Daí para a frente, o clero inseriu os livros de Kardec no Index Prohibitorum e abriu campanha contra o Espiritismo.

    Para  Kardec a etapa das lutas determinaria uma nova fase do Espiritismo e levaria ao quarto período, ou designadamente o período religioso. Nesta fase entronizamos o lançamento de O Evangelho Segundo o Espiritismo. No Brasil, sem prejuízo dos demais aspectos da Doutrina, é inegável a inclinação religiosa da imensa maioria dos adeptos pelas consolações que o Evangelho Segundo o Espiritismo proporciona, dando à Fé uma nova dimensão, conciliando-a com a Razão. É o Cristianismo, como expressão atualizada da Mensagem Eterna do Mestre, revivida no Consolador.

    Depois viria o  quinto período ou etapa intermediária, consequência natural do período religioso, e que mais tarde receberia sua denominação característica e que deverá levar o homem a um novo passo no conhecimento de si mesmo e do chamado mundo invisível, a evidenciar para materialistas e negativistas o princípio fundamental em torno do qual gira o nosso destino: Deus e a Imortalidade da alma.

    Neste contexto, recordamos que ao tempo do Codificador os debates filosóficos e teológicos dedilhavam o mundo material e o mundo espiritual, mormente a ciência ainda não havia avançado o suficiente como nos tempos atuais. Hoje falamos de um outro mundo,  o “mundo virtual” com uma ciência voltada para o domínio do espectro do eletromagnetismo com a Tecnologia da Informação Cibernética , que possibilita ao homem a comunicação entre si com a velocidade do pensamento em qualquer ponto do planeta. Assim, poderíamos chamá-lo de o período virtual (da Tecnologia) que corroboraria com  o viés científico da Doutrina.


    sexto e derradeiro período seria o da regeneração social, que deverá abrir  a era do espírito. Para o mestre lionês, nessa época, todos os obstáculos à nova ordem de coisas determinadas por Deus para a transformação da Terra terão desaparecidos. A geração que surgirá estará imbuída de ideias novas, estará em toda sua força e preparará o caminho da que há de inaugurar o triunfo definitivo da união, da paz e da fraternidade entre os homens, confundidos numa mesma crença, pela prática da lei de amor.  

    segunda-feira, 11 de setembro de 2017

    O Evangelho é e sempre será a ferramenta definitiva da paz (Jorge Hessen)



    Jorge Hessen
    jorgehessen@gmail.com


    As ameaças cruzadas entre Coreia do Norte e Estados Unidos têm como protagonistas lançamentos de mísseis norte-coreanos. Análises recentes sugerem que em 2020 a Coreia do Norte terá um míssil nuclear "confiável" que pode atingir solo norte-americano. Os analistas dentro do exército norte-americano já operam sob o pressuposto de que a Coreia do Norte tem a capacidade [ofensiva]. Em caso de lançamentos efetivos, serão colocadas à prova as capacidades de interceptação de tais artefatos na região com o potente escudo antimísseis Terminal High Altitude Area Defense (THAAD).

    O Japão tem advertido que derrubaria qualquer míssil norte-coreano que ameaçasse o seu território. Tanto Tóquio como Washington contam com um sistema de mísseis interceptadores. Mas a interceptação acontece na fase "terminal" do voo na região Ásia-Pacífico, incluindo Coreia do Sul, Japão e Guam e é pouco provável que as baterias instaladas na Coreia do Sul e no Japão sejam eficazes.

    Nesse tétrico cenário de guerras sabe-se que Donald Trump é apaixonado por elas, incluindo as armas nucleares. Tem prometido instituir leis e ordens “fortes”, “rápidas” e “justas”. Em verdade, nosso planeta jaz na UTI. Os governantes atuais permanecem moral e espiritualmente seriamente enfermos.

    Há milênios entronizamos o debate sobre a razão humana, e permanecemos na guerra da destruição quais irracionais; exaltamos as mais elevadas demonstrações de inteligência, porém engendramos todo o conhecimento para os impiedosos massacres humanos. Em 2016 a Rússia mostrou um novo míssil nuclear que supostamente poderia devastar uma área do tamanho do estado do Texas, nos Estados Unidos.

    No início de outubro de 2016, 40 milhões de cidadãos russos participaram do maior “teste” nuclear desde o fim da Guerra Fria, usando máscaras de gás e se preparando para fugir para bunkers. As tensões entre a Rússia e os Estados Unidos têm se mantido altas desde que os Estados Unidos e a União Europeia impuseram sanções econômicas ao país devido às ações da Rússia na Ucrânia em 2014.

    O General Richard Shirreff, comandante supremo da OTAN na Europa entre 2011 e 2014, descreveu a guerra nuclear com a Rússia em 2017 como algo “inteiramente plausível”. Cristina Varriale, do Royal United Service Institute (RUSI), disse ao The Sun que Putin está “pronto” para colocar as forças nucleares russas em alerta.

    Não desejando ser pessimista, porém na qualidade de historiador, não posso deixar de refletir que há menos de 100 anos o mundo experimentou duas guerras devastadoras. Mas reflitamos sobre o seguinte: qual a base lógica que justifica uma guerra? Os Espíritos admoestam que a guerra é a predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das paixões.

    Combates militares existem há mais de 5 mil anos, desde os primitivos embates entre os Mesopotâmios, entre gregos e persas, entre Atenas e Esparta, entre Roma e Cartago. O Século XX foi o século mais sangrento de todos. Após a Segunda Guerra Mundial já ocorreram centenas conflitos bélicos, resultando em mais de 40 milhões de mortos. Se contabilizarmos os resultados dessas paixões primitivas desde 1914, estes números sobem para 401 guerras e aproximadamente duzentos milhões de mortos, numa projeção bem superficial.

    Ainda amargamos os disparates de uma soberaníssima tecnologia no campo bélico, do avanço da informática, do mapeamento dos genomas, das excursões espaciais, dos voos supersônicos, das maravilhas dos raios laser, ainda sobrevivemos com o massacre da dengue hemorrágica, com a chacina da febre amarela, com o desafio da tuberculose, com a provocação da AIDS e com todas as escandalosas invasões das drogas (cocaína, heroína, skanc, ecstasy, o crack etc.).


    Nesse funesto e real cenário planetário, a nossa esperança é a prática da mensagem do Cristo, que decididamente foi, é e sempre será o instrumento de pacificação entre os homens, sendo portanto o mais diligente convite contra a guerra e definitivamente o grande fanal para a redenção humana.