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  • sexta-feira, 26 de agosto de 2016

    A PRECE ALTERA OS DESÍGNIOS DE DEUS ? (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen
    Brasília/DF

    Recorda Kardec que a prece é recomendada por todos os Espíritos. Renunciar a ela é ignorar a bondade de Deus; é rejeitar para si mesmo a sua assistência; e para os outros, o bem que se poderia fazer. [1] O Cristo instruiu: “por isso vos digo: todas as coisas que vós pedirdes orando, crede que as haveis de ter, e que assim vos sucederão.” [2]

    A prece se reveste de características especiais, pois a par da medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos dá a conhecer o poder da ação fluídica e o Espiritismo nos revela outra força poderosa na mediunidade curativa e a influência da oração. O Codificador, ao emitir seus comentários na questão 662 de O Livro dos Espíritos, afirma que “o pensamento e a vontade representam em nós um poder de ação que alcança muito além dos limites da nossa esfera corporal. A rigor, a eletricidade é energia dinâmica; o magnetismo é energia estática; o pensamento é força eletromagnética.” [3]

    A imprensa tem noticiado que médicos e instituições hospitalares do mundo contemporâneo já incluem nas suas rotinas, de maneira sistemática e definitiva, a prática de estimular os pacientes quanto a fortalecer a esperança, o otimismo, o bom humor e a espiritualidade (religiosidade), os pensamentos como recursos imprescindíveis no combate às doenças. Esses procedimentos funcionam como remédios para a alma, obviamente, com repercussões benéficas para o corpo físico. Isso tem sido observado, sobretudo, em centros de tratamento de doenças graves, como câncer e patologias que exigem do enfermo uma força sobre-humana.

    Em 2012, o The Huffington Post informou que Andrew Newberg, diretor de pesquisa no Hospital de Thomas Jefferson e Medical College, na Pensilvânia, realizou um estudo em que scanners de cérebro de ressonância magnética confirmou as formas em que a oração e meditação afetam o cérebro humano. Sua pesquisa mostrou que quando uma pessoa é dedicada à oração, há um aumento da atividade nos lobos frontais e a área da linguagem do cérebro, conhecida para se tornar ativo durante a conversa. [4] Segundo Newberg a cura física pode ocorrer como resultado do poder da oração. 

    O estudo foi realizado participantes contendo corante radioativo inofensivo injetado enquanto eles estavam em profunda oração ou meditação. Corante emigrou para diferentes partes do cérebro em que o fluxo de sangue era o mais forte. Newberg chegou à conclusão de que, independentemente da religião, a oração cria uma experiência neurológica entre pessoas. [5] Eis aqui uma questão interessante para o tema ou seja a prece coletiva.

    Será que a oração coletiva é mais poderosa? Sim! Se todos os que a fazem se associam de coração num mesmo pensamento e têm a mesma finalidade, porque então é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. “Mas que importaria estarem reunidos em grande número, se cada qual agisse isoladamente e por sua própria conta? Cem pessoas reunidas podem orar como egoístas, enquanto duas ou três, ligadas por uma aspiração comum, orarão como verdadeiros irmãos em Deus, e sua prece terá mais força do que a daquelas cem.” [6]

    O pensamento é dínamo condutor da vida física para a vida espiritual, pois nos permite estabelecer um relacionamento positivo com os espíritos que participam das atividades curadoras. Por outro lado, o pensamento também estabelece ligação a espíritos cuja presença pode ser prejudicial à nossa cura. Toda moeda tem dois lados e as leis da natureza são estradas de mão dupla. A mente é fonte de energia curativa ou de energia destruidora.

    A prece sincera é, sem dúvida, um dos meios pelos quais a cura de um mal pode ser alcançada. Destarte, cremos que o assunto sobre a oração deveria ser tema de constante reflexão nos centros espíritas. Através dos estudos sérios são afastadas as considerações fantasiosas, puramente místicas, que impedem alcançar a sua essência e importância.

    É comum surgirem aqueles que contestam a eficácia da prece, alegando que, pelo fato de Deus conhecer as necessidades humanas, torna-se dispensável o ato de orar, pois sendo o Universo regido por leis sábias e eternas, as súplicas jamais poderão alterar os desígnios do Criador. Sim, mas é através de um processo de modificação comportamental que o doente ganha forças para neutralizar a doença. 

    O Espiritismo busca convencer o enfermo a reorientar seu comportamento mental pela fé raciocinada, sugerindo a oração que se potencializa na ética das atitudes de caridade, da qual deve resultar um modo particular de motivação para uma vida saudável e engrandecida muito acima dos dissabores e seduções do mundo material. 

    Oremos, pois e sempre!

    Referências bibliográficas:

    [1] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB 1990, cap 27

    [2] Mc, XI: 24)

    [3] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1994, questão 662

    [4] Disponível, em http://healthylivingathome.club/2016/06/30/ciencia-revela-que-a-oracao-tem-efeitos-curativos-contra-doencas/

    Acessado em 25/08/2016

    [5] Disponível, em http://healthylivingathome.club/2016/06/30/ciencia-revela-que-a-oracao-tem-efeitos-curativos-contra-doencas/

    Acessado em 25/08/2016

    [6] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB 1990, cap 27



    quarta-feira, 24 de agosto de 2016

    INCESTO E SEXUALIDADE DIANTE DOS MITOS E A REALIDADE (Jorge Hessen)



    Jorge Hessen 

    Brasília/DF 

    Conta a mitologia grega que Jocasta foi filha de Menocenes e mulher de Laio, rei de Tebas, com quem teve um filho, Édipo. Pela previsão do oráculo, Édipo quando crescesse seria um perigo para a vida de Laio. Abandonado, Édipo foi deixado pelo pai numa floresta para morrer. Sendo salvo por um pastor, acaba por cumprir o que lhe estava destinado. Já adulto, numa viagem, mata Laio, o seu pai, e desposa Jocasta, a sua mãe, sem, no entanto, saber de quem se tratam. Quando da consulta do oráculo, por ocasião de uma peste, Jocasta e Édipo descobrem que são mãe e filho. Ela suicida-se e ele fura os próprios olhos por ter estado cego e não ter reconhecido a própria mãe. Édipo e Jocasta tiveram 4 filhos, Antígona, Ismênia, Etéocles e Polinice. 

    Ao ensejo, reproduzo aqui uma real e delirante história anunciada pelo jornal inglês Daily Mail e que vem provocando controvérsia na mídia internacional por tocar no assunto muito penoso: o incesto [1]. No caso específico, uma autêntica história de “amor” proibido entre Monica Mares, uma mãe de 36 anos e Caleb Paterson, seu filho que ela ofereceu para adoção quando bebê e só tornou a ver recentemente, após 18 anos. 

    Monica Mares e Caleb Paterson, podem pegar pena de 18 meses de prisão se forem condenados por prática de incesto em julgamento no Novo México (Estados Unidos). Ambos afirmaram que brigarão pelo direito de manter o relacionamento e que “arriscarão tudo” por esse objetivo. Monica afiançou ao jornal que Caleb é o amor da sua vida e não quer perdê-lo. Proferiu que nada pode separá-los e que se for presa, cumprirá a pena e, ao sair da prisão, vai mudar-se para um estado que aceite a união. [2] 

    Monica reviu o filho, após a doação, quando ele tinha 18 anos, foi no dia de Natal de 2014, logo após trocarem mensagens pelo Facebook. Depressa, eles se apaixonaram e tiveram contatos íntimos. Os dois passaram a viver juntos e hoje um dos filhos pequenos de Monica chama Caleb de pai. Recentemente a polícia foi chamada quando uma pessoa, após uma briga de vizinhos, decidiu denunciá-los. 

    Eles foram acusados de incesto, soltos após pagamento de fiança e aguardam julgamento. Segundo os advogados do “casal”, o resultado do caso, se for favorável pode abrir um precedente legal nos Estados Unidos. O casal afirmou que, se preciso, pretende recorrer à Suprema Corte americana para ficar juntos. [3]Em alguns países, mormente os islâmicos, a pena de morte é prescrita para os casos de incesto. 

    A aberração da prática sexual, quando somente visa a satisfação egoística , imediata e desvairada, cede lugar a patologias graves como a pedofilia, o incesto, o masoquismo, o sadismo, a necrofilia, a prostituição, a pederastia e a outras anomalias psicológicas e psiquiátricas que rebaixam o ser humano. 

    A obscuridade da consciência medieval e as torturas íntimas camufladas de muitos teólogos mediévicos apontaram que a sexualidade se tratava de uma função “impura”, “suja” e “repreensível”, como se Deus houvesse escolhido um meio funesto para a reprodução da vida na Terra. Atualmente muitos seres humanos sofrem diversos tipos de aflições morais, amiúde derivadas da má condução da sexualidade e dos antigos temores que deram lugar a mitos ,ignorância e fobias. Em face disso, merece que seja examinada a nobreza da prática sexual , porquanto ela a matriz da continuidade da vida biológica. 

    Historicamente o incesto e a endogamia não se restringiram às tradicionais monarquias europeias. Exemplos são encontrados no Egito antigo, onde havia casamentos entre irmãos. No Pamir era normal o faraó casar-se com suas irmãs para manter o poder entre eles. Cleópatra casou-se com dois irmãos consanguíneos. Em Roma, ocorriam enlaces entre primos, caso de Nero e Claudia Octavia. O imperador Calígula era amante das suas 3 irmãs. Há indícios de que os incas na América do Sul também casavam irmãos e irmãs 

    Naturalmente perante as leis humanas e de civilidade é preciso manter a observância às normas e regras, que nos diferem dos seres irracionais. Ora, do ponto de vista biológico, a sexualidade é uma sublime seiva para manter a vida em padrões de estabilização e de encanto, proporcionando, quando o seu uso é ético e equilibrado, contentamento e completude nos relacionamentos. 

    Doutrinariamente discorrendo sobre o assunto recordemos que há espíritos que ainda não conseguiram superar as viciações sexuais do passado que entorpecem a consciência. Há os casos obsessivos gravíssimos. Citamos aqui o caso do personagem Cláudio narrado por André Luiz no livro Sexo e Destino. [4] Cláudio concretizou uma relação incestuosa com a própria filha Marita, recebendo influência direta dos obsessores. 

    Observemos que pela lei da pluralidade das existências muitos pais e filhos, irmãs e irmãos, primos e primas, os tios e tias, etc., etc., etc., podem ter sido “amantes” nas vidas passadas. Alguns não superaram essa experiência e, sendo assim, não conseguem ainda modificar a posição psíquica e emocional que ocupam na atual existência. Por vezes culminam por praticarem o vil incesto que representa invariavelmente um arrepiador estacionamento moral do espírito reencarnado. 

    Conta Emmanuel que no fundo da personalidade paterna ou do maternal coração, “descansam os remanescentes de grandes afeições, às vezes desequilibradas e menos felizes, trazidos de outras estâncias, nos domínios da reencarnação. A libido ou o instinto sexual na forma de energia psíquica, tendente à conservação da vida, permanece. 

    Os pequeninos, porém, recém-vindos da amnésia natural que a reencarnação lhes impõe, não conseguem esconder as próprias disposições no campo das preferências. E surgem neles, de inopino quase sempre, as inclinações descontroladas, nos caprichos com que se mostram, exigindo especial atenção de pai ou mãe a revelarem, de modo claro para que rumo se lhes dirigem os laços mais fortes. 

    Geralmente, com muitas exceções, aliás, as filhas se voltam para os pais e os filhos para as mães, patenteando a natureza das ligações havidas em existências passadas e prenunciando a obra de desvinculação [ante a lei da natureza] que se executará, inevitável, no futuro próximo. [5] 

    Deus não extermina as paixões dos homens, mas fá-las evoluir, convertendo-as pela dor em sagrados patrimônios da alma, competindo às criaturas dominar o coração, guiar os impulsos, orientar as tendências, na evolução sublime dos seus sentimentos. 

    Recorramos às reflexões do nobre Espírito Emmanuel - "diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja com quem for e como for, coloquemo-nos, em pensamento, no lugar dos acusados, analisando as nossas tendências mais íntimas e, após verificarmos se estamos em condições de censurar alguém, escutemos no âmago da consciência, o apelo inolvidável do Cristo: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". [6] 

    Notas e referências bibliográficas: 

    [1] Comunhão sexual entre pessoas consanguíneas ou afins nos graus interditos pela ética cristã 
    [2] Incesto é considerado crime em cinquenta estados americanos, mas a pena varia de lugar a lugar. 
    [3] Disponível em http://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo/m%C3%A3e-e-filho-enfrentam-a-justi%C3%A7a-com-hist%C3%B3ria-de-amor-proibido-que-provoca-pol%C3%AAmica-na-web/ar-BBvs3fR?li=AAggNbi&ocid=mailsignoutmd acessado em 20/08/2016 
    [4] Xavier, Francisco Cândido. Sexo e Destino, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB, 1999 
    [5] Xavier, Francisco Cândido. Vida e sexo, Cap. 15, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000 
    [6] Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001

    sexta-feira, 19 de agosto de 2016

    BULLYING UMA PESTE PSICOSSOCIAL Jorge Hessen

    Jorge Hessen
    Brasília-DF

    O Colégio Holy Angels Catholic Academy, em Nova York, Estados Unidos não tomou nenhuma providência contra o bullying [1] que Daniel Fitzpatrick, um aluno de 13 anos, estava sofrendo. Resultado! Daniel acabou se suicidando. Deixou uma carta de despedida e dentre outros bramidos de dor moral escreveu: "Eu desisto"! Disse ainda que os seus colegas da escola o atormentavam há muito tempo e a direção do colégio não fazia nada a respeito, mesmo após ele e os seus pais terem feito uma reclamação formal. A resposta do Holy Angels teria sido "Calma tudo vai ficar bem. É só uma fase, vai passar".[2]

    O pai de Daniel Fitzpatrick resolveu não esconder a tragédia pessoal do seu filho, inclusive a carta de suicídio e a sua foto, justamente para que casos assim não voltem a acontecer. Disse o pai que nenhuma criança deveria passar pelo que o seu filho passou. A mãe de Daniel revelou que as crianças o xingavam de diversos nomes dentro da sala de aula e também atiravam coisas contra ele. Ao longo do tempo, isso foi o deixando cada vez mais triste e frustrado. 

    Antes que alguém questione o motivo dos pais não terem transferido Daniel do colégio, fica óbvio que culpá-los pela situação é tão cruel quanto o bullying sofrido por Daniel. O que precisa mudar é a maneira e seriedade com que encaramos este assunto. Deve-se ensinar desde cedo, seja dentro de casa ou da sala de aula, que oprimir e ofender as pessoas é errado. Quando vemos alguém fazendo isso, seja uma criança ou adulto, é o nosso dever intervir. [3]

    Infelizmente, casos assim podem acontecer em qualquer lugar do mundo, porém, ainda são pouco divulgados. Outro caso recente foi o da jovem Britney Mazzoncini, de 16 anos, de Glasgow, na Escócia que decidiu tirar a própria vida após sofrer bullying de perfis falsos no Facebook. Mazzoncini, tinha depressão, que foi piorada pelos traumas que os agressores deixaram. Antes de se suicidar, ela deixou mensagens na rede social reclamando das ofensas. "As palavras podem sim machucar as pessoas, e elas precisam perceber isso antes que seja tarde demais". A avó, Agnes Mackenzie, disse ao jornal The Sun ter certeza de que o bullying na internet foi um dos principais fatores para a Britney ter se suicidado. Agnes explicou ainda que a família não tinha conhecimento de que a garota sofria bullying, contou. [4] 

    Como esquecermos a chacina de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, em que meninos e meninas ficaram irmanados num trágico destino. Suas vidas foram prematuramente ceifadas num episódio de insonhável bestialidade. Jornais, redes de TV, revistas, rádios e Internet noticiaram o crime horroroso ocorrido na Escola Municipal Tasso da Silveira. É um episódio para cujas causas não há como permanecermos estáticos na busca de entendimento.

    O assassino Wellington Menezes de Oliveira, embora com a mente arruinada e razão obliterada, fez sua opção de atirar contra jovens estudantes. Na fita gravada, Wellington alegou ter sofrido bullying, anos antes, na mesma escola; porém, poderia ter superado o trauma de antanho. Ainda que admitamos sua provável subjugação por mentes perversas do além, a responsabilidade da decisão recai integralmente sobre ele.

    O bullying, que tem sido discutido com pujantes cores por especialistas das áreas do direito, da psicologia, da medicina, da sociologia, da pedagogia e outras. A prática de bullying começou a ser pesquisada há cerca de alguns anos na Europa, quando descobriram que essa forma de violência estava por trás de muitas tentativas de homicídio e suicídio de adolescentes.

    O fenômeno é uma epidemia psicossocial e pode ter consequências graves. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo, pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Crianças e adolescentes que sofrem humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem ter queda do rendimento escolar, somatizar o sofrimento em doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. Tem sido responsável pelos altos índices de evasão e repetência escolar uma vez que o aluno não vê a escola como local de aprendizado, mas como um ambiente hostil.

    Não há dúvida que atualmente há muitos espíritos em estágios bem primários reencarnados na Terra. Por isso os pais devem ter cuidado redobrado com a disciplina dos próprios filhos, reforçando na intimidade doméstica os exemplos de moralidade. Pais, avós e professores formam os grupos encarregados da educação. Não se pode permitir que esses espíritos espiritualmente infantilizados reencarnados sejam entregues simplesmente às mãos de funcionários despreparados, ou sob a estranha tutela da televisão, das redes sociais da Internet e de violentos jogos eletrônicos.

    Urge estabelecer limites aos nossos filhos. Desde os primeiros anos, devemos ensiná-los a fugir do abismo da liberdade, controlando lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois que essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida. 

    É óbvio que há pais que enfrentam o dilema da educação dos filhos rebeldes e “incorrigíveis”, impermeáveis a todos os processos educativos. Nesses casos (filhos incorrigíveis) os pais, amando e orientando sem desânimos e descontinuidades da dedicação e do sacrifício, devem esperar a manifestação da Providência Divina para o entalhe moral dos filhos incorrigíveis, compreendendo que essa modelagem moral deve chegar através de dores e de provas acerbas, de modo a semear-lhes, com êxito, o campo da compreensão, do sentimento e do respeito ao próximo.

    Mãos à obra, oremos e banquemos a nossa parte!!

    Referências:

    [1] O termo bullying é derivado do verbo inglês bully, que significa usar a superioridade física para intimidar alguém. Também adota aspecto de adjetivo, referindo-se a “valentão” e "pit bull". As vítimas são os indivíduos considerados mais fracos e frágeis dessa relação, transformados em objeto de diversão e prazer por meio de “chacotas” maldosas e intimidadoras. É considerada uma questão de saúde pública e de segurança social.


    [3] idem

    quinta-feira, 18 de agosto de 2016

    Alfa e Ômega Origem e Termino da Vida

     

    José Sola
    Alguns confrades queridos se utilizam das questões 17, 18, 19 de o livro dos espíritos, no intento de negarem a evolução anímica, alguns a partir do reino do minério, e outros em nenhum momento da vida, e atentos apenas à letra, mas esquecidos da essência, do sentido profundo que estas ocultam, acreditam que com estas questões estão apresentando um cheque mate a essa possibilidade, vejamos:

    17- Pode o homem conhecer o princípio das coisas?
    R- Não. Deus não permite que tudo seja revelado ao homem, aqui na terra.
    18- O homem penetrará um dia o mistério das coisas que lhe estão ocultas?
    R- O véu se ergue na medida em que ele se depura; mas, para a compreensão de certas coisas, necessita de faculdades que ainda não possui.
    19- O homem não poderá, pelas investigações da ciência, penetrar alguns segredos da natureza?
    R- A ciência lhe foi dada para o seu adiantamento em todos os sentidos, mas ela não pode ultrapassar os limites fixados por Deus.
    Quanto mais é permitido ao homem penetrar nesses mistérios, maior deve ser sua admiração pelo poder e pela sabedoria do Criador. Mas, seja por orgulho, seja por fraqueza, sua própria inteligência o torna frequentemente joguete da ilusão. Ele acumula sistemas sobre sistemas, e cada dia que passa mostra quantos erros tomou por verdades e quantas verdades repeliu como erros. São outras tantas decepções para seu orgulho.

    Mas como sempre Allan Kardec está correto, pois não é, e jamais será possivel ao espirito, saber da origem da vida, tanto quanto do ápice da mesma, ou seja, do alfa e do ômega - Kardec nos apresenta outras questões em o “Livro dos Espíritos” que confirmam esta que estamos apresentando - e não me demorarei tentando contestar estas questões, pelo contrario, estarei buscando extrapola-las a luz da lógica e da razão que estas encerram.
    Lembro, contudo de que ao apresentarem estas respostas a Kardec, os espíritos não desejavam que este deixasse de pesquisar os fenômenos muitos que se manifestam na vida, apenas informa-lo de que as suas pesquisas o conduziriam a essa realidade. 
    Temos ainda algumas outras questões que reafirmam as que transcrevi, mas não vejo a necessidade de inseri-las, pois, as mesmas apenas corroboram esta verdade apresentada pelo mestre lionês, então verifiquemos a priori a possibilidade de descobrirmos a origem da Vida, e a seguir o ápice da Mesma.
    Principiemos lembrando uma verdade que é inconteste, e que é crença generalizada na doutrina espirita, Deus é eterno, é Ele a Vida absoluta a manifestar-se no universo, e conforme Kardec em o livro “A Gênese” o universo está para Deus, tanto quanto nosso corpo está para nosso espirito.
    E como já o sabemos nosso espirito está no todo de nosso corpo, onde haja um órgão espiritual, há um órgão energético (períspirito), tanto quanto um órgão físico.
    Uma lei da física nos informa de que dois ou mais corpos não ocupam um mesmo lugar no espaço, e esta lei é exata, desde que estes corpos se demorem vibrando numa mesma dimensão, entretanto o espirito, o períspirito, e o corpo de matéria, se demoram em condições vibracionais diferenciadas.
    E é natural de que nesta analogia que nos apresenta Kardec, nos pretende informar de que Deus se manifesta no infinito do universo, e assim como o espirito é a vida do corpo, Deus é a vida do ilimitado.
    E se o universo é a manifestação de Deus na vida, não temos como, de forma lógica e racional, aceitar o inicio do universo a quinze bilhões de anos, como nos informam alguns astrofísicos, e alguns espíritas desinformados que lhes fazem coro, entendemos que se Deus é eterno, se é Vida terá que haver Se manifestado em plenitude na eternidade, do contrario temos que concordar de que Ele, por quais motivos ignoramos, se omitiu em manifestar a vida, em uma eternidade que antecede a esses breves quinze bilhões de anos; sendo a Vida absoluta do universo - e isto quer dizer, plena,  completa - como e onde ocultou Ele esta Vida?
    Imaginar que Ele se demorasse no nada é inconcebível, pois o universo é infinito, e para que possamos ter uma ideia de infinito, vamos nos imaginar viajando em uma direção do universo, numa velocidade de trilhões de vezes maior que a da luz, viajemos quintilhões de anos luz, vamos dar uma paradinha, e nos aperceberemos de que estamos apenas em um ponto do universo, então vamos ampliar a velocidade da luz ao infinito, e vamos viajar na eternidade, e continuaremos apenas em um ponto do mesmo, e assim sucessivamente. Neste infinito absoluto, onde existiria o espaço para o nada?
    A lógica e a racionalidade nos levam a crer, de que o Universo é eterno tanto quanto Deus, pois não nos é possivel imaginar Deus sem universo, e menos ainda o universo sem Deus, entretanto alguns espiritas ainda atidos à letra me estarão apresentando as questões 37 e 38 do Livro dos espíritos, pois estas dizem respeito à criação do universo, vamos extrapola-las.

    37. O universo foi criado ou existe desde toda a eternidade como Deus?
    - Ele não pode ter sido feito por si mesmo; e se existisse de toda a eternidade como Deus, não poderia ser obra de Deus.
    A razão nos diz que o universo não poderia fazer-se a si mesmo, e que, não podendo ser obra do acaso, deve ser obra de Deus.
    38. Como criou Deus o universo?
    Para me servir de uma expressão corrente: por sua vontade. Nada exprime melhor essa vontade todo-poderosa do que estas belas palavras do Gênese: Deus disse: Faça-se a luz, e a luz foi feita.

    Deus não criou o universo na concepção literal em que compreendemos a criação, pois nos temos demorado a crer que Deus haja criado o universo a partir do nada, entretanto o nada é inconcebível. Sendo assim o universo em sua manifestação de vida, está contido em Deus, mas não deixa de ser obra do Criador, pois o mesmo é um eterno vir a ser, e movimentando Sua vontade absoluta, Deus criou, cria, e criará eternamente o Universo, maturando a substância através de Sua vontade, exteriorizando a vida nas infinitas modalidades de ser, e isto é criação.
    Deus é a razão absoluta de todos os atributos que se manifestam na vida do universo, inteligência, amor, sexo, insaciabilidade, e infinitos outros, que sequer podemos conceber. E manifestando sua vontade Ele criou e cria eternamente, pois o universo é um eterno vir a ser, é mutável, variável, se demora num relativo constante, nele tudo se modifica e se transforma. Então podemos dizer que Deus se demora ainda, e demorar-se a eternamente, criando o universo, e esta criação se fez, faz e fará na manifestação de sua vida através de sua vontade, pois Ele se demora absoluto no universo.
    Temos nos detido a letra, esquecendo-nos da essência fenomênica, que encerram as revelações apresentadas por Allan Kardec em suas obras básicas, e com isto, temos extrapolado de maneira equivoca as questões inseridas em O Livro dos Espíritos. E por consequência as temos destituído da lógica que estas encerram, tenho tentado equalizar algumas questões cuja extrapolação apresentada não suporta a lógica e a razão. Dentre outras, estas questões do “Livro dos Espíritos”, em que alguns espíritas entendem que Kardec pretende opor-se a possibilidade da evolução anímica, sendo que estas questões a corroboram conforme minha extrapolação, pois para ser franco, não me é preciso sequer extrapola-las, apenas compreende-las.
    E quanto à questão da Criação, se interpretarmos a resposta apresentada pelo espírito da verdade, observando literalmente á letra, teremos que acreditar em uma Criação, em que Deus se demorasse ordenando a vida, para que esta acontecesse, vejamos: Deus disse faça se a luz e a luz foi feita. Entendo que o espírito da verdade se utilizou desta expressão, como uma metáfora, pois do contrário seriamos levados a crer na criação bíblica, em que Deus criou a Terra o céu e tudo que nele existe em seis dias, havendo descansado no sétimo. Entretanto como uma metáfora ela responde perfeitamente à questão, demonstrando que o Criador manifesta a sua vontade na obra da criação.
    Então somos levados a compreender de que se Deus é a vida do universo, é natural de que toda a vida que neste se manifesta é criação de Deus, pois é ele a fonte absoluta da Mesma.
    Pelo já apresentado fica claro de que Deus não cria a vida conforme a crença monoteísta, em que Deus cria a partir de um nada, pois o nada é inconcebível, e quando informamos que Deus é absoluto, estamos afirmando que O mesmo contém a vida plena do universo.
    Se aceitarmos a possibilidade de Deus criar algo, que não exista na vida do universo estaremos a torna-Lo mutável, entretanto já temos visto em outros textos por mim elaborados, que ao universo nada se adiciona, e tampouco se subtrai que o mesmo é absoluto, é completo, acreditar que Deus se demorasse modificando a vida do cosmo, é destitui-lo de sua condição absoluta de perfeição, tornando-O perfectível, pois o mesmo seria suscetível de alterações em seu contexto absoluto de Vida.
    Entendemos de que a vida do universo está em constante mutação, pois o universo é um eterno vir a ser, entretanto esta mutação não acontece por acréscimo, ou subtração dos elementos que constituem a vida do mesmo, mas por expansão através da maturação da substância nos seus infinitos momentos evolutivos de ser.
    E é a crença monista que responde com lógica e racionalidade aos conceitos da vida no universo, pois esta nos informa de que é na maturação da substância, que a centelha divina, o corpo energético, o psiquismo, e o elemento matéria-energia, em simbiose divina, inicia no reino do minério, sua caminhada rumo a individualidade.
    É na maturação da substância que estes elementos que compõem o “Ser” se manifestam em simbiose, num único e mesmo momento, a caminho da individualidade, pois o elemento matéria - energia, não teria como revestir a centelha divina, sem o corpo energético que é o elemento plasmático que permite à aderência da matéria a centelha divina; então somos levados a deduzir de qualquer um desses elementos, dissociados um do outro, estariam impossibilitados de exercerem as suas funções, sem um destes o “Ser” não se formaria, e não aconteceria a evolução.
    E alguns confrades não aceitam a evolução anímica a partir do reino do minério, alegando que a matéria não tem espirito, e por isto mesmo não é inteligente, e concordamos plenamente que a matéria não tem espirito, e isto Allan Kardec o corrobora na questão 78 de o “Livro dos Espíritos”, mas que a matéria não tenha um principio inteligente que a anima, isto não da para concordar, mas não concordar não basta, então vamos primeiro apresentar a questão de o Livro dos Espíritos, extrapola-la, e a seguir afirmaremos a inteligência da matéria.

    78 – Os Espíritos tiveram um principio ou existem de toda a eternidade, como Deus?
    R. – Se os Espíritos não tivessem tido principio seriam iguais a Deus; mas, pelo contrario são sua criação, submetidos a sua vontade, Deus existe de toda a eternidade, isso é incontestável; mas como e quando Ele criou, não sabemos. Podes dizer que não tivemos principio, se com isso entendes que Deus, sendo eterno, deve ter criado sem cessar: mas quando e como cada um de nós foi feito, eu te repito, ninguém o sabe; isso é um mistério.

    E mais uma vez concordamos com Kardec, como não concordar, mas concordamos não por ser ele o codificador do espiritismo, mas pela lógica e racionalidade que o mesmo apresenta na codificação da doutrina espirita, e é com justeza que recebeu o titulo de o bom senso encarnado. 
    Realmente o espirito é criado por Deus, como retro informado, não a partir do nada, pois o mesmo é eterno, este coexiste no núcleo da substância desde a eternidade e isto Kardec o corrobora - Podes dizer que não tivemos principio, se com isso entendes que Deus, sendo eterno, deve ter criado sem cessar - entretanto não temos como penetrarmos os arcanos da eternidade, mergulhar no amago do Criador e verificar quando a centelha divina tem seu inicio. Eu acredito que na eternidade em Deus a vida vem se processando, mas repetimos com Kardec, ninguém o sabe; isso é um a mistério, pois não temos como definir a que momento da eternidade, o principio inteligente começa a se manifestar, enquanto no núcleo da substância.
    Mas se não nos é possivel descobrir a origem do principio inteligente do universo, pois ignoramos por completo a essência da vida a manifestar-se em Deus, antes do momento da maturação da substância no reino do minério, podemos a partir de então apreciar as manifestações inteligentes que no mesmo se manifesta, - pois estas manifestações se repetem - e então podemos apreciar a vida a manifestar-se de Deus, a partir desse momento, e os que admitem a evolução anímica, entendem que é a partir desse instante, que Deus cria o espírito. (Ver o texto Evolução Anímica)
    Porém não podemos chamar a esse principio inteligente que atua na matéria de espirito, mas de centelha divina, pois no reino mineral, tanto quanto no reino vegetal, a alma ainda se demora a dormitar, e a sonhar, embora o “Ser” já exista completo, como centelha divina, como corpo energético, como psiquismo, e como elemento matéria- energia, e infinitos atributos de Deus que ainda ignoramos, mas não conquistou ainda a sua individualidade, entretanto ao agitar-se no reino animal, acordará no reino humanoide, como obra prima do Criador.

    Embora muitos confrades entendam como espírito, apenas o “Ser” inteligente que atingiu a maturação de humanoide, eu entendo que desde o reino animal já podemos chamar a inteligência neste seu momento evolutivo de espírito, pois o mesmo já conquistou sua individualidade.
    (Não vou especificar aqui o conceito de individualidade, pois já o apresentei em o tema Evolução Anímica, e tornar-se-ia redundante).
    E para corroborar que o animal já é um espirito, lembramos de que nos anais da metapsiquica, tanto quanto em informações apresentadas por Aksakof, Denis, e outros, temos relatos de animais que se materializaram junto aos seus donos.
    Mas estão corretos os confrades que me questionaram afirmando-me que a matéria não tem espirito, pois realmente não o tem, e isto o estou demonstrando neste texto, entretanto em momento algum em meus estudos eu fiz esta afirmativa; mas será mesmo que a matéria não tem um principio animante, inteligente? Será que a matéria é realmente inerte, morta, como o supõem alguns amigos?
    Principiemos analisando os elementos que formam a matéria os átomos.
    Pois nós já apreendemos através da física de que os átomos, em seu peso atômico do hidrogênio até o uranio, são os elementos básicos que formam a matéria, embora existam alguns outros átomos sintéticos, sabemos ainda que os mesmos se buscam por lei de afinidade, que quando desmontados em partículas através de uma força aplicada, a tendência é se reagruparem.
    Acreditamos que essa lei de afinidade que se manifesta nos átomos, não é apenas inteligente, mas é ainda e também determinante e especifica, e acreditamos que além da lei de sintonia, existe outro principio fundamental na formação das células e das moléculas, pois a formação desses corpúsculos, não acontece apenas de átomos semelhantes, por exemplo, a água, se não aceitarmos, nos átomos um principio inteligente, e determinante mesmo, temos que dar as mãos aos ateístas quando nos apresentam os fenômenos que se manifestam-na vida, tanto quanto a própria vida do universo como uma casualidade, pois estaremos aceitando um efeito sem causa.
    E mais esses átomos formam as moléculas e as células, e estas por afinidade formam a matéria sólida, os líquidos e os gases, será que não existe um principio inteligente e determinante mesmo, na afinidade entre os átomos, na definição das moléculas e das células? 
    E como retro informado na formação das células e das moléculas, átomos de peso atômicos diferenciados se agrupam na formação das mesmas; será mesmo que não existe nenhum principio inteligente ordenando a formação desses corpúsculos?
    Não existirá nenhum psiquismo revestido de um corpo energético que possibilite ao elemento matéria - energia se agrupe propiciando a configuração celular, ou molecular?
    Será mesmo, que as células e moléculas, aconteçam através da atração dos átomos como partículas inertes de Matéria? E não devemos nos esquecer de que inerte para os ateístas significa morta, isto é, sem vida.
    Como apreendemos com Kardec, todo efeito tem uma causa, então todo efeito inteligente haverá de ter uma causa inteligente, e por dedução lógica, somos levados a concluir de que em sua constituição o átomo, é formado de um principio psíquico, um corpo energético, e o elemento matéria, e é esse psiquismo do átomo que encerra as propriedades infinitas do mesmo.
    A física já nos informou de que o átomo é divisível ao infinito, e corroborou em partes esta realidade, pois nos informam que o peso específico do próton é 1,66x10-24 gramas e 5x10-15 centímetro de diâmetro, e dimensionaram ainda o nêutron, o elétron, o neutrino, como retro informado, mas infelizmente por se demorarem ainda ateístas, não definem aplicação dessa matéria em outra dimensão, longe estão de raciocinar na existência de colônias espirituais, ou mundos constituídos de matéria mais rarefeita.
    E antecipando-se a ciência Kardec já no ano de 1857, nos informou a existência de matéria em outra dimensão, em o “Livro dos Espíritos”, questão 22, vejamos.
    Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria, para vós, porém, não o seria.
    Então vamos apreciar a matéria em outra dimensão, em sua aplicação em colônias, tanto quanto em mundos mais evoluídos, não nos esquecendo, de que em mundos mais elevados, tanto quanto em colônias espirituais, não existem apenas as plantas que embelezam e dão vida a esses mundos, temos também a água, e para um maior esclarecimento, estaremos uma vez mais, a nos amparar nas informações de André Luiz vejamos.
    Em o livro “Nosso Lar”, no capitulo O Bosque das Águas, Lísias esclarece André Luiz quanto à importância da água na colônia, informando-o ainda de que a mesma era uma das raras tarefas materiais realizadas pelo Ministério da União Divina. Não vou transcrever este capitulo, pois é longo, entretanto recomendo aos que lerem este texto, e desejarem maiores esclarecimentos que o leiam, pois é infinitamente esclarecedor.
    E pelo que pudemos apreciar nas palavras de Lísias a água é tida como matéria na colônia de Nosso Lar, pois o mesmo é muito explicito quando afirma a André, que a manutenção da água é uma das raras tarefas materiais realizadas pelo Ministério da União Divina, confirmando as palavras que os espíritos apresentaram a Kardec na questão 22 de o “Livro dos Espíritos”.
    Apreendemos em química de que a composição molecular da água é composta por H2O, ou seja, por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio.
    Estes são átomos inteiros conforme retro informado, pertencem à escala de peso atômico do hidrogênio ao uranio, átomos estes, que formam toda a matéria solida, liquida, e gasosa que constitui nosso planeta.
    Lembramos ainda de que a água da colônia Nosso Lar, não tem a mesma constituição da água da Terra, pois é composta de partículas atômicas que por hora não podemos mensura-las, alias a física nem aceita ainda esta possibilidade.
    E esta concepção é corroborada pelo que nos informa André Luiz em o livro “Obreiros da Vida Eterna” no capitulo O Sublime Visitante. A água existente nessa colônia é elaborada por mentes de Avatares divinos; a água tanto quanto tudo o mais que compõe a mesma, existe em matéria em outra dimensão.
    Embora a água em “Nosso Lar” mantenha as mesmas propriedades, e conserve a mesma característica, logicamente mais sutil, mais diáfana,  entretanto como vimos, não é formada por átomos inteiros, mas por partículas infinitesimais desses átomos, corroborando de que os átomos tem um psiquismo, e que este psiquismo encerra um principio inteligente, pois a configuração material dos átomos de H2O não são as mesmas que formam a água na Terra, pelo menos no que concerne ao dimensionamento, entretanto as propriedades se preservam; não seriam essas, partículas dos átomos inteiros de Hidrogênio e de oxigênio, que em sua evolução, viveram a miniaturização do elemento matéria?
    Mas Kardec deixou explícita a evolução anímica, e não a partir do reino animal, mas desde o reino do minério, nos itens 17 e 540 do livro dos espíritos, vejamos:
    “Kardec (Livro dos Espíritos, Introdução, item 17): Se observarmos a série dos seres, percebemos que eles formam uma cadeia sem solução de continuidade, desde a matéria bruta até o homem mais inteligente”.
    E na questão 540 desse mesmo livro a evolução anímica a partir do reino do minério é reafirmada novamente, vejamos:

    “(...) é assim que tudo serve que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. Admirável lei de harmonia que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto! ”.

    Parece-me que quando Allan Kardec afirma que os seres formam uma cadeia sem solução de continuidade, desde a matéria bruta, ele define a questão; pois que outra explicação pode-se apresentar a esta questão? E ainda esta; é assim que tudo serve que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou por ser átomo.
    E encontramos ainda em A Gênese, no “Capítulo X - “Gênese orgânica”, no tópico “O homem corpóreo”, mais um apontamento em que Kardec corrobora outra vez mais a possibilidade da evolução anímica, a partir do reino do minério, vejamos:

    28. — Por pouco que se observe a escala dos seres vivos, do ponto de vista do organismo, é-se forçado a reconhecer que, desde o líquen até a árvore e desde o zoófito até o homem, há uma cadeia que se eleva gradativamente, sem solução de continuidade e cujos anéis todos têm um ponto de contacto com o anel precedente. Acompanhando-se passo a passo a série dos seres, dir-se-ia que cada espécie é um aperfeiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente inferior. Visto que são idênticas às dos outros corpos as condições do corpo do homem, química e constitucionalmente; visto que ele nasce, vive e morre da mesma maneira, também nas mesmas condições que os outros se há de ele ter formado. (Kardec 2007e, pagina 233).

    Nestas três questões retro apresentadas encontramos de maneira explicita a informação de que existe uma cadeia que se eleva gradativamente sem solução de continuidade, e como todos sabemos o que seja uma cadeia, entretanto este vocábulo aqui aplicado deixa claro tratar-se de sucessão de fenômenos, de acontecimentos ou de elementos relacionados entre si; uma cadeia de eventos.
    Então somos levados a raciocinar, se não existir no minério, e nas plantas um psiquismo inteligente, e determinado mesmo, o que é que possibilita aconteça esse elo sequencial do inferior para o superior?
    Afirmar que a matéria inerte (morta), sem uma força que a impulsione a seguir um curso sempre evolutivo, é acreditar na manifestação de um efeito sem causa, e esta possibilidade Kardec a rejeita.
    Assim sendo temos que convir exista uma causa inteligente e determinada mesmo a impulsionar a matéria nessa cadeia ascensional que percorre, e para não me demorar em preâmbulos, lembro de que os órgãos genitais das plantas apresentam uma similitude com os dos animais, tanto quanto dos homens, com a diferença de que no homem está se apresenta numa desenvoltura maior.
    Alguns amigos espiritas negam a evolução anímica a partir do reino do minério, e pretendem encontrar em Kardec alguma informação que corrobore essa sua maneira de pensar, e às vezes nos apresentam estas que estou apresentando, tentando extrapola-las conforme seu entendimento; mas eu pergunto se Kardec tentasse negar a evolução anímica desde o reino do minério, quais seriam os motivos que o levariam a confirma-lo? Pois não existe uma extrapolação que se utilize da lógica e da racionalidade que possa negar a concordância de Allan Kardec com a evolução anímica, desde o reino do minério.
    No meu entender Kardec não teria por que provar a existência dessa cadeia ininterrupta, - pois ele a confirma, - no intento de negar que existe este elo, com certeza teria apresentado informações que negassem esta possibilidade, e em momento algum ele o fez, e que bom que ele corroborou esta premissa, pois se tentasse negar essa cadeia de continuidade ininterrupta, lhe haveria faltado o senso lógico e racional.
    Mas como a proposta deste texto é confirmar que Kardec está correto de que não é possivel ao espirito, descobrir a origem da Vida, - se a mesma tivesse uma origem - pois para que realizássemos está façanha, teríamos que perscrutar nos arcanos da eternidade que nos antecede, mergulhando no núcleo da substância, plasma divino do Criador, para verificarmos esse inicio, entretanto como verificamos, não podemos apreciar nossa origem, isto é impossível.
    Só nos é possivel apreciar a manifestação da vida a partir do reino do minério na maturação da substância, e isto porque os fenômenos que demarcam nossa caminhada em busca da individualidade se reproduzem infinitamente aos nossos olhos, nos permitindo aprecia-los e analisa-los.  
    Então fiquemos com as palavras do Espirito da Verdade apresentadas a Kardec, na questão 78 “Podes dizer que não tivemos principio, se com isso entendes que Deus, sendo eterno, deve ter criado sem cessar”.
    E na questão 21 de o Livro dos Espíritos, temos confirmada essa realidade, quando Kardec questiona o Espirito da Verdade e este lhe responde, vejamos:

    21 - A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por ele num certo momento?
    R – Só Deus o sabe. Há, entretanto, uma coisa que vossa razão vos deve indicar: é que Deus, modelo de amor e caridade, jamais esteve inativo. Qualquer que seja à distância a que possais imaginar o inicio da sua ação, podereis compreendê-lo um segundo na ociosidade?

    Como centelhas divinas de Deus que somos, somos levados a deduzir de que sendo eterno o Criador, como já o informamos acima neste texto, ao universo nada se adiciona e nada se subtrai, pois, a vida do universo é absoluta, é plena, completa, se Deus adicionasse, ou subtrai-se algo a vida o Mesmo, perderia seu atributo de imutabilidade, pois Ele é a Vida do universo.
    E quanto ao termino da vida este não existe, pois apreendemos no espiritismo de que a evolução vai ao infinito na eternidade, de que não existe um ápice em nossa caminhada, de que vamos evoluir na eternidade.
    E assim sendo somos levados a compreender de que jamais seremos perfeitos, seremos eternamente perfectíveis, pois um “Ser” que necessite evoluir não pode ser perfeito, perfeito é apenas Deus, pois se demora no absoluto, isto é, Ele abarca toda a vida do universo, pois é Ele essa vida.
    E atentos a este raciocínio, somos levados a concluir com Einstein, que na vida do universo, alfa e ômega, não passam de uma única e mesma coisa, pois se demoram absorvidos pela eternidade, isto é, nunca existiu a origem da Vida, e tampouco haverá um fim da mesma, a menos que pretendamos matar Deus.

    José Sola – jul/2016
    (revisado ago/2016)

    Referências bibliográficas:
    KARDEC, A. Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1995.
    KARDEC, A. A Gênese. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 19965.
    CHAVIER, F.C. Espírito André Luiz. Nosso Lar. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996.
    CHAVIER, F.C. Espírito André Luiz. Obreiros da Vida Eterna. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996.
    SOLA, J.A. Texto: Evolução Anímica. São Paulo, SP: 2.010.

    segunda-feira, 15 de agosto de 2016

    O MEDALHISTA DE “OURO” DA INVEJA (Jorge Hessen)


    Vanderlei Cordeiro de Lima rumo à pira olímpica 

    Jorge Hessen
    Brasília-DF

    Em face do histórico colapso econômico e político brasileiro, creio que esta não tenha sido a melhor ocasião para a realização dos Jogos Olímpicos no Brasil. Reconheço que a festa da abertura foi espetaculosa, talvez uma das mais “coloridas”. Mas quero meditar um pouco sobre o fantasma da inveja de um olímpico (parece que não tem nada a ver) porém, vejamos abaixo. 

    Há 12 anos a saga do maratonista brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, que liderava , à época, a maratona da Olimpíada da Atenas em 2004, quando a 6 quilômetros da chegada, Cornelius Horan, um ex-padre irlandês, ultrapassou as faixas de segurança e agarrou-o conduzindo o atleta para a lateral da pista. Atordoado, Vanderlei conseguiu se recuperar e terminar a corrida, mas por causa dessa interrupção, em vez do plausível “ouro” naquele dia no pódio recebeu a medalha de bronze. Logicamente o imprevisto episódio ganhou destaque em todos os meios de comunicação da Terra.

    Doze anos transcorridos e Vanderlei mais uma vez protagonizou um momento apoteótico quando foi o encarregado de acender a pira da primeira olimpíada realizada no Rio de Janeiro. Foi um sentimento de júbilo que o país reconheceu, demonstrando que a escolha desse protagonismo de Vanderlei não foi injusta. No entanto, avesso a esse momento apoteótico, Stefano Baldini, o vencedor da maratona da Olimpíada da Atenas em 2004, afirmou que aquela homenagem não devolveria a Cordeiro de Lima a suposta glória (medalha de ouro) roubada. Para Stefano o brasileiro não iria ganhar a maratona de 2004, porque ele (Stefano) e Mebrahtom Keflezighi iriam alcançá-lo e Lima teria ficado com o “bronze” da mesma forma. 

    Não é de hoje que Baldini tem afirmado que Vanderlei deve se contentar com o bronze. Sob o abalo da inveja Baldini tem dito que Cordeiro de Lima deveria agradecer à fatalidade de ter encontrado no seu caminho Cornelius Horan [o ex-padre lunático irlandês] , porque caso contrário, afirma Baldini – “ninguém se lembraria dele (Cordeiro de Lima)”. Entretanto, há exatos dois anos o maratonista brasileiro respondeu elegantemente a Stefano como notaremos adiante. 

    No dia 08 de agosto, em matéria sobre o episódio supramencionado, o jornal El País tratou a reação do ex-atleta italiano [Stefano Baldini] como… inveja. Pura e simplesmente inveja. “A história poderia ser contada não como uma parábola do espírito olímpico, (…) mas como uma alegoria da inveja”, escreveu o jornal espanhol. No dia 28 de agosto de 2014, Vanderlei Cordeiro de Lima comentou sobre quem teria ganho a prova de Atenas se o incidente não tivesse acontecido: Disse o brasileiro que “o impacto físico e psicológico do que ocorreu foi muito grande. Em situação normal, eu poderia não ganhar o ouro, mas a disputa iria para a final da prova, com certeza. Eu jamais vou dizer que seria o campeão. Não vou usar de um palavreado que o próprio Baldini adotou e foi infeliz. Jamais vou subestimar os demais adversários, ainda mais se tratando de uma situação que não aconteceu”. 

    Constata-se no testemunho do medalhista de ouro (Stefano), um depoimento desairoso, uma combinação de lamúrias invejosas e carência de ética esportiva, totalmente oposta aos valores olímpicos. Em verdade, doze anos após o incidente de Atenas, Vanderlei Cordeiro de Lima, humildemente se mantém à frente dos que querem impedi-lo de chegar em primeiro. [1] 

    Nos dias que seguirão normalmente após as Olimpíadas do Rio, poderemos ansiar pelas excelsas competições da humildade, da fraternidade entre os povos, da indulgência, da beneficência, socorrendo-nos mutuamente, a fim de que a inveja, o despeito, a maldade, o ciúme, a miséria moral de qualquer casta fuja humilhada, cedendo lugar ao ingente desempenho do afeto, do respeito, do amor segundo o Messias de Nazaré o viveu e nos instruiu. 

    A lição nos induz a refletir que poderemos estabelecer em nós mesmos o treinamento preparatório para o vínculo respeitoso, fraterno, solidário, dando início às futuras Olimpíadas do Evangelho cujo escopo do amor ao próximo será consagrada nas arenas do Orbe inteiro. 

    Referência:


    quinta-feira, 11 de agosto de 2016

    ENTREVISTA COM JORGE HESSEN


    Blogando com os Espíritos, de Agnaldo Cardoso http://blogandocomosespiritos.blogspot.com.br/p/entrevistas.html


    Jorge Hessen

    Biografia

    Jorge Hessen, nascido no Rio de Janeiro a 18/08/1951, aposentado do INMETRO, residente em Brasília desde 1972. Formado em Estudos Sociais com ênfase em Geografia, Bacharel e Licenciado em História pela Universidade de Brasília- Unb.
    Fundador do Posto de Assistência Espírita (DF), jornalista, historiador e escritor. Autor dos livros “Luz na Mente”, “Praeiro, um Peregrino nas Terras do Pantanal”, “Anuário Histórico Espírita 2002”( uma coletânea de diversos autores e trabalhos históricos de todo o Brasil, coordenado pelo Centro de Documentação Histórica da União das Sociedades Espíritas de São Paulo – USE ). Autor de 17 livros eletrônicos (E books), todos traduzidos para o espanhol, dois traduzidos para o francês e um traduzido para o inglês  (todos publicados pelo portal Autores Espíritas Clássicos), conforme o link:
    Articulista com textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, O Médium de Juiz de Fora, Brasília Espírita, Mato Grosso Espírita, Jornal União da Federação Espírita do DF. Artigos publicados na Revista eletrônica O Consolador, no Jornal O Rebate, Jornal A cidade, Portal Para ler e pensar, site da Federação Espírita Espanhola, site Garanhuns espírita e outros…


    A Entrevista

    Agnaldo: Como e por que você ingressou na Doutrina Espírita?

    Jorge Hessen: Embarquei no universo espírita impulsionado por incontida investigação da Verdade. Recordo que quando muito jovem nas décadas de 1960 e começo de 1970 frequentava as hostes católicas, os terreiros de umbanda e as igrejas evangélicas, até que em meados de 1970,  quando conheci Eleusa, minha esposa,  e através dela fui convidado a estudar os livros de Allan Kardec, desde então transcursaram  4 décadas de incondicional fidelidade ao Codificador e isso me ajusta ao ritmo de vasto conforto espiritual.

    Agnaldo: O que lhe mais lhe impressionou/apaixonou na Doutrina Espírita?

    Jorge Hessen: Desde a primeira hora, fiquei maravilhado em face da cautela, o bom senso, a habilidade de síntese e o acervo cultural de Allan Kardec. Procurei conhecer a biografia do professor Rivail. Percebi que estava diante de um gênio. O filho de Lyon  se submeteu, sempre de forma racional e corajosa, sem esmorecimento o processo de  coletânea e sistematização das verdades reveladas pelos Espíritos. Seu labor se consubstanciou na Terceira Revelação e obviamente isso foi fundamental para inspirar a minha paixão pelo Espiritismo.

    Agnaldo: Qual a principal mensagem espírita?

    Jorge Hessen: O Espiritismo é o Consolador Prometido que desvenda conceitos surpreendentes sobre Deus, o Universo, os homens, a natureza e comunicação dos “mortos” com os “vivos”, a pluralidade dos mundos habitados, a reencarnação e as leis naturais que regem a vida. A Terceira Revelação acena-nos ainda com o soberano apelo para compreendermos e refletir sobre o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da nossa existência e qual a razão da dor e do sofrimento.

    Agnaldo: Durante seu tempo como espírita, certamente você teve alegrias e momentos menos felizes. Você poderia nos contar alguns desses momentos que lhe marcaram como espírita?

    Jorge Hessen: Para ser franco, asseguro-lhe que após a minha aceitação e conversão aos preceitos do Espiritismo, pacifiquei o coração e expandi a consciência cristã. Deste modo, invariavelmente os meus momentos expiatórios e ou provacionais têm sido consagrados às profundas reflexões para o autoconhecimento.
    Nesse penoso trajeto, na realidade, muitas vezes topo com as naturais lágrimas resultante da ignorância e brutalidade do homem moderno; doutras ocasiões descubro em mim mesmo o entusiasmo da alegria em razão dos repletos exemplos de amor, humildade e abnegação que identificamos  aqui e além no coração do próximo.

    Agnaldo: Para você, o que é Espiritismo?

    Jorge Hessen:  Creio que a fé sólida é aquela que pode encarar a razão, face a face em qualquer época da história, consoante disse Kardec, desta forma o Espiritismo se apoia nos três pilares doutrinários, a saber:  ciência, filosofia e religião. Ciência porque se consubstancia num conjunto reunido de informações concernentes a certas classes de eventos ou fenômenos transcendes avaliados experimentalmente, relacionados e descritos por Kardec e outros pesquisadores de renome, representado principalmente pelas obras básicas.
    É Filosofia sem tanger necessariamente o contexto filosófico tradicional (materialista), embora de cunho evolucionista e metafísico, pontua a necessidade de o homem ir em busca de seu autoburilamento, estimulando-o à averiguação de respostas às questões magnas da Humanidade: sua natureza, sua origem e destinação, seu papel perante a Vida e o Universo tendo como bandeira o axioma: “nascer, viver, morrer e renascer de novo, progredindo sempre, tal é a lei. ”
    É, por fim e sobretudo  Religião, porque propõe unir os povos em um ideal de fraternidade, preconizado pelo Evangelho de Jesus, permitido, dessa forma, que o homem se encontre com o próprio Criador, tendo como bandeira o lema:  “fora da caridade não há salvação.”

    Agnaldo: O Espiritismo é uma Religião?

    Jorge Hessen: Sem dúvida,  o Espiritismo é a RELIGÃO, embora saiba que não há  consenso entre os espíritas sobre esse tema. O Codificador  afirma que o Espiritismo é, ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que emanam essas mesmas relações.
    Kardec ainda assegura que do ponto de vista religioso o Espiritismo tem por base as verdades fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma, a imortalidade, as penas e as recompensas futuras, sendo, porém, independente de qualquer culto em particular.
    Kardec ainda esclarece que Espiritismo é religião no Discurso de Abertura da Sessão Anual Comemorativa do dia dos Mortos (Sociedade de Paris, 1º de novembro de 1868), em que pronuncia:
    Se é assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.
    É a RELIGIÃO, conforme comento na questão anterior, porque propõe unir os povos em um ideal de fraternidade, preconizado pelo Evangelho de Jesus, permitido, dessa forma, que o homem se encontre com o próprio Criador, tendo como bandeira o lema:  “fora da caridade não há salvação.”

    Agnaldo: Allan Kardec recomendava a atualização periódica dos ensinamentos espíritas, em face do avanço da ciência. Como pôr em prática tal recomendação?

    Jorge Hessen: Fundamentalmente é importante ressaltarmos que o Espiritismo não tem incondicional necessidade da ciência terrena, pois como nos adverte Emmanuel na primeira questão da obra O Consolador: “Essa necessidade de modo algum pode ser absoluta. O concurso científico é sempre útil, quando oriundo da consciência esclarecida e da sinceridade do coração. Importa considerar, todavia, que a ciência do mundo se não deseja continuar no papel de comparsa da tirania e da destruição, tem absoluta necessidade do Espiritismo, cuja finalidade divina é a iluminação dos sentimentos, na sagrada melhoria das características morais do homem.”  Eis aí o meu pensamento.

    Agnaldo: O fanatismo religioso atinge seriamente quase todas as religiões e, infelizmente, parece que não é diferente no meio espírita. Qual é a sua mensagem àqueles que incorrem nesse erro?

    Jorge Hessen: O espírita sincero precisa compenetrar-se da oportunidade, no tempo e no ambiente, com relação aos assuntos doutrinários no seu tríplice aspecto, porquanto, qualquer inconsideração nesse particular, pode conduzir a fanatismo abominável, sem nenhum caráter construtivo.
    Herculano Pires já advertia sobre o igrejismo que assolava as hostes espíritas. No meu ponto de vista, o drama tem seu nascedouro na Federação Espírita Brasileira, que ainda cultiva a postura vaticanista, mantendo no Estatuto o Parágrafo único , item III , Art. 1º  que “além das obras básicas a que se refere o inciso I, o estudo e a difusão compreenderão, também, a obra de J.-B. Roustaing e outras subsidiárias e complementares da Doutrina Espírita.
    Desta forma,  a consagração das obras de Roustaing na FEB tem pervertido a racionalidade espírita no Brasil. E comprovadamente desconheço espíritas  mais fanáticos do que os roustanguistas. Pelo exposto, entendo que no Brasil seja imprescindível a criação URGENTE de uma Confederação Espírita, a fim de unir concreta e racionalmente os corações dos espíritas em torno do eminente Kardec, considerando sempre o Espiritismo em seu tríplice aspecto. Para esse desígnio compete aos atuais jovens espíritas e as lideranças contemporâneas se movimentarem a fim de concretizarem tal projeto.

    Agnaldo: Você acha que a expansão do Espiritismo pelo mundo, deveria ser mais rápida? Você acha que os espíritas deveriam ser menos acomodados? Se assim for, como agilizar esta expansão?

    Jorge Hessen: Não deve ser apressada a expansão e a propaganda espírita. Não há necessidade imediata. A organização do Espiritismo está nas mãos de Jesus, antes de qualquer esforço incerto e volúvel de nossa parte. É imprescindível estudarmos e aplicarmos os ensinamentos do Mestre à luz do Espiritismo, pois nossa tarefa maior deve ser da própria iluminação através de uma fé racional , inabalável e serena.
    Enfatizo que os espíritas devem pensar em alto grau sobre a auto iluminação, antes de qualquer manifesto de querer converter os outros. Jesus  não teve a preocupação de converter ao Evangelho os que o seguiam. O Espiritismo não deve nutrir a pretensão de disputar um lugar na propaganda de massa, até porque  a sua missão há de cumprir-se junto das almas simples, nos legítimos fundamentos do Evangelho.
    Ademais, devemos oferecer aos serviços da propaganda doutrinária a cota de tempo de que possamos dispor, entre os trabalhos diário do ganha pão e o cumprimento dos deveres familiares. Para Emmanuel,  a execução dessas obrigações é sagrada e urge não cair no declive das situações parasitárias, ou do fanatismo religioso.
    No trabalho da propaganda da verdade, Jesus caminha antes de qualquer esforço humano e ninguém deve guardar a pretensão de converter alguém, quando nas tarefas do mundo há sempre oportunidade para o preciso conhecimento de si mesmo.

    Agnaldo: Por último, o que gostaria de dizer a todos aqueles que procuram pela primeira vez a Doutrina Espírita?

    Jorge Hessen: Estudem Kardec para melhor compreenderem Jesus