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  • segunda-feira, 4 de abril de 2016

    O ORADOR SOB A RIBALTA DOS PALCOS ESPÍRITAS (Jorge Hessen)



    Jorge Hessen

    Aflige-nos saber que palestrantes espíritas oferecem insistentemente os seus nomes aos escaladores dos centros espíritas visando realizar palestras nas instituições doutrinárias existentes neste País. Alguns carregam a agenda na mão e praticamente compelem a designação do retorno. Inclusive a que realize palestras nas comunidades espíritas de outros países. Tais confrades “oferecidos” esquecem que, em nome de Jesus, toda palestra deve ser uma ferramenta sublime de disseminação do amor e da humildade e jamais de autopromoção. 

    O palestrante precisa fugir dos holofotes e de qualquer propósito de destaque pessoal, necessita “silenciar exibições de conhecimentos, usar simplicidade, evitar alarde, sensacionalismo. ” [1]Todas as temáticas doutrinárias poderão malograr, caso o palestrante não se esforce humildemente para praticar o que prega.

    O orador precisa falar sem dramaticidade, sem afetação, sem arrogância, sem empáfia, sem ostentação, pois, do contrário, o público mudará a atitude receptiva inicial e tornar-se-á refratário e até hostil ao final da palestra. Por essa razão, é crucial falar sem imitação de gestos, voz, fraseado ou o estilo normalmente “divaldista”, mostrando-se simples e atencioso, vibrando simpatia e benevolência.

    Aos palestrantes, candidatos ao estrelismo, importa que não “decorem simplesmente” quaisquer textos de livros espíritas para recitá-los, quais palradores, pois a expressão maquinal não agrada a quem ouve e, sobretudo, a Deus. Os espíritos nos recomendam nas palestras o “governo das próprias emoções, sem azedume, sem nervosismo e sem momices”[2].

    Há palestrantes que são abusivamente "satíricos" (visando fazer gargalhar os ouvintes na platéia), outros não conseguem despir-se das ostentações, santificações, endeusamentos e euforia proselitista. Alguns “deuses da tribuna” forçam palavras “mansas, melosas, piegas” que chegam a ficar pálidos em face do hercúleo esforço para demonstrar mansidão, outros carregam um eterno sorriso com dentes trincados (pressionando com força os de baixo com os de cima) na tentativa de demonstrar simpatia forçada. Centro espirita não é circo, por isso tais atitudes precisam ser evitadas urgente.

    Infelizmente, no insofreável desejo de chamar a atenção alheia, muitos oradores querem ser aplaudidos e venerados perante os outros. Há oradores que fazem palestras nos centros espíritas, congressos, seminários e outros “encontrões”, que veneram espalhar autógrafos, Cd’s das suas palestas, locupletando-se de ovações que às vezes têm conferido auréola de quase oráculos sagrados. Infelizmente tais arremedos de “deuses” da tribuna vão se iludindo, criando a efígie de intocáveis, "emissários da tranquilidade", "embaixadores do bem". Não será impossível alguns centros “espíritas” edificarem altares em suas homenagens em futuro próximo.

    Muitos palestrantes ficam submissos às imposições sociais quando buscam adesão (bajulações) dos outros, “quando permanecem na posição de permanentes escravos e pedintes do aplauso hipócrita e do verniz, da lisonja, condicionando-os a viver sem usufruir de liberdade de consciência, submetendo-os a ser manipulados pelos juízos e opiniões alheias.” [3]

    O orador deve reagir com todas as suas forças contra os “confetes” e lisonjas, para que a vaidade não lhe venha toldar o raciocínio e o próprio campo de ação, e mais ainda, nunca deve julgar-se indispensável ou excepcional, criando exigências ou solicitando considerações especiais por que se considera um escolhido dos deuses para divulgar o Espiritismo.

    Referências bibliográficas:

    [1] Vieira, Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1991, Na Propaganda
    [2] ______, Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1991, Na Tribuna
    [3] Xavier, Francisco Cândido. Saudação do Natal – Mensagem “Trilogia da vida”, ditado pelo espírito Cornélio Pires , SP: Editora CEU, 1996

    O ORADOR SOB A RIBALTA DOS PALCOS ESPÍRITAS (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen

    Aflige-nos saber que palestrantes espíritas oferecem insistentemente os seus nomes aos escaladores dos centros espiritas visando realizar palestras nas instituições doutrinárias existentes neste País. Tais confrades “oferecidos” esquecem que, em nome de Jesus, toda palestra deve ser uma ferramenta sublime de disseminação do amor e da humildade e jamais de autopromoção. 

    O palestrante precisa fugir dos holofotes e de qualquer propósito de destaque pessoal, necessita “silenciar exibições de conhecimentos, usar simplicidade, evitar alarde, sensacionalismo. ” [1]Todas as temáticas doutrinárias poderão malograr, caso o palestrante não se esforce humildemente para praticar o que prega.

    O orador precisa falar sem dramaticidade, sem afetação, sem arrogância, sem empáfia, sem ostentação, pois, do contrário, o público mudará a atitude receptiva inicial e tornar-se-á refratário e até hostil ao final da palestra. Por essa razão, é crucial falar sem imitação de gestos, voz, fraseado ou o estilo normalmente “divaldista”, mostrando-se simples e atencioso, vibrando simpatia e benevolência.

    Aos palestrantes, candidatos ao estrelismo, importa que não “decorem simplesmente” quaisquer textos de livros espíritas para recitá-los, quais palradores, pois a expressão maquinal não agrada a quem ouve e, sobretudo, a Deus. Os espíritos nos recomendam nas palestras o “governo das próprias emoções, sem azedume, sem nervosismo e sem momices”[2].

    Há palestrantes que são abusivamente "satíricos" (visando fazer gargalhar os ouvintes na platéia), outros não conseguem despir-se das ostentações, santificações, endeusamentos e euforia proselitista. Alguns “deuses da tribuna” forçam palavras “mansas, melosas, piegas” que chegam a ficar pálidos em face do hercúleo esforço para demonstrar mansidão, outros carregam um eterno sorriso com dentes trincados (pressionando com força os de baixo com os de cima) na tentativa de demonstrar simpatia forçada. Centro espirita não é circo, por isso tais atitudes precisam ser evitadas urgente.

    Infelizmente, no insofreável desejo de chamar a atenção alheia, muitos oradores querem ser aplaudidos e venerados perante os outros. Há oradores que fazem palestras nos centros espíritas, congressos, seminários e outros “encontrões”, que veneram espalhar autógrafos, Cd’s das suas palestas, locupletando-se de ovações que às vezes têm conferido auréola de quase oráculos sagrados. Infelizmente tais arremedos de “deuses” da tribuna vão se iludindo, criando a efígie de intocáveis, "emissários da tranquilidade", "embaixadores do bem". Não será impossível alguns centros “espíritas” edificarem altares em suas homenagens em futuro próximo.

    Muitos palestrantes ficam submissos às imposições sociais quando buscam adesão (bajulações) dos outros, “quando permanecem na posição de permanentes escravos e pedintes do aplauso hipócrita e do verniz, da lisonja, condicionando-os a viver sem usufruir de liberdade de consciência, submetendo-os a ser manipulados pelos juízos e opiniões alheias.” [3]

    O orador deve reagir com todas as suas forças contra os “confetes” e lisonjas, para que a vaidade não lhe venha toldar o raciocínio e o próprio campo de ação, e mais ainda, nunca deve julgar-se indispensável ou excepcional, criando exigências ou solicitando considerações especiais por que se considera um escolhido dos deuses para divulgar o Espiritismo.


    Referências bibliográficas:

    [1] Vieira, Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1991, Na Propaganda

    [2] ______, Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1991, Na Tribuna

    [3] Xavier, Francisco Cândido. Saudação do Natal – Mensagem “Trilogia da vida”, ditado pelo espírito Cornélio Pires , SP: Editora CEU, 1996

    DESMISTIFICANDO O PRECONCEITO DO ESPÍRITA EM RELAÇÃO À UMBANDA


    Leonardo Paixão (*)


    Temos acompanhado artigos e textos os mais diversos, assim como vídeos na Internet, a respeito da Umbanda e de um preconceito que existiria dos espíritas em relação aos umbandistas.

    Há textos e vídeos muito esclarecedores, como os do confrade Pedro Camilo, biógrafo de Yvonne Pereira e do confrade Jorge Hessen, assim como vídeos deste.

    Para nosso estudo precisaremos colocar um resumo da história da fundação da religião de Umbanda.

    No dia 15 de novembro do ano 1908, o médium Zélio Fernandino de Mores, recebeu na Federação Espírita de Niteroi, RJ, o “Caboclo das Sete Encruzilhadas”, onde este manifestado no médium leva o médium para o lado de fora e retira um flor e a coloca sobre a mesa. Médiuns videntes teriam visto os espíritos de ex-escravos (pretos-velhos) e índios (caboclos) no ambiente. Disse o “Caboclo das Sete Encruzilhas”, segundo os Umbandistas um pseudônimo do Padre Gabriel Malagrida:

    ““(...)se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho (Zélio), para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome, que seja Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim.”(1)

    Realmente, no outro dia, o ‘Caboclo das Sete Encruzilhadas” se manifestou na casa do médium Zélio Fernandino de Moraes e estabeleceu as normas dos trabalhos:

    - Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20:00 às 22:00 h;
    - os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito.
    - Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do Espírito para a Caridade.

    “Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras:

    "_ Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá."

    Após insistência dos presentes fala:

    "_Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nego."

    Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:

    "_Minha caximba. Nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque busca."

            Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai Antonio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e carinhosamente chamada de "Guia de Pai Antonio"”.(1)

    Realizado este pequeno resumo da História da Fundação da religião de Umbanda, analisemos espiriticamente este processo.

    Quando o “Caboclo das Sete Encruzilhadas” diz que se julgavam os espíritos de pretos-velhos e índios como atrasados e que as mensagens que eles traziam eram também boas, por que não disse para os dirigentes e médiuns da referida reunião de que os escutassem e que ele ficaria à disposição para se tirar as dúvidas? Ainda que, no decorrer da reunião ele tenha conversado com uma das médiuns videntes a respeito da figura que ela via nele, a de um Padre e, supostamente, explicasse a maneira de falar. Eis o diálogo:

    Um médium vidente perguntou: - "Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão?

    - "Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim, não haverá caminhos fechados."

    - "O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro."(1)

    A resposta do Espírito deixa a desejar – repetimos, estamos falando aqui de uma análise espírita, conforme nos orienta Allan Kardec -, pois, se ele houvera tido uma encarnação como padre jesuíta e sabia bem falar o português, por que ao se manifestar como índio, segundo ele uma encarnação que tivera, não o poderia falar de igual modo, o português e não da forma de um índio ou caboclo, se fazendo até melhor compreendido pelos assistentes? Afinal, nada mais fácil para este espírito o falar em português, usando de médiuns de língua portuguesa!

    Em uma análise espírita, o espírito traz desconhecimento, pois que indica formas, cores de roupa para os médiuns atuarem. Todos os médiuns deviam se uniformizar de branco. Ainda que se diga que o branco simbolize a pureza desejada a ser alcançada pelos médiuns, é bem claro e racional que não se precisa de tais artifícios para se lembrar algo, pois que, com o decorrer do tempo, se torna algo tão mecânico quanto as orações decoradas. É bom sempre repetirmos que estamos fazendo uma análise espírita dos fatos e não dizendo e muito menos impondo que os nossos irmãos umbandistas devam agir de forma diferente. Até porque estamos escrevendo para esclarecimento em nível espírita.

    Em relação à manifestação de Pai Antônio, se identifica no espírito um apego à sua condição de negro que não pode sentar à mesa: - “Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá”. Quanta formalidade desnecessária! Se este espírito tinha uma superioridade espiritual, bastava dizer que os trabalhos se realizam seja em um toco, em uma cadeira, de pé ou sentado à mesa e depois ao ser perguntado se ele sentia falta de alguma coisa, ele responde: - “Minha caximba. Nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque busca”. Revelando assim o seu apego às coisas materiais. E há os que mistificam dizendo ser a fumaça do charuto e do cachimbo, elementos para limpeza da aura, para limpeza de fluidos negativos. Se são espíritos de tamanha capacidade espiritual como disse o Caboclo das Sete Encruzilhadas, não se estaria, ao usar destes elementos além de satisfazer as necessidades materiais ainda presentes neles, incentivar o vício nos assistentes? Como orientar a alguém para que procure deixar o vício do fumo com um charuto ou um cachimbo nos lábios?

    Com certeza que os irmãos umbandistas que lerem este artigo haverão de, provavelmente, responder com o que eles têm por fundamentos, de que a roupagem, a forma com que o espírito se apresenta não importa e que estamos a faltar com o respeito por demonstrarmos conhecimento de causa. Respondemos que neste próprio artigo estão as provas de que temos conhecimento de causa e que já visitamos diversos terreiros em nossa cidade de Campos dos Goytacazes, RJ e também em outras cidades do Rio de Janeiro, tendo podido ver de perto no que se transformou a Umbanda – num sincretismo com os diversos cultos africanistas e católicos e, quando se fala que há elementos do espiritismo, erroneamente qualificado por alguns de “kardecismo” (2), estes só o são os estudos dos livros de Kardec ou palestras espíritas realizadas em seus terreiros, palestras que realizamos quando convidados a tal por Pais ou Mães de Santo que atuam em nossa cidade.

    Perguntarão: Um preto-velho ou um caboclo pode ser Guia ou Mentor de uma Instituição Espírita? Respondemos que isso dependerá dos conhecimentos que tais espíritos demonstrarem a respeito do Espiritismo e seu desapego a ritualísticas e elementos materiais. Vale lembrar que o médium Divaldo Pereira Franco, psicografou obra do espírito Manoel Philomeno de Miranda – “Loucura e Obsessão” - editada pela Federação Espírita Brasileira e que mostra Espíritos de alta envergadura como Dr. Bezerra de Menezes e Emerenciana, trabalhando em uma Instituição Umbandista, no entanto, nem Dr. Bezerra e nem Emerenciana, utilizavam-se de elementos materiais em seus trabalhos, apenas orientando (Emerenciana) aos consulentes e Dr. Bezerra atuando especificamente no Plano Astral sem se manifestar em algum médium.

    Vejamos o que disse o médium Chico Xavier quando perguntado sobre a Umbanda no Programa Pinga-Fogo (3) da extinta TV Tupi, no ano de 1971:

    REALI JÚNIOR “Chico, um assunto que não foi ainda abordado no programa hoje. Rapidamente.
    O senhor acha que os Espíritos que se manifestam nos terreiros de umbanda, dizendo-se guias de cura, pretos velhos, índios, caboclos, são Espíritos evoluídos, da luz? Como explica as curas conseguidas por muita gente conhecida, em terreiros? Será que o mal pode apresentar-se através do bem, ou então tomando a sua forma?”

    CHICO XAVIER “Nós respeitamos a religião de umbanda, como devemos respeitar todas as religiões.
    A noite avança e o programa continua e nós estamos preocupados com o tempo que estamos roubando à TV Tupi e aos nossos amigos do auditório. Mas vamos recorrer ao caso das leis cármicas.
    Nos séculos passados, nos três, quatro séculos passados, nós (coletivamente, não estamos falando do ponto de vista individual, mas na condição de brasileiros) buscamos no berço onde nasceram milhões de irmãos nossos reencarnados nas plagas africanas, para que eles servissem às nossas casas e às nossas famílias, instituições, organizações, na condição de alimárias.
    Eles se incorporaram, depois de desencarnados, às nossas famílias. Eles renasceram do nosso próprio sangue, na condição de nossos irmãos, para receberem, de nossa parte, uma compensação, que é a compensação chamada do amor, para que eles sejam devidamente educados ou encaminhados, tanto quanto nós pretendemos educarmos e encaminharmos o progresso.

    Então, temos a religião de umbanda, que vem como uma organização dos Espíritos recentemente, porque quatro séculos é um tempo curto nos caminhos da eternidade, recentemente trazidos para o Brasil, eles organizaram agora, seja numa condição ou noutra. Nós, no Brasil, não conseguimos pensar em termos de cor. Nós todos somos irmãos. De modo que eles organizaram uma religião sumamente respeitada também. Eles também veneram deus, com outros nomes. Veneram os emissários de Deus, com outros nomes. Respeitamos todos e acreditamos que, em toda a parte onde o nome de Deus é pronunciado, o bem pode se fazer. Agora, encontramos na doutrina espírita, individual e coletivamente, em nos referindo aos companheiros da doutrina espírita, a faixa que nos compete no campo de nossa evolução, para estudos do nosso destino, para estudos da imortalidade.

    Quanto a problemas de cura, permitimo-nos lembrar uma coisa: é que às vezes nós pedimos socorro a determinadas organizações, para a cura imediata de determinados impedimentos físicos. Essa cura parece talvez forçada por nossas exigências, porque muitas vezes os nossos irmãos, trazidos das plagas africanas, se habituaram de certo modo a obedecer-nos quase cegamente. Eles se afeiçoam anos com uma afeição terrível do ponto de vista do egoísmo de que nós todos, por enquanto, principalmente em se referindo a mim, somos portadores. Então, exigimos uma cura que se faça de imediato no campo físico, mas nos esquecemos de que às vezes a cura física é um caminho para encontrarmos, mais adiante, desastres morais de consequências imprevisíveis. Então, se as curas demoram no ambiente kardequiano, ou se demoram no campo da medicina, vamos respeitar o problema dessa demora, dessa dilação, porque aquilo se verifica em nosso próprio benefício. Porque muitas vezes uma doença física, ou determinada provação em nossa vida doméstica, nos poupa de acidentes afetivos ou acidentes materiais ou de fenômenos extremamente desagradáveis em nossa vida”.

    Infelizmente, nos dias atuais, temos irmãos espíritas e médiuns que, em suas falas, escritos e psicografias, andam fazendo uma miscelânea de Espiritismo e Umbanda, duas religiões respeitáveis, porém, cada uma com sua estrutura de trabalho e seus fundamentos próprios. Respeito e não preconceito não significam que se “espiritize” a Umbanda e nem que se “umbandize” o Espiritismo (4).

    NOTAS
    (1) De vários sites pesquisados no google – História da Umbanda e também no livro “Fundamentos da Umbanda”, de Ronaldo Linnares e outros.

    (2) O qualificativo kardequiano (ou kardeciano) é, por vezes, um modo de distinguir, de caracterizar os locais onde se pratica e se vivencia a doutrina espírita (denominada por alguns como doutrina kardecista, também para efeito de diferenciação). Não sendo Kardec o criador da doutrina espírita, o uso das palavras kardequianokardecista e kardecismo (este como sinônimo de espiritismo) deve ser evitado porque sugere conceitos equivocados.
    Extraído da nota de número 64 do livro ‘Pinga-Fogo com Chico Xavier”, organizado por Saulo Gomes.

    (3) Pinga-Fogo com Chico Xavier; Saulo Gomes (org.). InterVidas: Catanduva, SP, 2010. pp. 109 a 111. Item Umbanda.

    (4) Ver a nossa crítica analítica de uma destas obras – ww.orientacaoespirita.org/critica_46.html

    (*) Leonardo Paixão é trabalhador espírita em Campos dos Goytacazes, RJ, colaborando com um grupo de amigos de ideal no Grupo Espírita Semeadores da Paz