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  • sexta-feira, 18 de setembro de 2015

    O AUTOEROTISMO NUMA CONCISA CIRCUNSPECÇÃO (Jorge Hessen)


    Jorge Hessen
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    Lá pelas plagas espanholas, há exatos 5 anos, na província de Extremadura, havia um curso escolar que ensinava masturbação a jovens de 14 aos 17 anos. Tal plano provocou polêmica entre pais e educadores. O curso fazia parte de um programa introduzido pelas Secretarias de Educação e Juventude daquela província ibérica, intitulado "O prazer está em suas mãos". Os idealizadores disseram que o curso objetivava acabar com mitos para que os adolescentes entendessem a sexualidade de forma natural. [1]

    Na visão da secretária de Juventude de Extremadura, Laura Garrido, o novo curso não deveria escandalizar a ninguém, principalmente porque já fomos adolescentes e todos nós possuímos uma carga erótica.[2] Entretanto, nem todos os pais de alunos estiveram de acordo. A Associação de Pais Católicos de Extremadura formou um grupo de protesto chamado "Cidadania para a Educação" e ameaçou levar o governo regional aos tribunais. O grupo abriu um fórum de debate na internet e enviou uma carta ao governador local reclamando do novo curso escolar. [3]

    Para alguns espíritas a prática do onanismo (masturbação) leva o indivíduo a situações de dormência temporária dos seus sentimentos mais delicados, das suas emoções mais sensíveis. Aludem que a prática do onanismo não faculta ao Espírito melhor sensibilidade, distrai-o e lhe entorpece os sentimentos mais elevados. Asseguram que do ponto de vista Espiritual, o onanismo é um tipo de autoflagelação, porque o Espírito está negando a capacidade de evoluir em sentimentos muito mais elevados e se contenta com aquilo que apenas o seu sensório produz: as sensações primárias. 

    Por outro lado, há argumentos de que o sexo não é sujo, nem feio, nem errado. Sexo é troca de energias, e energias divinas, pois através delas as pessoas são atraídas umas às outras e , sendo o ponto de referência do processo reencarnatório não pode se demonizado. Há quem insinue, será que alguém já casado oficial ou “extraoficialmente” , que não obtém satisfazer de maneira indispensável os anseios sexuais com o parceiro(a), por diversas razões, deve atender tais necessidades genésicas masturbando-se ou deve aventurar-se fora do lar , buscando satisfazer suas “necessidades” ? Nesta última hipótese tais pessoas mergulharão nas aventuras extraconjugais. E isso é muito pior. 

    A masturbação é condenável? Diria que não é recomendável. Ante o comedimento moral que deve procurar o encarnado, resistindo a fim de refinar seus ideais, o caminho espírita cristão é aperfeiçoar hábitos sadios e disciplinados que enfrentem o sexo como uma forma material, mas digna, de praticar o amor, numa união estável e leal, mirando à constituição de uma família e, por conseguinte, instituindo condições para maturação espiritual. Assim sendo, se não é recomendável obviamente é contraproducente e, portanto, não é benigno, pois, em cenário de reforma íntima, toda disciplina será bem-vinda.

    Obviamente não podemos esquecer que o argumento “religioso” de repressão ao comportamento sexual, em qualquer contexto, é um convite ao desejo. O chamado “fruto proibido” tem sido historicamente o mais ambicionado. Normalmente a coação tem implicação oposta à pretendida, sobretudo em matéria de sexualidade. É importante educar, elucidar sensatamente , advertir corretamente as pessoas, sem formatações de extemporâneas normas moralistas para os outros.

    Há muitas pessoas que vivem angústias profundas em torno das diretrizes comportamentais na área sexual e isso é compreensível em nosso estágio de humanidade. O onanismo é uma dessas ansiedades, que segundo Sigmund Freud, é envolvida em muito preconceito, graças ao dogmatismo religioso que estigmatiza a sexualidade. Porém vai distante a época em que se decretava que a masturbação conduzia à loucura e ao inferno. 

    Normal no adolescente que está descobrindo a sexualidade, frequente nos corações solitários, o problema é que a masturbação favorece a viciação, aguçando o psiquismo do indivíduo com sensualidade avivada. Há os que empregam o subterfúgio aventureiro , alegando que “a carne é fraca”. Contudo a sede dos desejos é o espírito e não o corpo. O Espiritismo não proíbe nada é fato. Mas, muitas vezes escorados nas suas falácias alguns argumentam , ora se o Espiritismo não proíbe, então tudo está liberado. E na ladainha para reforçar os pontos de vista alegam que “a virtude está no equilíbrio”, pois o que é prejudicial é o abuso, não o uso.

    Do livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, capítulo VII: “As penas futuras segundo o Espiritismo”, esclarece que a carne só é fraca porque O Espírito é fraco, pois quando destituída de pensamento e vontade, a carne não pode prevalecer sobre o Espírito, que é o ser pensante e de vontade própria. [4]E mais, Deus nos dotou do livre-arbítrio. Como explicam os Espíritos em resposta à questão 843 de O Livro dos Espíritos, sem o livre-arbítrio, o homem seria uma máquina, pois se tem a liberdade de pensar, é compreensível que tenha a liberdade de agir.[5]

    O autoerotismo não deixa de ser uma busca de "prazer" egoísta, por isso mesmo, toda prudência é imprescindível. Na área sexual, urge vigilância permanente, pois, na maioria das vezes ao se masturbar, a criatura não está tão solitária como imagina. Espíritos sexólatras podem estimular este vício solitário, nos processos de simbiose, prejudicando até mesmo casais quando um dos parceiros opta por masturbar-se. Entretanto é mister considerar que cada caso é um caso, sem desconsiderar jamais que o equilíbrio e a disciplina mental precisam ser alcançados. Por isso o Espírito Emmanuel, no livro "O Consolador", questão 184, orienta-nos que, "ao invés da educação sexual pela satisfação dos instintos, é imprescindível que os homens eduquem sua alma para a compreensão sagrada do sexo".[6]

    Ainda recorrendo ao excelso Emmanuel, estudamos que “diante das proposições a respeito do sexo, é justo sintetizarem-se todas as digressões possíveis nas seguintes normas: não proibição, mas educação; Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo; Não indisciplina, mas controle; não impulso livre, mas responsabilidade. Fora disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência. Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra da sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da reencarnação, porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um. Ninguém se burila de um dia para outro e as conversões religiosas exteriores não alteram, de improviso, os impulsos do coração. [7]

    Em face disso, muitos de nossos erros imaginários na Terra são caminhos certos para o bem, ao passo que muitos de nossos acertos hipotéticos são trilhas para o mal de que nos desvencilharemos, um dia!...A energia sexual, como recurso da lei de atração, na perpetuidade do Universo, é inerente à própria vida, gerando cargas magnéticas em todos os seres, face às potencialidades criativas de que se reveste. 

    Referências bibliográficas:




    [4] Kardec, Allan. O Céu e o Inferno, RJ: Ed. FEB 2000, capítulo VII

    [5] Kardec, Allan, o Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2000, pergunta 843

    [6] Xavier, Francisco Cândido. Consolador, ditado pelo Espirito Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 2001, questão 184

    [7] Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, ditado pelo Espirito Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 2003