MINHAS PÁGINAS

  • LEITORES
  • quarta-feira, 28 de junho de 2017

    O orador espírita deve rejeitar plágios e ribaltas circenses (Jorge Hessen)


    Jorge Hessen

    Acessando diversos vídeos do You Tube somos convidados a reconhecer que há no Brasil, de maneira especial, em Brasília, alguns palestrantes que plagiam os gestos, a dicção (entonação) verbal e trechos de palestras produzidas pelo Divaldo Franco. Há, (pasmem!) os que não se refreiam na incontida autopromoção e montam (nos salões de palestras) uma superprodução de filmagens, visando posteriormente comercializarem os Dvd’s da “monumental” palestra gravada e logicamente espalharem (ao vivo) pela Internet seus discursos “prestigiosos”.

    É evidente que tais confrades não têm o menor senso de ridículo ao apoderarem-se da identidade alheia, sem o menor constrangimento, Ao imitarem Divaldo, esquecem-se de que tal atitude não passa de uma comédia. Sabemos daqueles que permanecem “horas a fio” em frente ao espelho para treinarem os gestos ou entoação de voz do imitado, que invariavelmente é sempre Divaldo Franco.

    Como se não bastasse, oferecem-se (mendigam fazer palestras) em todas casas espíritas do Brasil (afinal são notáveis na oratória). Para isso, entram em contato de forma insistente com os escaladores e oferecem, "gentilmente", o seu “famoso” nome para serem designados, a fim de palestrar no Centro Espírita.

    Confeccionam cartazes coloridos e divulgam nas redes sociais e em tudo que é canto da Internet, afinal sua palestra é evento especial (ainda que seja uma data de palestras rotineiras do centro).

    A esses irmãos “oradores”, candidatos ao estrelismo no movimento espírita, relembramos que cabe-nos a tarefa de construirmos um discurso próprio e original do Espiritismo. Imitar é horroroso, pois a imitação não consegue reproduzir o verdadeiro conteúdo. Pode-se, até mesmo, imitar o estilo divaldista, mas nunca recriar a profundidade ou a beleza que caracterizam as produções do Divaldo que reaparecem de forma, perfeitamente, reconhecíveis através da legítima oratória.

    Recomendamos usarem a linguagem simples e de bom gosto, lembrando que estamos na tribuna  a serviço do Cristo para explicar e fazer o público entender a mensagem do Espiritismo, não para autopromoção e exaltação da vaidade. Pois quando alguém se propõe a ouvir um orador Espírita, o faz no pressuposto de que ele sabe o que está falando e lhe oferece, silenciosamente, um voto de credibilidade, capaz de mudar, metodicamente, ideias ou conceitos errôneos que nele estavam arraigados, podendo transformar, até mesmo, toda uma vida!

    Jamais julgar-se imprescindível ou privilegiado, criando exigências ou solicitando considerações especiais. Há aqueles palestrantes que abusam da insensatez ao narrarem casos chistosos para fazer público rir durante boa parte da palestra. Usam a tribuna como se fosse um palco de teatro para humoristas. Ora, se o palestrante tem o dom da hilaridade, sem desdouro, que frequente o teatro e exerça a profissão de ator. É muito mais honesto.

    Tais oradores, via de regra, além de plagiarem, são artificiais; não mantêm ordenamento do raciocínio, com começo meio e fim do tema proposto; desconsideram as características da plateia e falam como se todos os ouvintes fossem iguais; apresentam pouco conteúdo e despreparo intelectual; fazem, não raramente,  defesas de ideias que vão "de encontro" ao interesse do ouvinte. Recordemos que  por mais modesto e simples que seja o orador, em sendo ele mesmo, terá êxito. Se imitar o Divaldo, por melhor que seja a imitação, não terá credibilidade e vira circo.

    Em suma, os oradores precisamos palestrar com simplicidade, impedir os próprios arroubos lúdicos, fugir do azedume, controlar a inquietação, posto que a palavra revela o nosso bom senso ou a insensatez. Devemos, portanto, silenciar qualquer finalidade de evidência, calando ostentações de conhecimentos. Todos os oradores somos responsáveis pelas imagens que sugerimos nas mentes dos ouvintes.

    segunda-feira, 12 de junho de 2017

    Tatuagens estigmatizam a alma? (Jorge Hessen)


    Jorge Hessen

    Uma leitora narrou-me o seguinte: “meu noivo tem tatuados desenhos exóticos, como a “caveira”, “Capitão Gancho”, “morte”, “deuses da mitologia nórdica” e “símbolos de bandas Death Metal”. Sei que tais emblemas o representam, pois que ele venera essas coisas. Acho de mau gosto, estranhos e um tanto "patológicos". Entretanto é a opção dele. A escolha dele só a ele diz respeito”. Você concorda comigo?
    Explicamos para a nossa leitora que ante as regras morais do Espiritismo não há dispositivos para “danações infernais”. Certamente, pela tatuagem a pessoa pode estar pronunciando algo de si mesma. Todavia e apesar disso, paradoxalmente, não cremos que as tatuagens retratem totalmente a índole e o caráter de alguém. Nada obstante conhecermos alguns modelos de tatuagens, com pretextos assombrosos que podem ser classificados (sem excomunhões) como censuráveis e inadequados para o cristão.
    Ainda sobre o tema, outra leitora nos indagou: “a tatuagem é uma forma de arte no corpo? Se é uma arte deverá ser condenada? Tenho uma tatuagem no braço de uma linda borboleta. Ela me representa inteiramente. A borboleta é considerada o símbolo da transformação, da felicidade, da beleza, da inconstância, da efemeridade da natureza e da renovação. Não posso crer que algo tão expressivo para mim possa ser pernicioso na minha vida no além-túmulo. O que você acha?
    Explicamos que não identificamos argumentos de caráter rigorosamente útil o uso de quaisquer tatuagens, especialmente se a lesão imposta ao próprio corpo for por idolatria, vaidade e egocentrismo. Contudo, o uso de tatuagens não abafa as qualidades morais. Até porque ninguém pode penetrar na intimidade da consciência de alguém e saber o que aí ocorre.
    Outro leitor escreveu: “meu corpo físico já é uma arte, em face disso não ousaria manchar-lhe! E vou mais adiante, quem teria audácia de rabiscar sobre as telas originais de um Vincent  van Gogh, de Michelangelo, de Leonardo da Vinci ou de Pablo Picasso? Ora, a minha irmão me contradiz, argumentando que  se o corpo é um templo, porque não decorar as paredes? Cada caso é um caso, e não se pode dizer que uma tatuagem é um rabisco em uma obra de arte. O corpo é uma obra de arte dada a nós como presente, sim, e não é uma tatuagem que irá tirar esse aspecto de obra de arte”. Me elucide aí, Jorge Hessen.
    Aqui especificamente redargui que pelos ditames do livre arbítrio cada um responderá por si. Porém, lembremos que mesmo com toda tecnologia atual, uma tatuagem não é espontaneamente removível. Não há como desconhecermos que o corpo é o templo do Espírito e não nos pertence, portanto, é importante preservá-lo contra ofensivas que possam truncar a sua composição natural.
    É difícil sabermos se haverá ou não mutilação perispiritual por causa das tatuagens. Embora saibamos que o perispírito seja lesado pelas anomalias de caráter, desequilíbrios emocionais, vícios físicos e mentais, rancores, pessimismos, ambição, vaidade desmesurada, luxúria, nem  todos os tatuados se enquadram nesses desvios morais.
    É verdade! Golpeia-se o perispírito todas as vezes que se prejudica o semelhante através da maledicência, da agressividade, da aventura extraconjugal, da violência de todos os níveis, da deslealdade. Deste modo,  analisando por esse ângulo, as tatuagens afetam nada ou quase nada o perispírito.
    As tatuagens que alguns indivíduos elaboram como forma de demonstrar carinho a exemplo de alguém que grava o nome do pai ou da mãe no corpo de modo discreto não trariam, acreditamos, os mesmos efeitos que ocorreriam com aqueles que se tatuam de modo resoluto, movimentados por anseios mais abrutalhados.
    André Luiz registra que “os desencarnados podem, sob o ponto de vista fluídico, moldar mentalmente e de maneira automática, no mundo dos Espíritos, roupas e objetos de uso e gosto pessoal”. (1) Como se observa, é possível, embora deploremos, que um ser no além-túmulo permaneça condicionado aos vícios, modismos e tantas outras coisas inúteis da sociedade terrena.
    Perante essas questões propostas, evocamos a lógica espírita que nos convida ao autoconhecimento, ao estágio do auto aprimoramento sob o patrocínio da liberdade responsável. Os Benfeitores espirituais recomendam o bom senso, a autoconfiança, a altivez, o equilíbrio e a busca incessante de Deus, que nos faculta contentamento e paz ao coração e à consciência, sem as penúrias de procurarmos alentos nas figuras e emblemas incrustrados na epiderme.

    Referência bibliográfica:

    [1]     Xavier, Francisco Cândido. Nosso Lar, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1955