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  • quarta-feira, 30 de setembro de 2015

    “SELINHOS” MUITAS VIDAS E MULTIPLOS CONFLITOS NAS AFINIDADES PARENTAIS (Jorge Hessen)


    Jorge Hessen


    A médica Charlotte Reznick vem causando polêmica entre pais ao sugerir que eles evitem dar “selinho” em seus filhos. De acordo com ela, essa é uma demonstração de afeto "erotizante" e pode confundir a criança.  Para Charlotte a boca é uma zona erógena do corpo e, assim, as crianças podem associar o beijo com atividades românticas e sexuais entre os pais. [1]A opinião da médica foi criticada e combatida por outros médicos e psicólogos, como Sally-Anne McComarck que afirma ser impossível um “selinho” confundir a cabeça dos filhos. Se fosse assim , profere McComarck, a amamentação traria mais confusão. Aliás, em 2013, Mayim Bialik, que interpreta a cientista Amy Farrah Fowler na série The Big Bang Theory , foi duramente criticada por uma foto em que aparece amamentando o filho de três anos no metrô de Nova York. Apesar de afirmar sentir falta de amamentar o filho, a atriz celebrou o momento em que o filho escolheu desmamar. 
    Há diversos debates em torno do infantilismo psicossexual - Apesar da mãe ser o parente que gratifica principalmente os desejos infantis, a criança começa a formar uma identidade discreta sexual - "menino", "menina" - que altera a dinâmica do relacionamento entre pais e filhos; os pais tornam-se objeto de energia libidinal infantil. Na teoria clássica da psicanálise, o complexo de Édipo ocorre durante o estágio fálico do desenvolvimento psicossexual (a idade de 3 até 6 anos), quando ocorre também a formação da libido e do ego; no entanto, pode se manifestar em idade mais precoce.[2] As chamadas complicações edipianas outra coisa não representam senão os laços obscuros que entretecemos, ao enlear almas queridas no nosso carro sentimental – laços esses que passam a reclamar-nos o preciso desfazimento, para que a mútua libertação nos felicite.
    Emmanuel nos instrui afirmando que o filho excessivamente vinculado à mãe, na maioria das ocasiões, é aquele mesmo companheiro que a genitora jungiu à própria senda, no passado, a suplicar-lhe agora o apoio necessário, a fim de exonerar-se das algemas psicológicas que o prendem à insegurança. E a filha imensamente ligada ao pai, habitualmente é a mesma companheira que ele acorrentou ao próprio destino em experiências do passado, a implorar-lhe hoje o auxílio indispensável, a fim de se desembaraçar do egoísmo com que se lhe enviscou à influência, em nome do amor. [3]
    Baseando-nos no trabalho biológico de construção do ser, assente em milênios numerosos, é indubitável que surpreenderemos na criança todo o equipamento dos impulsos sexuais prontos à manifestação, quando a puberdade lhe assegure mais amplo controle do carro físico. E, com esses impulsos, eis que lhe despontam do espírito as inclinações para maior ou menor ligação com esse ou aquele companheiro do núcleo familiar. O jogo afetivo, porém, via de regra se desenrola mais intensivamente entre a criança e os pais, reconhecendo-se para logo se os laços das existências passadas estão mais fortemente entretecidos com o genitor ou a genitora. [4]
    Debitando-se ao impulso sexual quase todos os alicerces da evolução sobre os quais se nos levanta a formação de espírito, é compreensível que o sexo apareça nas cogitações das crianças em seu desenvolvimento natural, e, nesse território de criações da mente infantil, será fácil definir a direção dos arrastamentos da criança, se para os ascendentes paternos ou maternos, porquanto aí revelará precisamente as tendências trazidas de estâncias outras que o passado arquivou. [5]
    Apreciando isso, recordemos o cipoal das relações poligâmicas de que somos egressos, quanto aos evos transcorridos, e entenderemos  com absoluta naturalidade, os complexos da personalidade infantil. Assim sucede, porque herdamos espiritualmente de nós mesmos, pelas raízes do renascimento físico, reencontrando, matematicamente, na posição de filhos e filhas, aqueles mesmos companheiros de experiência sentimental, com os quais tenhamos contas por acertar. Atentos a semelhante realidade, somos logicamente impulsionados a concluir que os vínculos da criança, de uma forma ou de outra, em qualquer distrito de progresso e em qualquer clima afetivo, solicitam providências e previdências, que sintetizaremos tão-somente numa palavra única: educação. [6]
    A inquietação da Dra.  Charlotte Reznick sobre os “inocentes selinhos” é corroborada pelo Mentor de Chico Xavier quando afiança que   no fundo da personalidade paterna ou do maternal coração, descansam os remanescentes de grandes afeições, às vezes desequilibradas e menos felizes, trazidos de outras estâncias, nos domínios da reencarnação. A libido ou o instinto sexual na forma de energia psíquica, tendente à conservação da vida, permanece, em muitos casos, na carícia dos pais, vestida em veludíneo manto de carinho e beleza, mas o amor é ainda, no adito do espírito, qual fogo de vida que se nutre do próprio lenho [7]
    Toda criatura consciente traz consigo, devidamente estratificada, a herança incomensurável das experiências sexuais, vividas nos reinos inferiores da Natureza. De existência a existência, de lição em lição e de passo em passo, por séculos de séculos, na esfera animal, a individualidade, erguida à razão, surpreende em si mesma todo um mundo de impulsos genésicos por educar e ajustar às leis superiores que governam a vida. [8]Cada homem e cada mulher que ainda não se angelizou ou que não se encontre em processo de bloqueio das possibilidades criativas, no corpo ou na alma, traz, evidentemente, maior ou menor percentagem de anseios sexuais, a se expressarem por sede de apoio afetivo, e é claramente, nas lavras da experiência, errando e acertando e tornando a errar para acertar com mais segurança, que cada um de nós - os filhos de Deus em evolução na Terra - conseguirá sublimar os sentimentos que nos são próprios, de modo a erguer-nos em definitivo para a conquista da felicidade celeste e do Amor Universal. 
    Como vemos temos que entronizar na discussão a importância da teoria da reencarnação para uma compreensão melhor e mais humana dos chamados “complexos parentais”. As ainda raras pesquisas científicas sobre a reencarnação abrem novas possibilidades de compreensão dos conflitos entre pais e filhos. O Espiritismo, por isso mesmo, se torna mais apto a ajudar a psicologia profunda na descoberta das raízes verdadeiras das situações parentais conflitivas.

    Nota e referências bibliográficas:

    [1] Disponível em http://mulher.terra.com.br/vida-de-mae/selinho-nos-filhos-confunde-e-deve-ser-evitado-diz-medica,6e8b07999ea47234d0b590037d0cbadb74rcRCRD.html   acesso 21/09/2015
    [2] Joseph Childers, Gary Hentzi eds. Columbia Dictionary of Modern Literary and Cultural Criticism (New York: Columbia University Press, 1995)
    [3] Artigo publicado na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970. 
    [4] Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, ditado pelo espirito Emmanuel , RJ: Ed. FEB 1970, cap. 14
    [5] Idem
    [6] Idem
    [7] Idem
    [8] Xavier,  Francisco Cândido. Vida e Sexo, ditado pelo espirito Emmanuel , RJ: Ed. FEB 1970, cap. 24

    segunda-feira, 21 de setembro de 2015

    HISTORIA DO PAE - POSTO DE ASSISTÊNCIA ESPIRITA


    Wilson Reis, Carlos Augusto, Jorge Hessen e João Alves
    No dia 20 de janeiro de 1975, estavam reunidos numa pizzaria, na Asa Norte de Brasília, os irmãos Carlos Augusto, Jorge Hessen e Wilson Barbosa, durante a conversa aventou-se a possibilidade da fundação de um centro espírita na cidade de Ceilândia. A ideia surgiu porque à época os companheiros Amaro Raimundo, Jorge Hessen, , Wilson Barbosa e Wilaldo Petroscosk, realizavam, na região, um serviço social de recuperação de barracos junto às muitas famílias carentes, enquanto Carlos Augusto administrava a Casa de Ismael. A sugestão da instituição brotou sob os argumentos de que a construção de um centro espírita na região aproximaria o grupo materialmente dos necessitados e possibilitaria ampliação das tarefas principalmente através da evangelização dos filhos e dos próprios assistidos.


    Edmundo, Geraldo, Luiz, Jorge Hessen, Wilson Reis (agachado) Fabiano Augusto
    Há 39 anos, naquela peculiar reunião, era lançada a semente do PAE e o entusiasmo assumiu o bom ânimo dos três vanguardeiros cristãos, ambos sentindo-se envolvidos pelo auxílio dos Benfeitores. O projeto do trio, portanto, era a semeadura da Verdade Espírita sob os auspícios de Jesus entre os irmãos deserdados. O grupo não dispunha de recursos financeiros para a execução imediata do projeto, em razão disso, Wilson sugeriu que nos aproximássemos de uma instituição já existente, dessa forma poderíamos colaborar com a casa espírita da região, ao mesmo tempo ganharíamos maior experiência; até porque a semente do PAE estava lançada e no momento exato iria germinar com as bênçãos dos Benfeitores.

    D. Miguelina, filhos da D. Ismeria e o Alvaro
    A sugestão foi bem acolhida pelo grupo. Logo após a reunião teve-se notícia sobre a existência do Centro Espírita Boa Árvore. Por essa rzão, Wilson Barbosa e Jorge Hessen se deslocaram da Comunhão Espirita de Brasília, num domingo pela manhã e rumaram para Ceilândia. Chegaram ao C.E Boa Árvore e encontraram o companheiro João Alves da Costa, então presidente da instituição. João ficou bastante animado quando foi-lhe exposto o nosso intuito de ajudá-lo, afirmando que suas preces haviam sido atendidas, pois a casa necessitava de trabalhadores.

    Iniciamos em parceria com o “Boa Árvore” a evangelização infantil e palestras para os adultos. Muitos irmãos se uniram ao grupo nesse primeiro momento. Os trabalhadores da primeira hora foram além dos confrades Carlo Augusto, Jorge Hessen, Wilson Barbosa, juntaram ao grupo Eli Machado da Silveira, João Batista Cavalcante Araújo, Glória Maria Andrade Cavalcante Araújo, Aldeci Carvalho de São José, Edmundo Montalvão, Wilaldo Petrocoski dos Santos, Rosângela Rodrigues Melo. O trabalho cresceu e em pouco tempo seria iniciado o serviço de atendimento médico com dois especialistas, que se juntariam ao grupo. E assim novos irmãos foram chegando.
    João Alves
    Jo

    Com o crescimento do grupo, sentíamos a necessidade de deixar crescer e florescer a ideia inicial da fundação do PAE. Ficamos mais de dois anos com os irmãos da Ceilândia até decidirmos buscar juntos à Terracap a adquirir um lote para iniciarmos as novas atividades. Fomos convidados a sair do Boa Árvore e passamos a nos reunir da residência da D. Carmelita (ex-caseira) e na residência da Rosângela e por fim nos reunimos no domicílio do irmão Carlos Augusto, em Sobradinho, com a presença de todos os trabalhadores, para enfim, no dia 27 de fevereiro de 1977, fundar o PAE – Posto de Assistência Espírita, nome e sigla sugeridos por Jorge Hessen e aprovado por unanimidade.

    A primeira diretoria ficou assim constituída: - Presidente: João Alves da Costa; - Vice-Presidente: Jorge Hessen; - Secretário: Wilson dos Reis Barbosa; - Tesoureiro: Wilaldo Petrocoski dos Santos; - Bibliotecária: Maria da Conceição Paiva Melo; - Conselho Fiscal: Eli Machado da Silveira, Edmundo Montalvão e Amaro Raimundo dos Santos.

    Ocupamos a área de 1200 m2, localizada QNM 40, Área Especial 02 – Taguatinga Norte, comprado junto à Terracap por de retrovenda, isto é , era preciso construir os prédios no prazo de no máximo 3 anos. Carlos Augusto, Jorge Hessen, Wilson Barbosa , João Alves e Eli Silveira e Amaro Raimundo elaboraram os projetos arquitetônicos e posteriormente foi iniciada as obras de construção.
    Jorge Hessen 1977

    Foram realizados muitos almoços fraternos, e exibição de filmes infantis no cine Karim para arrecadação dos recursos, porém, durante a edificação dos prédios, não se estava conseguindo cumprir o cronograma pactuado junto à Terracap, motivo pelo qual o lote deveria ser devolvido ao governo. Por esse motivo Jorge Hessen decidiu fazer uma campanha junto ao Presidente da FEDF, Paulo de Carvalho e do Professor da UnB José Jorge e ambos fizeram uma rateio junto aos servidores do Senado Federal e conseguiram os recursos financeiros para o término dos blocos inacabados.
    Eli, Jorge Hessen e Paulo


    Logo após garantir os recursos para término da obra, Jorge Hessen conseguiu outra dádiva divina para o PAE. Em conversa com sua amiga Higínia, uma espanhola muito querida, ficou sabendo de uma robusta doação do Cônsul do Uruguai destinada ao C.Espírita "X". Jorge convenceu sua amiga a intervir para dividir tal doação com o PAE e logrou êxito. Com os recursos doados pelo Consul uruguaio, Jorge, então tesoureiro do PAE, foi pessoalmente à Terracap e recebeu a documentação de quitação definitiva do saldo devedor da área especial número 2 da QNM 40 Área Especial.

    sexta-feira, 18 de setembro de 2015

    O AUTOEROTISMO NUMA CONCISA CIRCUNSPECÇÃO (Jorge Hessen)


    Jorge Hessen
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    Lá pelas plagas espanholas, há exatos 5 anos, na província de Extremadura, havia um curso escolar que ensinava masturbação a jovens de 14 aos 17 anos. Tal plano provocou polêmica entre pais e educadores. O curso fazia parte de um programa introduzido pelas Secretarias de Educação e Juventude daquela província ibérica, intitulado "O prazer está em suas mãos". Os idealizadores disseram que o curso objetivava acabar com mitos para que os adolescentes entendessem a sexualidade de forma natural. [1]

    Na visão da secretária de Juventude de Extremadura, Laura Garrido, o novo curso não deveria escandalizar a ninguém, principalmente porque já fomos adolescentes e todos nós possuímos uma carga erótica.[2] Entretanto, nem todos os pais de alunos estiveram de acordo. A Associação de Pais Católicos de Extremadura formou um grupo de protesto chamado "Cidadania para a Educação" e ameaçou levar o governo regional aos tribunais. O grupo abriu um fórum de debate na internet e enviou uma carta ao governador local reclamando do novo curso escolar. [3]

    Para alguns espíritas a prática do onanismo (masturbação) leva o indivíduo a situações de dormência temporária dos seus sentimentos mais delicados, das suas emoções mais sensíveis. Aludem que a prática do onanismo não faculta ao Espírito melhor sensibilidade, distrai-o e lhe entorpece os sentimentos mais elevados. Asseguram que do ponto de vista Espiritual, o onanismo é um tipo de autoflagelação, porque o Espírito está negando a capacidade de evoluir em sentimentos muito mais elevados e se contenta com aquilo que apenas o seu sensório produz: as sensações primárias. 

    Por outro lado, há argumentos de que o sexo não é sujo, nem feio, nem errado. Sexo é troca de energias, e energias divinas, pois através delas as pessoas são atraídas umas às outras e , sendo o ponto de referência do processo reencarnatório não pode se demonizado. Há quem insinue, será que alguém já casado oficial ou “extraoficialmente” , que não obtém satisfazer de maneira indispensável os anseios sexuais com o parceiro(a), por diversas razões, deve atender tais necessidades genésicas masturbando-se ou deve aventurar-se fora do lar , buscando satisfazer suas “necessidades” ? Nesta última hipótese tais pessoas mergulharão nas aventuras extraconjugais. E isso é muito pior. 

    A masturbação é condenável? Diria que não é recomendável. Ante o comedimento moral que deve procurar o encarnado, resistindo a fim de refinar seus ideais, o caminho espírita cristão é aperfeiçoar hábitos sadios e disciplinados que enfrentem o sexo como uma forma material, mas digna, de praticar o amor, numa união estável e leal, mirando à constituição de uma família e, por conseguinte, instituindo condições para maturação espiritual. Assim sendo, se não é recomendável obviamente é contraproducente e, portanto, não é benigno, pois, em cenário de reforma íntima, toda disciplina será bem-vinda.

    Obviamente não podemos esquecer que o argumento “religioso” de repressão ao comportamento sexual, em qualquer contexto, é um convite ao desejo. O chamado “fruto proibido” tem sido historicamente o mais ambicionado. Normalmente a coação tem implicação oposta à pretendida, sobretudo em matéria de sexualidade. É importante educar, elucidar sensatamente , advertir corretamente as pessoas, sem formatações de extemporâneas normas moralistas para os outros.

    Há muitas pessoas que vivem angústias profundas em torno das diretrizes comportamentais na área sexual e isso é compreensível em nosso estágio de humanidade. O onanismo é uma dessas ansiedades, que segundo Sigmund Freud, é envolvida em muito preconceito, graças ao dogmatismo religioso que estigmatiza a sexualidade. Porém vai distante a época em que se decretava que a masturbação conduzia à loucura e ao inferno. 

    Normal no adolescente que está descobrindo a sexualidade, frequente nos corações solitários, o problema é que a masturbação favorece a viciação, aguçando o psiquismo do indivíduo com sensualidade avivada. Há os que empregam o subterfúgio aventureiro , alegando que “a carne é fraca”. Contudo a sede dos desejos é o espírito e não o corpo. O Espiritismo não proíbe nada é fato. Mas, muitas vezes escorados nas suas falácias alguns argumentam , ora se o Espiritismo não proíbe, então tudo está liberado. E na ladainha para reforçar os pontos de vista alegam que “a virtude está no equilíbrio”, pois o que é prejudicial é o abuso, não o uso.

    Do livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, capítulo VII: “As penas futuras segundo o Espiritismo”, esclarece que a carne só é fraca porque O Espírito é fraco, pois quando destituída de pensamento e vontade, a carne não pode prevalecer sobre o Espírito, que é o ser pensante e de vontade própria. [4]E mais, Deus nos dotou do livre-arbítrio. Como explicam os Espíritos em resposta à questão 843 de O Livro dos Espíritos, sem o livre-arbítrio, o homem seria uma máquina, pois se tem a liberdade de pensar, é compreensível que tenha a liberdade de agir.[5]

    O autoerotismo não deixa de ser uma busca de "prazer" egoísta, por isso mesmo, toda prudência é imprescindível. Na área sexual, urge vigilância permanente, pois, na maioria das vezes ao se masturbar, a criatura não está tão solitária como imagina. Espíritos sexólatras podem estimular este vício solitário, nos processos de simbiose, prejudicando até mesmo casais quando um dos parceiros opta por masturbar-se. Entretanto é mister considerar que cada caso é um caso, sem desconsiderar jamais que o equilíbrio e a disciplina mental precisam ser alcançados. Por isso o Espírito Emmanuel, no livro "O Consolador", questão 184, orienta-nos que, "ao invés da educação sexual pela satisfação dos instintos, é imprescindível que os homens eduquem sua alma para a compreensão sagrada do sexo".[6]

    Ainda recorrendo ao excelso Emmanuel, estudamos que “diante das proposições a respeito do sexo, é justo sintetizarem-se todas as digressões possíveis nas seguintes normas: não proibição, mas educação; Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo; Não indisciplina, mas controle; não impulso livre, mas responsabilidade. Fora disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência. Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra da sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da reencarnação, porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um. Ninguém se burila de um dia para outro e as conversões religiosas exteriores não alteram, de improviso, os impulsos do coração. [7]

    Em face disso, muitos de nossos erros imaginários na Terra são caminhos certos para o bem, ao passo que muitos de nossos acertos hipotéticos são trilhas para o mal de que nos desvencilharemos, um dia!...A energia sexual, como recurso da lei de atração, na perpetuidade do Universo, é inerente à própria vida, gerando cargas magnéticas em todos os seres, face às potencialidades criativas de que se reveste. 

    Referências bibliográficas:




    [4] Kardec, Allan. O Céu e o Inferno, RJ: Ed. FEB 2000, capítulo VII

    [5] Kardec, Allan, o Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2000, pergunta 843

    [6] Xavier, Francisco Cândido. Consolador, ditado pelo Espirito Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 2001, questão 184

    [7] Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, ditado pelo Espirito Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 2003

    sábado, 12 de setembro de 2015

    ANTE A CRISE DE REFUGIADOS DO MUNDO (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen

    Documento da Organização das Nações Unidas considera a guerra civil síria como a grande tragédia do século 21. O conflito foi marcado por violenta revolta armada em 2011. Segundo estimativas de organizações internacionais, o número de mortos na guerra é de quase 300 mil pessoas. Mais de quatro milhões de sírios já teriam buscado refúgio no exterior para fugir dos combates. O governo sírio garante estar tão-somente combatendo terroristas armados que visam desestabilizar o país. A guerra, todavia, tem raízes de natureza sectária e religiosa, com diversas facções atingindo outros países como Iraque e o Líbano, atiçando especialmente a rivalidade entre xiitas e sunitas.

    A partir de 2013, aproveitando-se do caos da guerra civil tanto na Síria quanto no Iraque, um grupo autoproclamado Estado Islâmico (EI, ou ad-Dawlah al-Islāmīyah) começou a reivindicar territórios na região. Desde então, passou a chamar a atenção do mundo pelos requintes de violência e crueldade nas inúmeras atrocidades que cometem. Lutando inicialmente ao lado da oposição síria, as forças desta organização passaram a atacar qualquer uma das facções (sejam apoiadoras ou contrárias ao presidente sírio) envolvidas no conflito, buscando hegemonia total.

    Em junho de 2014, militantes deste grupo proclamaram um Califado na região, com seu líder Abu Bakr al-Baghdadi como o califa. Eles rapidamente iniciaram uma grande expansão militar, sobrepujando rivais e impondo a sharia (lei islâmica) nos territórios que controlavam. Então diversas nações ocidentais como os Estados Unidos, as nações da OTAN na Europa e países do mundo árabe, temendo que o fortalecimento do EI representasse uma ameaça a sua própria segurança e a estabilidade da região, iniciaram uma intervenção armada contra os extremistas.

    O relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) divulgado recentemente revela uma estatística catastrófica: são quase 60 milhões de refugiados, requerentes de asilo e deslocados internos até 2014, e esse número cresce a cada dia. O relatório diz ainda que 15 conflitos surgiram ou se reiniciaram nos últimos cinco anos. Isso fez com que milhares de pessoas buscassem refúgio em outros países. É como se 1 em cada 122 pessoas no mundo fossem refugiadas.

    E o que mais assombra na estatística é que a metade são crianças. Uma delas é representada pelo menino sírio de três anos fotografado morto numa praia na Turquia após o barco em que estava com a família ter naufragado na tentativa de chegar à Grécia. Tal foto chocou o mundo e chamou atenção para a situação dos refugiados e imigrantes na Europa.

    Em meio ao que se tornou a maior crise de refugiados do mundo desde a Segunda Guerra Mundial, felizmente nem tudo está perdido. Descobrimos aqui e ali amostras de comiseração diante desse quadro de calamidade humana. A exemplo da generosidade demonstrada por um casal de noivos turco, que decidiu compartilhar a alegria do dia do casamento com milhares de refugiados sírios, convidados para celebrar junto com eles na cidade de Kilis, no Sul da Turquia. Os noivos distribuíram pessoalmente, ainda vestidos com os trajes da festa de núpcias, toda a comida armazenada em alguns caminhões.

    Vários países enfrentam dificuldades para conviver com essa nova realidade de imigrantes chegando aos milhares em suas terras, mas um grande exemplo de compaixão e caridade noticiado na imprensa veio da Islândia, onde mais de 12 mil islandeses, um país com pouco mais de 300 mil habitantes, ofereceram suas casas para receber os refugiados.

    Grande exemplo de altruísmo deu o bilionário Naguib Sawiris, anunciando que quer comprar uma ilha para abrigar as famílias que buscam uma nova vida longe das guerras e da perseguição. Naguib acredita que sua ideia é viável e que ele será capaz de construir um novo país a partir do zero, investindo fortemente em infraestrutura. Mas é preciso convencer os países a lhe vender uma ilha desabitada e obter o direito de existência legal de um novo país.

    Outro endinheirado, Hamdi Ulukaya, fundador da Chobani – marca líder no mercado de iogurte grego nos Estados Unidos – decidiu aderir ao The Giving Pledge, iniciativa criada por Bill Gates e Warren Buffett que reúne ricaços do mundo inteiro dispostos a doar uma parte ou suas fortunas inteiras em vida. Ulukaya, que é dono de um patrimônio estimado em US$ 1,41 bilhão (R$ 5,44 bilhões), entra para o grupo com a missão de investir pelo menos metade desta cifra em ações que auxiliem refugiados em todo o mundo. No ano passado ele já havia doado US$ 2 milhões (R$ 7,72 milhões) à Agência da ONU para Refugiados, e recentemente também criou uma fundação, a Tent, cujo foco está na mesma causa.

    Conquanto infrequentes há muitas pessoas generosas entre nós. A Terra entretanto é um mundo de expiações e provas, razão pela qual a paz absoluta ainda não se encontra neste planeta, apenas em mundos mais evoluídos. Em nosso orbe a tranquilidade social é relativa.[1] É verdade! Ao Espiritismo cristão está reservada a tarefa de alargar os horizontes dos conhecimentos, nos domínios da alma humana, contribuindo para a solução dos enigmas que atormentam as sociedades contemporâneas de todas as culturas, projetando luz nas questões quase que indecifráveis do destino e das dores morais do homem contemporâneo.

    Em suma, à proliferação do fenômeno migratório é necessário contrapor com a universalização do altruísmo e do auxílio incondicional, a fim de humanizar as condições dos banidos forasteiros. Ao devotamento e abnegação para com os migrantes e os refugiados há que vincular o entusiasmo e a capacidade criativa imprescindíveis para ampliar, em nível planetário, uma ordem social, econômico-financeira e política mais justas e equitativas, ao lado de um maior comprometimento a favor da paz, condições essas imperiosas para o robustecimento do Evangelho entre os homens.

    Referência bibliográfica:

    [1] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 20, capítulo V, RJ: Ed. FEB, 2000

    sexta-feira, 11 de setembro de 2015

    AS LUZES DO “CAMINHO”, PORÉM O HOMEM AINDA NÃO SE CRISTIANIZOU (Jorge Hessen)



    Adicionar legenda
    Depois da chamada aparição (“ressurreição”) e a “ascensão” de Jesus, os apóstolos retornaram a Jerusalém, exatamente como o Senhor lhes havia ordenado.[1] Deram início às reuniões em suas residências, e aos poucos os encontros foram se tornando públicos. Nessa conjuntura ainda não eram conhecidos como "cristãos", porém "nazarenos", dando início ao formato das comunidades (grupos) dentro do Judaísmo.[2] O célebre “pentecostes”, ocorrido logo após a “ascensão” do Mestre, veio fortificá-los na fé, cientificando a todos que o Cristo não os desamparara. Exaltando o Evangelho em diferentes idiomas pela psicofonia dos divinos médiuns, os Espíritos comprovavam que se cumpria naquele momento o prenúncio de Jesus de que sua mensagem seria ouvida por todas as nações da Terra.

    Naquela ocasião, outro fato enternecedor adveio com Cléofas e outro discípulo que no domingo da “ressurreição” viajavam de Jerusalém para a aldeia próxima de Emaús, quando o próprio Crucificado se lhes ajuntou na caminhada. Posteriormente, Jesus apareceu por duas vezes totalmente materializado em Jerusalém nas reuniões realizadas em recinto fechado entre os apóstolos. Em seguida se apresentou na praia e comeu com alguns discípulos peixe assado e um favo de mel. Por cerca de quarenta dias após a “ressurreição”, continuou oferecendo provas inequívocas da imortalidade.

    Nos supremos instantes os apóstolos reunidos oravam, cantavam, viviam e divulgavam o Evangelho, consubstanciando na fundação da “Casa do Caminho”, marco inicial daquela fase de ouro do Cristianismo primitivo. A recordação desses dois ou três primeiros anos do “pós-gólgota” ficou sendo como a de um paraíso terrestre, que o Cristianismo posterior jamais conseguiu reeditar. 

    Os apóstolos pregavam com arrebatamento a Boa Nova. As orações eram às vezes tão intensas que o próprio prédio “sacudia” em seus alicerces. A vida religiosa dos mesmos centrava em alguns desempenhos fundamentais: a oração, os sermões, a instrução religiosa e uma coletiva refeição diária. Levavam uma vida simples, despojada, sem confiar no poder do dinheiro. Em razão disso não se deixavam corromper.

    Sem dúvida, as grandes colunas ou desígnios da “Casa do Caminho” foram: o ensino e vivência da mensagem de Jesus, a assistência social, os tratamentos físico e espiritual, e a instauração de ambiente fraterno. Empregavam o trabalho assistencial de distribuição de alimentos, de remédios, de roupas e até mesmo dos dons curativos como chamariz para conseguirem o objetivo maior: a evangelização do socorrido. Procuravam transformar o assistido em assistente tal como aconteceu com Jeziel, que veio a ser o admirável Estevão, primeiro mártir do Cristianismo.

    Não cobiçavam cargos de comando. Certa vez, Pedro, o primeiro líder do grupo, deliberou escolher um sucessor para Judas Iscariotes no colégio apostólico. Reuniu uma assembleia para eleger o sucessor. A assembleia apresentou dois nomes: José Justo e Matias (dois fidedignos cristãos). Sugeriu-se então, em vez de eleição, depositar os dois nomes numa sacola e retirar um após uma prece. Desse modo Matias foi o escolhido para suceder a Judas Iscariotes. A comunidade vivia um momento tão fraternal que José Justo, embora não tenha sido escolhido pelo sorteio, ofertou sua propriedade à “Casa do Caminho”, em sinal de solidariedade à decisão tomada pelo Plano Superior.

    Simão Pedro e companheiros administraram a “Casa do Caminho”, situada na estrada que ligava Jerusalém a Jope. Auxiliado particularmente por Tiago (filho de Alfeu) , Filipe  e por João (filho de Zebedeu), Cefas organizou os primeiros arranjos da instituição ao influxo amoroso das lições do Mestre. Em face disso, a residência do velho pescador (doação dos amigos do "Caminho"), transbordava de enfermos e desvalidos sem esperança. É célebre a frase do Cristo "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Em face dessa citação, quando os discípulos assumiram a divulgação do Evangelho, passaram a ser conhecidos como os “homens do Caminho".

    O número de seguidores da nova Doutrina aumentou espantosamente – além dos discípulos judeus-palestinenses havia discípulos da diáspora, apontados como "helenistas". Nesse contexto em que a “Casa do Caminho” crescia, paralelamente ocorriam os rigores do misticismo de Tiago, filho de Alfeu. Irromperam as diferenças de opiniões e de interesse entre os discípulos judeus-palestinenses e os “helenistas”. Os apóstolos, sentindo a necessidade de se dedicarem só à pregação, providenciaram para que a comunidade escolhesse trabalhadores fiéis para instruir os judeus da diáspora ( “helenistas”).[3]

    Destaca-se na ocasião o “helenista” Estêvão, um judeu da diáspora, que aderiu à "Seita do Caminho" e começou a fazer em Jerusalém pregações veementes acusando os judeus de massacrarem os Profetas e Jesus, além de críticas à Lei e ao Templo. Talvez fosse ele o porta-voz da mais antiga pregação dos discípulos convertidos provindos da diáspora.

    O irmão de Abigail analisava as profecias, sobretudo de Isaias. Ao saber que Jesus havia sido crucificado, recordou o profeta: “Levantar-se-á como um arbusto verde, vivendo na ingratidão de um solo árido, onde não haverá graça nem beleza. Carregado de opróbrios e desprezado dos homens, todos lhe voltarão o rosto. Coberto de ignomínias, não merecerá consideração. É que Ele carregará o fardo pesado de nossas culpas e de nossos sofrimentos, tomando sobre si todas as nossas dores.”[4]

    Quando outros seguidores do Mestre contemporizavam os comentários públicos com exposições agradáveis ao judaísmo predominante, “Estevão apresentava à multidão o Salvador do Mundo, indiferente às lutas que iria provocar, comentando sobre a vida do Crucificado com o seu verbo inflamado de luz.”[5]

    O idioma grego foi o veículo de transmissão do Cristianismo nos seus primeiros tempos. Mais tarde Paulo pregou que não havia diferença entre "judeu" (palestinenses) e "grego" (“helenistas”) quanto à “salvação” em Jesus Cristo, porque pelo "batismo do Espírito", ou seja, imposição de mãos pelo passe, todos se tornavam "irmãos em Cristo"; portanto não era preciso passar antes pelo judaísmo para se tornar cristão. Mas tal questão só ficou definitivamente resolvida após uma reunião com os apóstolos e os anciãos (presbíteros) na comunidade (igreja) de Jerusalém, em 49 d.C. A essa reunião alguns estudiosos chamam de "Concílio" de Jerusalém. [6]

    Fazemos aqui uma breve interpolação por questão de coerência histórica. Em nossa narrativa não podemos esquecer que a primeira dessas congregações cristãs surgiu na Galileia, e era composta principalmente de mulheres oprimidas e simples do povo. Tais baluartes do Evangelho atendiam os mendigos, pedintes, coxos e aleijados com auxílios de amparo e de solidariedade. Na crise do Calvário, que culminou na morte de Jesus, as mulheres galileias tiveram posição destacada aos pés da Cruz. A “Casa do Caminho” contou com a colaboração fundamental de valorosas companheiras de ideal. Maria (mãe de Jesus), Lídia (mãe de Silas), Maria e sua irmã Marta, Suzana, Salomé, Maria [esposa de Cléofas], Maria (mãe de João Marcos), Maria de Magdala, Joana de Cusa, Loíde e Eunice ( avó e mãe de Timóteo), Priscila (esposa de Áquila), Lídia, viúva digna e generosa etc, etc, etc...

    Mais de cem pessoas recebiam assistencialmente alimentação diária, além dos serviços de socorro aos enfermos, aos órfãos, aos alienados mentais e viciados. Por outro lado, a perseguição atroz do judaísmo obrigou a uma relação de permanentes concessões. Havia infelizmente a dependência monetária da sociedade judia para manutenção da obra.

    Certa ocasião, Paulo, já convertido, quando em visita a Jerusalém, consternado com a situação da “Casa do Caminho”, em diálogo com Pedro, recomendou buscarem-se outros meios de libertar as verdades evangélicas do convencionalismo humano. Sugeriu serviços agrários de captação de recursos próprios. Cada assistido trabalharia de conformidade com as próprias forças. Assim poderia emancipar o grupo de Jerusalém das imposições do farisaísmo.

    Pedro justificava que os assistidos já trabalhavam, contudo a igreja continuava onerada de despesas e dívidas que só a cooperação do judaísmo poderia atenuar. Paulo advertiu, porém, que se poderia atender a muitos doentes, ofertar um leito de repouso aos mais infelizes; todavia sempre houve e haverá corpos enfermos e cansados na Terra. Na tarefa cristã, obviamente semelhante esforço não pode ser esquecido, mas a iluminação do espírito deve ser tarefa prioritária. Se o homem trouxesse o Cristo no íntimo, o quadro das necessidades seria completamente modificado.

    Não mais de três séculos decorridos dos tempos apostólicos surgiram a falsidade e a má fé, adaptando-se às conveniências dos poderes políticos do mundo, desvirtuando-se todos os princípios, por favorecer doutrinas de violência oficializada. Por isso, a civilização ocidental não chegou a se cristianizar. [7] Mas o Espiritismo, na sua missão de Consolador, será o amparo do mundo nestes séculos de declives da sua História; só ele pode, na sua feição de Cristianismo redivivo, salvar as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos. [8]

    São chegados os tempos em que as forças do mal serão compelidas a abandonar as suas derradeiras posições de domínio nos ambientes terrestres. Trabalhemos por Jesus, ainda que a nossa oficina esteja localizada no deserto das consciências. [9]

    Nota e referências bibliográficas:

    [1] Lc 24:52; Atos 1: 12-13).
    [2] Os discípulos do Crucificado foram chamados "cristãos" pela primeira vez na comunidade de Antioquia, na Síria; por sugestão de Lucas
    [3] Atos 6
    [4] Isaías, 9:6-7

    [5]            Xavier, Francisco Cândido. Paulo e Estêvão, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1982
    [6]            Atos 15:1
    [7]            Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, ditado pelo Espirito Emmanuel, RJ: Ed. FEB, 1997
    [8]            idem

    [9]            idem

    quarta-feira, 9 de setembro de 2015

    O pedido de pauta na reunião ordinária do CFN de 2015



    Analisando a desaprovação da FEB  a respeito do "pedido de pauta na reunião ordinária do CFN de 2015,  para análise de proposta ao Conselho Federativo Nacional objetivando alteração do estatuto da FEB pela Assembleia Geral, ampliando a REPRESENTATIVIDADE, de dez para vinte e sete, dos integrantes do CFN a comporem o Conselho Superiorda denominada “casa-mater, deliberamos publicar (na íntegra) a REITERAÇÃO do pedido de pauta apresentada pelas federativas do Amapá e Rio de Janeiro .
    Ei-la:


    Ilustre Presidente do CFN da FEB, (Com cópia para os membros do CFN)

    As Federativas do Amapá e Rio de Janeiro vêm a sua presença expor o requerer o seguinte: 


    No dia 06 de agosto do ano em curso, as signatárias requereram pedido de pauta na reunião ordinária do CFN de 2015 para análise de proposta ao CFN com o objetivo de alteração do estatuto da FEB pela Assembleia Geral, ampliando a representatividade, de dez para vinte e sete, dos integrantes do CFN a comporem o Conselho Superior da FEB.


    Para nossa surpresa e desapontamento a pauta ora encaminhada não contemplou o assunto pedido o que demonstra indubitavelmente que o mesmo foi indeferido.


    Chamamos a atenção para o estatuto da FEB que sobre o assunto assim estabelece:


    “Art. 7º - São direitos dos representantes das instituições que compõem o CFN: 

    III – apresentar sugestões de interesse geral que visem dinamizar e atualizar o Movimento Espírita Nacional; ”


    Conforme se infere do dispositivo supra, é um direito das federativas proporem assuntos a serem apreciados pelo CFN.


    A presidência do Conselho Federativo Nacional pode até não concordar com as ideias propostas por um de seus integrantes, mas não pode unilateralmente impedir a apreciação pelo colegiado de questões de interesse geral dos componentes que, inclusive, são os que tem o poder de decisão segundo o regimento interno do CFN, senão vejamos:

    Art. 17 - As deliberações do CFN serão tomadas por maioria simples de votos dos representantes presentes cabendo ao Presidente o voto de qualidade

    Ou seja, o presidente do CFN é o grande condutor da reunião, o grande árbitro e moderador dos debates, mas só tem poder de voto em caso de empate, é isso o que quer dizer o termo “voto de qualidade”, também conhecido como “voto de minerva”.


    Ao decidir que a proposta apresentada pelo Amapá e Rio de Janeiro não deva constar na pauta a presidência sozinha já julgou a proposta prejudicada, impedindo os debates e deliberações do mérito da matéria pelo plenário do CFN, quem realmente detém legitimidade para tal.

    Lembramos que se a sugestão de pauta não fora produzida pelo presidente, cabe tão somente a ele aprovar ou não a minuta que lhe fora apresentada, já que sua resposta para a FEEGO, (via email) do quando esta federativa subscreveu o pedido fora de que "o assunto constaria da pauta do CFN".

    A delegação de poderes a quem quer que seja não indica atribuir infalibilidade a este. A responsabilidade é sempre do condutor do processo. No caso, o presidente do CFN.


    Ante ao exposto, requerem que a decisão denegatória seja reconsiderada para que conste na pauta da próxima reunião ordinária do CFN como um dos assuntos a serem debatidos e deliberados pelo seu plenário.


    Na certeza de sua sensibilidade ao pedido formulado encerramos este com votos de saúde e paz.


    Fraternalmente,

    Felipe Menezes – FEAP

    Helio Loureiro - CEERJ


    REGISTRO:

    (Diferença de posturas do atual e do ex-presidente da FEB, quando este último convocou reunião para tratar de assuntos levantados por minoria de Federativas - abaixo citadas)



    Da ATA DA REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DO CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL DO ANO DE 2014 (dias 23 e 24 de agosto de 2014)


    (Distribuída com a Pauta da Reunião de nov./2014)


    Trecho de leitura inicial da Convocação feita pelo presidente da FEB Antonio Cesar Perri de Carvalho:


    A seguir o Secretário Geral do CFN, Roberto Fuina Versini, leu a convocação e a pauta da presente reunião: Considerando: 1) Fatos desenrolados a partir da ampla divulgação de Carta assinada por dirigentes das Federativas de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no dia 21/6/2014, e explicitados na Circular CFN-FEB no 13/2014 do presidente da FEB, do dia 2/7/2014; 2) Que imediatamente – em apenas um dia –, após a divulgação da Circular CFN-FEB no 13/2014, mais da metade das Entidades Federativas Estaduais se manifestaram apoiando a proposta do presidente da FEB, de realização de uma Reunião Extraordinária do CFN da FEB; E com base no Estatuto da FEB (Art. 61, par.1º) e Regimento Interno do CFN da FEB (Art.10), convocamos o Conselho Federativo Nacional da FEB para o local, dia, horário e cumprimento de pauta, abaixo especificados: Local: Sala do CFN, na sede da FEB, em Brasília; Dias: 23 e 24 de agosto de 2014; Horários: das 8h30 do dia 23/8 (sábado) até 12h do dia 24/8 (domingo); Pauta: 1) Relações entre decisões do CFN/Áreas Nacionais do CFN/Estruturas da FEB, à luz do Estatuto da FEB e do Regimento Interno do CFN da FEB; incluindo-se sugestões de Entidades Federativas Estaduais; 2) “Planejamento Estratégico” da FEB no tocante a ações federativas. Solicitação feita durante reunião conjunta do Conselho Superior da FEB com o CFN (Ata do Conselho Superior da FEB do dia 9/11/2013); 1) Assuntos para a pauta da Reunião Ordinária do CFN programada para novembro pf..


    "[...] convocada pelo presidente da Federação Espírita Brasileira, Antonio Cesar Perri de Carvalho, a fim de abrir espaço para um diálogo direto, franco e geral, com o objetivo de contribuir para a análise, compreensão e encaminhamentos que visem o melhor entendimento das relações entre decisões do CFN..." (Reformador, edição de outubro de 2014, p. 633-4).



    NOSSAS REFLEXÕES:


    Será que o indeferimento do pedido de pauta na reunião ordinária do CFN de 2015 inviabiliza a discussão da questão na reunião do CFN?


    Obviamente não! Ainda mesmo que neguem novamente REITERAÇÃO do pedido de pauta, os representantes poderão provocar o assunto no CFN, pois parece-nos que há consenso.


    Acreditamos que muitos líderes espiritas estão divisando essa anomalia institucional. O futuro presidente da FEB precisa ser eleito também com os 27 votos do CFN. A FEB tem sido  tão-somente um majestoso centro espírita, cujo Conselho Superior atual mantém as rédeas do M.E.B. A FEB necessita transformar-se num fórum de discussões com maior representatividade para busca de saídas coerentes quanto à direção cristã do M.E.B. 


    A rigor o “Espiritismo organizado” deve passar por amplas mudanças, para isso, urge evoluir os conceitos federativos e tornar-se mais coeso e atento em suas interrogações e respostas. As lideranças federativas não devem permanecer sob o tacão de um centro espírita localizado em Brasília que detém a supremacia sobre todos os centros espíritas do Brasil. Não faz nenhum sentido. A ser mantido a atual composição do Conselho Superior da FEB, jamais será eleito um presidente membro do CFN.


    Guardamos a esperança que um dia seja criada uma CONFEDERAÇÃO ESPIRITA BRASILEIRA. Sim! um fórum , uma autêntica Comissão Central (aos moldes recomendados por Kardec) para condução do M.E.B. consubstanciando-se no grande   convite ao pensamento crítico, avistando, sob a coerência doutrinária, a união dos espíritas atentos e unificação dos princípios  daqueles que se esforçam para as práticas simples do Evangelho.


    Os presidentes e representantes das federativas necessitam arregaçar as mangas nesse sentido. Somente assim poderemos afirmar que no Brasil ainda é possível criar-se a legítima COMISSÃO CENTRAL tão almejada pelo Codificador.

    Jorge Hessen