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  • sexta-feira, 4 de setembro de 2020

    O choro como válvula de escape da aflição

     O choro como válvula de escape da aflição 

    Jorge Hessen 
    jorgehessen@gmail.com 
    Brasília - DF 

    O choro pode durar a noite inteira, mas de manhã vem a alegria. (1) Estudiosos afirmam que a função evolutiva do choro foi despertar empatia no semelhante e estimular o auxílio em momentos de necessidade. Na verdade, a histórica cooperação entre indivíduos foi e continua sendo essencial para a sobrevivência da espécie humana.

    Sabe-se que o choro libera hormônios e neurotransmissores que aliviam a tristeza e a dor. Especialistas alegam que reprimir o choro significa abafar alguns sentimentos, tornando mais difícil lidar com eles. Em face disso, médicos e psicólogos recomendam chorar para liberar as emoções. O choro amiúde constitui o acesso nas essências mais profundas dos sentimentos. É quando não se domina a amargura e ela necessita ser vazada, exposta, nem que seja solitariamente.

    As lágrimas são um mecanismo de defesa do organismo para liberar o stress e auxiliar no reequilíbrio das emoções. O choro alivia a angústia e pode nos levar a submersões mais intensas, quando oferecemos um sentido para as lágrimas, para aquela dor vivida no presente.

    Todavia, são urgentes alguns alertas! O choro pode ser um episódio ligeiro de tristeza, mas também pode ser um transtorno psicológico depressivo. A tristeza é um estado emocional transitório e comum, uma reação psicológica circunstancial. Entretanto, a depressão, ao contrário da tristeza, não é algo efêmero. Uma pessoa deprimida padece de condição emocional crônica sob as chibatas da ansiedade mental prolongada.

    Meditando a questão do choro, observamos que ele foi sublime em Jesus. Como registrou o evangelista afirmando que à frente de Lázaro “morto”, o Cristo chorou. O excelso Galileu “também chorou lamentando a incompreensão dos homens sentado em uma das grandes raízes de uma árvore no fundo do quintal da casa de Pedro".(2) Jesus chorou no Getsêmani, quando sozinho, todavia, em Jerusalém, sob o peso da cruz, rogou às mulheres generosas a cessação das lágrimas. Na alvorada da Ressurreição, questionou Madalena a razão do seu choro junto ao sepulcro.

    Conta o Espírito Hilário Silva no livro “A Vida Escreve” uma metáfora em que Eurípedes Barsanulfo teria indagado ao Mestre: “Senhor, por que choras?”. Jesus não respondeu. O nobre filho de Sacramento reiterou: “Choras pelos descrentes do mundo?” E após um instante de atenção, Jesus respondeu em voz dulcíssima: “Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amor. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam”.(3)

    Sabendo que o choro pode significar abrigo de alívio, consintamos que ele advenha, para benefício daquele que chora. Apenas expressemos compaixão. Abriguemos os que choram, dizendo-lhe frases do tipo: “Conte comigo”, “estou ao seu lado”, “compreendo e respeito sua agonia”, “confie e espere’, ‘tudo passa”, sempre sussurrando-lhe Jesus aos ouvidos: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” (4)

     

    Referências bibliográficas:

    1             Salmo 30:5

    2             FRANCO, Divaldo. Primícias Do Reino Ditado pelo Espírito Amélia Rodrigues, Salvador: Editora, LEAL 2015

    3             XAVIER, Francisco, VIEIRA, Waldo. A Vida Escreve, pelo Espírito Hilário Silva, ed. FEB, 1998

    4             Mateus 5:4