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  • segunda-feira, 7 de julho de 2014

    Responsabilidade Nossa (Jose Passini)


             Conscientes da responsabilidade que cabe a todos nós espíritas, no sentido da manutenção da fidelidade à Doutrina que nos ilumina os caminhos, é que devemos atentar para o cuidado que devemos ter quando usamos o nome “Espiritismo”.
             No Espiritismo não há autoridades religiosas que possam manifestar-se a favor ou contra qualquer publicação, tachando-a anti-doutrinária, nem tampouco condenar essa ou aquela prática levada a efeito numa sociedade espírita.
             O Espiritismo é uma doutrina de livre-exame, adotada por livres-pensadores. Seu embasamento dá-se em Jesus e em Kardec.
             Noutras religiões, há conselhos formados por pessoas que detêm um certo poder no campo doutrinário, e esses conselhos deliberam sobre pessoas que devam ser acatadas ou banidas do grupo. Igualmente deliberam sobre inovações e publicações.
             No Espiritismo não há nada disso. Todos os espíritas temos responsabilidade definida em tudo o que apresentamos ou que apenas prestigiamos em nome da Doutrina. Cada espírita é, no âmbito de suas atividades, um guardião dos princípios básicos do Espiritismo, cabendo-lhe – para ter o direito de dizer-se espírita – o dever de resguardar-lhe a coerência, a nobreza, a objetividade, a clareza, a simplicidade e a fidelidade aos princípios ético-morais do Evangelho de Jesus e aos princípios doutrinários estabelecidos pelos Espíritos Superiores, codificados por Kardec.
             Assim pensando, analisemos certas publicações que nos parecem estranhas:
             Fazendo-se um estudo sobre materialização, com base nas experiências de William Crookes, de Alexander Aksakoff e de outros cientistas que estudaram o fenômeno nos primeiros tempos do Espiritismo, vê-se que para se obter uma materialização ou um simples efeito físico há a necessidade do concurso de várias pessoas, de ambiente equilibrado e previamente preparado, além de um médium.
             André Luiz, no livro "Missionários da Luz", cap. 10, intitulado "Materialização", descreve detalhadamente os trabalhos exaustivos desenvolvidos por mais de vinte entidades, algumas de nobre hierarquia do Mundo Espiritual, numa sala mediúnica, onde se desenvolveriam os trabalhos de materialização.
             Como conciliar o exaustivo trabalho dos autores acima citados, somado a esse minucioso relato de André Luiz com o que se lê na obra "Por Amor ao Ideal" (págs. 282/286), psicografado por Carlos Antônio Baccelli, onde um Espírito desencarnado há um século teria conseguido materializar-se com os fluidos do cadáver de um bêbado, e teria saído, materializado, de dentro da cova, caminhado pelas ruas e se consultando com um médico psiquiatra, por várias vezes, sem sequer dizer seu nome? E o psiquiatra não lhe estranhou as vestes de mais de um século atrás? Nem há explicação de como falava Português. Se fosse tão fácil e corriqueira assim a materialização, nunca se saberia se a pessoa, que encontramos na rua, está encarnada ou se é um espírito materializado...
             No livro "A Escada de Jacó" (págs. 186/187), do mesmo autor, é descrito o uso de fluidos de um camelo agonizante no socorro dado por um Espírito a um menino encarnado que tivera os dois braços arrancados por uma explosão e que se teria tornado vidente, pois falava com o Espírito que o socorria, comentando até os seus planos futuros de tornar-se médico também. É de se estranhar, também, que alguém que perdera dois braços não tivesse desmaiado ou não estivesse gritando de dor.
             Se é tão fácil a obtenção de fluidos para socorro a encarnados, a ponto de estancar forte hemorragia, a partir de animais agonizantes, por que os Espíritos têm de se valer de encarnados como doadores, conforme descrito na obra de André Luiz, acima citada, no seu cap. 7? Não seria mais fácil, para os Espíritos, a obtenção desse fluido tão abundante nos matadouros?
             E o que dizer ao apoio claro dado ao aborto, em caso de estupro e de anencefalia, declarado pelo Espírito que se faz passar pelo Dr. Inácio Ferreira, no livro “Fala, Dr. Inácio!” (pags. 128/131)?
             Atavés do mesmo médium, talvez o mesmo Espírito mistificador, na obra “Chico Xavier Responde” (pags. 136/137), apoia o aborto em caso de anencefalia, validando-o também em caso de estupro.
             O que responderemos àqueles que, ao ingressarem nos estudos da Doutrina, nos perguntarem sobre isso? Onde está a nossa fé raciocinada? Onde está o nosso zelo para com a Doutrina a que tanto devemos, face aos novos horizontes que delineia para nós? Vamos seguir o sábio conselho de Paulo (I Tes, 5: 21): "Examinai tudo. Retende o  bem."? Temos examinado o que se publica em nome do Espiritismo? Ou temos deixado correr? Quem é o responsável pela fidelidade doutrinária?
             Urge, mais do que nunca, uma ação corajosa, consciente de fidelidade não só à Doutrina, mas a nós próprios, à nossa consciência, pois "quem cala, consente".
             Com a palavra os responsáveis pelas livrarias, centros espíritas e clubes do livro.


    José Passini

    passinijose@yahoo.com.br
    Juiz de Fora MG               

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