MINHAS PÁGINAS

  • LEITORES
  • segunda-feira, 7 de setembro de 2020

    Armas de fogo para quê? Somos pela paz

     Armas de fogo para quê? Somos pela paz



    Jorge Hessen 
    Brasília - DF 

    Um encontro entre jovens, em um condomínio de luxo de Cuiabá, se tornou uma tragédia no dia 12 de julho de 2020. Naquela tarde, como fazia com frequência, Isabele Guimarães, de 14 anos, foi à casa das amigas. Horas depois, a jovem foi morta com um tiro no rosto. A autora do disparo Laura, também de 14 anos, relatou à polícia que atirou de modo acidental em Isabele.

    A adolescente afirmou que se desequilibrou, enquanto segurava duas armas, e disparou. A família da Isabele não acredita nessa versão. Laura praticava tiro esportivo desde o fim de 2019. Ela participou de duas competições e venceu uma delas. (1)

    Hoje em dia , adolescentes como Laura podem praticar tiro esportivo sem precisar de autorização judicial, graças ao decreto assinado pelo atual presidente do Brasil. A família de Laura, a homicida, integra uma categoria que tem crescido no país, sobretudo durante o atual governo brasileiro: os CACs, aqueles que se declaram colecionadores de armas, atiradores desportivos ou caçadores.

    O caso nos fez rememorar o fatídico plebiscito ocorrido no Brasil há 15 anos sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições. A implicação de tal pleito culminou em não permitir que o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento (Lei 10826, de 23 de dezembro de 2003) entrasse em vigor. Lamentavelmente a maioria da população brasileira apoiou a comercialização de armas de fogo, quando detinha o poder de decidir pela pelo seu impedimento.

    É flagrante que o resultado do plebiscito revelou a controvertida índole moral da maioria dos meus conterrâneos, contrariando naquela conjuntura um levantamento realizado pelo Instituto Brasmarket, a pedido do jornal Diário do Grande ABC, demonstrando que 81,6% da população da região do ABC de São Paulo estava contra a comercialização de arma.

    É por essas e outras razões que o Espírito André Luiz nos aconselha “afastar-nos do uso de armas homicidas, bem como do hábito de menosprezar o tempo com defesas pessoais, seja qual for o processo em que se exprimam. Pois o servidor fiel da Doutrina possui, na consciência tranquila, a fortaleza inatacável.”(2) É categoricamente falsa a segurança oferecida pelas armas no ambiente doméstico, por exemplo, considerando o potencial de alto risco do uso da arma “acidentalmente” , que podem causar efeitos danosos irreparáveis na vida familiar.

    O elevadíssimo investimento de recursos econômicos em armamentos é completamente inútil e desnecessário. Por outro lado, o desarmamento geral será uma prática de eficiência administrativa sem prejuízo social algum, pois haverá desinteresse em conflitos internos e externos devido à possibilidade da convivência amigável em comunidade local ou global, implementado inclusive pela competitividade saudável no trabalho, mas com respeito ao semelhante.

    As leis e a ordem impostas à sociedade como resposta à exigência coletiva são bem-vindas e necessárias, porém, melhor será quando todos souberem amar e fazer ao próximo o que desejaria que lhe fizessem, respeitando-lhe seus direitos, sobretudo o mais fundamental como o direito à vida.

    Não obstante exista no Brasil milhares de centros espíritas, infelizmente ainda lideramos a lista mundial em casos de mortes produzidas com a utilização de armas de fogo. Apesar disso, cremos que nesse contexto o Espiritismo é e sempre será o instrumento por excelência decisivo na transformação pela pacificação social.


    Referências bibliográficas: 

    (1) Disponível em https://br.noticias.yahoo.com/tiro-em-banheiro-e-amizade-002555064.html acesso 06/09/2020 

    (2) VIEIRA, Waldo. Conduta Espírita, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2003, cap. 18.

    sexta-feira, 4 de setembro de 2020

    O choro como válvula de escape da aflição

     O choro como válvula de escape da aflição 

    Jorge Hessen 
    jorgehessen@gmail.com 
    Brasília - DF 

    O choro pode durar a noite inteira, mas de manhã vem a alegria. (1) Estudiosos afirmam que a função evolutiva do choro foi despertar empatia no semelhante e estimular o auxílio em momentos de necessidade. Na verdade, a histórica cooperação entre indivíduos foi e continua sendo essencial para a sobrevivência da espécie humana.

    Sabe-se que o choro libera hormônios e neurotransmissores que aliviam a tristeza e a dor. Especialistas alegam que reprimir o choro significa abafar alguns sentimentos, tornando mais difícil lidar com eles. Em face disso, médicos e psicólogos recomendam chorar para liberar as emoções. O choro amiúde constitui o acesso nas essências mais profundas dos sentimentos. É quando não se domina a amargura e ela necessita ser vazada, exposta, nem que seja solitariamente.

    As lágrimas são um mecanismo de defesa do organismo para liberar o stress e auxiliar no reequilíbrio das emoções. O choro alivia a angústia e pode nos levar a submersões mais intensas, quando oferecemos um sentido para as lágrimas, para aquela dor vivida no presente.

    Todavia, são urgentes alguns alertas! O choro pode ser um episódio ligeiro de tristeza, mas também pode ser um transtorno psicológico depressivo. A tristeza é um estado emocional transitório e comum, uma reação psicológica circunstancial. Entretanto, a depressão, ao contrário da tristeza, não é algo efêmero. Uma pessoa deprimida padece de condição emocional crônica sob as chibatas da ansiedade mental prolongada.

    Meditando a questão do choro, observamos que ele foi sublime em Jesus. Como registrou o evangelista afirmando que à frente de Lázaro “morto”, o Cristo chorou. O excelso Galileu “também chorou lamentando a incompreensão dos homens sentado em uma das grandes raízes de uma árvore no fundo do quintal da casa de Pedro".(2) Jesus chorou no Getsêmani, quando sozinho, todavia, em Jerusalém, sob o peso da cruz, rogou às mulheres generosas a cessação das lágrimas. Na alvorada da Ressurreição, questionou Madalena a razão do seu choro junto ao sepulcro.

    Conta o Espírito Hilário Silva no livro “A Vida Escreve” uma metáfora em que Eurípedes Barsanulfo teria indagado ao Mestre: “Senhor, por que choras?”. Jesus não respondeu. O nobre filho de Sacramento reiterou: “Choras pelos descrentes do mundo?” E após um instante de atenção, Jesus respondeu em voz dulcíssima: “Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amor. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam”.(3)

    Sabendo que o choro pode significar abrigo de alívio, consintamos que ele advenha, para benefício daquele que chora. Apenas expressemos compaixão. Abriguemos os que choram, dizendo-lhe frases do tipo: “Conte comigo”, “estou ao seu lado”, “compreendo e respeito sua agonia”, “confie e espere’, ‘tudo passa”, sempre sussurrando-lhe Jesus aos ouvidos: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” (4)

     

    Referências bibliográficas:

    1             Salmo 30:5

    2             FRANCO, Divaldo. Primícias Do Reino Ditado pelo Espírito Amélia Rodrigues, Salvador: Editora, LEAL 2015

    3             XAVIER, Francisco, VIEIRA, Waldo. A Vida Escreve, pelo Espírito Hilário Silva, ed. FEB, 1998

    4             Mateus 5:4