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  • quinta-feira, 31 de março de 2016

    Sobre a Materialidade do Mundo Espiritual


    Leonardo Marmo Moreira

    O nível de materialidade do mundo espiritual é altamente variável. A materialidade do mundo espiritual depende do nível de materialidade do perispírito (corpo espiritual que envolve o Espírito, isto é, o princípio inteligente do universo) da respectiva entidade e o nível de densidade do perispírito depende da evolução intelecto-moral do Espírito.

    Assim sendo, as realidades espirituais que podemos encontrar ao desencarnarmos são completamente variáveis, uma vez que no mundo espiritual ocorre, de forma significativa, uma certa “separação do joio e do trigo". Portanto, ao contrário do mundo físico, no qual, conforme texto evangélico (Sermão da Montanha de Jesus) "Deus faz nascer o sol sobre bons e maus e cair a chuva sobre justos e injustos" (o que equivale a dizer que, durante a encarnação, o “joio” está bem misturado ao “trigo”, pois essa interação é útil para a evolução espiritual de ambos os grupos [“joios” e “trigos”], dentro da proposta de crescimento educacional que a vida física traz a cada um de nós), no mundo espiritual ocorre uma separação bem mais efetiva entre Espíritos de evoluções diferenciadas.

    De fato, as regiões e os estágios de felicidade, paz, trabalho, materialidade do perispírito etc. dependem do crescimento espiritual do indivíduo (bondade intrínseca ao Espírito e produtividade no bem [“a cada um segundo suas obras”]). Se lembrarmos da segunda parte da obra "O Céu e o Inferno" de Allan Kardec, o Mestre Lionês explica-nos que Espíritos ainda muito atrasados (alguns cruéis mesmo!) necessitam sentir "dores físicas", pois não sentiriam nenhum tipo de arrependimento, remorso ou autocrítica. Ou seja, na falta da chamada “dor moral”, eles necessitavam de uma “dor física”, porque o perispírito não deixa de ser, de certa forma, físico, uma vez que é semi-material. Esse “incômodo” despertaria, lenta e gradualmente, a noção de justiça (“Causa e Efeito”) nos Espíritos ainda bastante primitivos.

    Para Espíritos que já teriam algum nível moral, a chamada "dor de consciência" era muito mais "dura" e eficiente para a transformação moral do ser para melhor, pois muitas das sensações físicas já não seriam tão imprescindíveis para o progresso do Espírito. Assim, as possibilidades de trabalho e de realidade espiritual, inclusive de densidade perispiritual, são muito variáveis no mundo espiritual, dependendo do nível de conquista espiritual da respectiva Entidade. Logo, o ambiente em que ela estará inserida e as suas atividades pessoais serão mais ou menos elevadas, dependendo de sua elevação e sua atuação efetiva no bem, sobretudo na última encarnação.

    Podemos também lembrar do "Há muitas moradas na casa do Pai", pois tal afirmativa não diz respeito apenas às diferentes “moradas físicas”, mas também aos diferentes planos de atuação da Entidade espiritual desencarnada. Essa variabilidade de tipos de tarefas espirituais teria, em princípio, essas causas básicas. Com base nas obras espíritas e na própria observação da heterogeneidade espiritual nos seres encarnados, percebemos que “as almas dos homens que viveram no mundo” (os chamados “mortos”) não devem estar restritos a pouco número de ambientes e com tarefas muito semelhantes. As tarefas e realidades espirituais dependem diretamente das conquistas espirituais efetivas de cada indivíduo, e, como nós sabemos, cada um está em um degrau específico, intelecto-moralmente, nessa grande "escada evolutiva". Um trabalhador braçal da Terra que não tenha grandes conquistas morais, mesmo que seja pessoa com bagagens significativas de outras encarnações, gastará, na melhor das hipóteses, um tempo significativo para buscar o desenvolvimento de trabalhos de naturezas completamente distintas das experiências por ele adquiridas previamente. Como os livros doutrinários costumam dizer: “A Natureza não dá saltos”.

    Vale adir que André Luiz, Emmanuel, Chico Xavier e Divaldo Franco sempre afirmaram que o número de Espíritos desencarnados da Terra é bem maior do que o número de Espíritos encarnados terrenos, o que também sugere que o número de tipos de trabalhos no mundo espiritual deva ser bem expressivo.

    Sobre a separação de ambientes, André Luiz deixa claro em sua obra o uso, quando necessário, de barreiras magnéticas (barreiras vibratórias), as quais circunscrevem, literalmente, regiões de atuação de determinado tipo de Espíritos.

    André Luiz, por exemplo, não tem nem a oportunidade de visitar os Ministérios da Elevação e da União Divina, tamanha a diferença vibratória daqueles ambientes em relação ao nível que ele, André Luiz, apresentava. A mãe de André Luiz, por sua vez, vivia em esferas superiores a “Nosso Lar”, em um nível de densidade vibratória muito mais quintessenciado, com maior número de tarefas, maior nível de responsabilidade e afetando maior número de seres espirituais.

    É possível perceber, portanto, que a obra de André Luiz, ao contrário do que muitos apregoam, não está em contradição com a obra de Allan Kardec no que se refere aos diversos níveis de materialidade e de tipos de trabalho que existem no mundo espiritual.

    INQUIETAÇÕES (Jorge Hessen)


    Jorge Hessen

    A ansiedade é o grande sintoma de características psicológicas que mostra a intersecção entre o físico e psíquico, uma vez que tem claros sintomas físicos, como taquicardia (batedeira), sudorese, tremores, tensão muscular, aumento das secreções, aumento da motilidade intestinal, cefaleia (dor de cabeça). Quando recorrente e intensa, também é chamada de síndrome do pânico (crise ansiosa aguda). Toda essa excitação acontece decorrente de uma descarga de um neurotransmissor chamado noradrenalina, que é produzido nas suprarrenais, lócus cerúleos e núcleo amigdaloide. [1]

    A ansiedade, quando exorbita, torna-se causa de muitas enfermidades espirituais e decisões impulsivas, requerendo muitas vezes séculos para a devida reparação, sim, séculos! Jesus convidou-nos a vencer a preocupação exagerada, ou seja, a ansiedade doentia. Pronuncia o Mestre: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal". [2] A pessoa ansiosa, no desejo de acelerar o que imagina ser formidável o que há de advir, conquanto na maioria das vezes seja apenas simples capricho, atrai também dores e desgostos sobre si mesma.

    As ansiedades crônicas desenham itinerários íngremes e jamais edificam algo de útil na vida de alguém. De tal modo que Emmanuel adverte: “se o homem nascesse para andar ansioso, seria dizer que veio ao mundo, não na categoria de trabalhador em tarefa santificante, mas por desesperado sem remissão.” [3] Uma criatura que vive entregue ao pessimismo e aos maus pensamentos tem em volta de si uma atmosfera espiritual escura, da qual aproximam-se Espíritos doentios. A angústia, a tristeza e a desesperança aparecem, formando um quadro físico-psíquico deprimente, que pode ser modificado sob a orientação dos ensinos morais de Jesus. [4]

    Ademais, a conduta mental e espiritual de alguém, quando cultiva os sentimentos da ansiedade, impregna o organismo físico e o SNC (sistema nervoso central) com freqüências vibratórias infectadas que bloqueiam áreas por onde se espalha a energia vital, abrindo campo para a instalação dos múltiplos estados patológicos, em face da proliferação de agentes deletérios (microorganismos de origens psíquicas) degenerativos que se instalam. Por isso, a disciplina mental e emocional surge como sustentáculo do edifício das lutas rotineiras sob o influxo da resignação indispensável diante dos embates vitais ao nosso crescimento espiritual.

    Quando experimentamos uma sensação de angústia, de ansiedade indefinível ou de íntima satisfação, sem que lhe conheçamos a causa, não podemos simplesmente atribuí-la unicamente a uma disposição física, pois “é quase sempre efeito da comunicação em que inconscientemente entramos com os Espíritos, ou da que com eles tivemos durante o sono.” [5] Nesse caso, o processo terapêutico advém da força espiritual quando canalizada de maneira correta sobre os alicerces da educação do pensamento e da disciplina salutar dos hábitos. É um embate sem tréguas, porém o esforço para levá-lo a termo construirá bases morais sólidas naquele que se predispõe a realizá-lo.

    A ansiedade pertinaz como vimos pode ser um distúrbio associado à ocorrência da alteração da noradrenalina. Quando sua produção ou forma de produção se altera podendo ocasionar a ansiedade, entre outras patologias gravíssimas, torna-se uma porta escancarada. O uso dos fármacos pode estabelecer a harmonia química cerebral, melhorando o humor do paciente, no entanto cuida simplesmente do efeito, pois os medicamentos não curam a ansiedade mórbida em suas intrínsecas causas; apenas restabelecem o trânsito das mensagens neuronais, melhorando o funcionamento neuroquímico do SNC (sistema nervoso central). Se os médicos são malsucedidos tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma. Isso porque com Jesus os reflexos do passado serão apenas estímulos para nos entregarmos à lida renovadora e profícua, em prol das nossas existências porvindouras.

    Sim, Jesus nos enviou como legado um dos mais poderosos medicamentos contra o desassossego mental-emocional: a Codificação espírita, cujos preceitos trazem à memória humana a certeza de que, apesar dos açoites aparentemente destruidores do destino, o homem precisa conservar-se de pé, denodadamente, marchando firme ao encontro dos supremos objetivos da vida, enfrentando serenamente os obstáculos como um instrumental necessário que Deus envia às suas criaturas.

    Referências bibliográficas:

    [1] Disponível em http://www.ansiedade.com.br/transtornos/ansiedade/ acesso em 29/03/2016
    [2] Mt. 6:34;
    [3] Xavier Francisco Cândido. Pão Nosso ditado pelo Espirito Emmanuel , cap. 8, RJ: Ed. FEB, 1999
    [4] Kardec, Allan. Revista Espírita de maio de 1867, RJ: Ed FEB, 2000
    [5] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 471, RJ: Ed. FEB, 1972

    quarta-feira, 23 de março de 2016

    “PALAVRÃO” - EXPRESSÃO DO EMPOBRECIMENTO MORAL (Jorge Hessen)



    Filólogos divergem quanto à classificação das palavras de baixo calão e de suas acepções entre ofensivas ou populares. Uma palavra de baixo calão (palavrão) é uma expressão que diz respeito ao grupo de gíria e, dentro desta, apresenta reles, impróprio, afrontoso, grosseiro, obsceno, agressivo ou depravado sob o ponto de vista de alguns conceitos religiosos ou estilos de 

    Uma simples palavra, quando proferida nas ocasiões “certas”, seja ela de estímulo ou de desestímulo, provoca indícios, em quem ouve, de que pode reagir, positivamente, e modificar a sua maneira de pensar sobre determinada circunstância da vida. Por outro lado, a mera palavra pronunciada em momento “inadequado” pode ser motivo de grandes dores 

    A recente publicidade das “escutas” telefônicas pela justiça brasileira tornou público múltiplos conteúdos constrangedores de algumas autoridades. O que nos prendeu a atenção foram os diálogos mantidos através de um festival de palavrões totalmente inaceitáveis nos vocábulos de quaisquer representantes do povo (prefeitos, governadores, ministros). Tais personagens que xingam (com palavrões) ignoram que estão transgredindo o artigo 140 do Código Penal.

    O costume do “palavrão” carrega a sua influência, complexidade e contra-senso. Como expressão do empobrecimento moral a palavra depravada (palavrão) é interdita em todas as instâncias ajuizadas, mas em vez de evitá-las, como recomenda a elegância social, são usadas repetidamente. As palavras de baixo calão são associadas à exaltação ou frustração e por vários outros pretextos nas diferentes circunstâncias de relação social. O uso do palavrão, ao invés de resolver crises emocionais, pode remeter às barras da justiça e ainda trucida a saúde espiritual do seu autor. Qualquer palavra de baixo calão é um despautério verbal e é crime. Xingar denota descompostura nas interações pessoais e sanciona a restrição ética de quem xinga.

    Muitas pessoas creem que o xingar é, “apenas”, uma resposta instintiva para algo doloroso e imprevisto como, por exemplo, bater a cabeça na quina do armário, uma topada inesperada em algum obstáculo ou ainda, quando nos vemos diante de alguma frustração ou aborrecimento. Esses são os momentos mais comuns de as pessoas apelarem para as expressões de baixo calão, e muitos pesquisadores acreditam que eles “ajudam” a aliviar o estresse e a dissipar energia, da mesma forma que o choro para as crianças. Obviamente não aprovamos tal argumento que por si só é astucioso.

    Que de nossa boca sejam, apenas, emitidas palavras voltadas ao bem, à harmonia e à paz. Para esse imperativo, devemos intensificar a disciplina e o treinamento verbal constante, pois que na vida social estamos viciados a lidar com a expressão verbal muito levianamente. Lembremos, porém, que sempre seremos responsáveis pelas consequências, diretas e indiretas, das palavras que proferimos a esmo.


    Pessoas sóbrias no trato com o próximo não se expressam de forma vulgar, pois fazem uso, unicamente, do verbo elevado. Portanto, extinguir o lixo mental é importante decisão para prosperarmos na ciência da boa conversação. As palavras são os reflexos dos pensamentos; quando pensamos com bondade e compreensão, é isso que nossas palavras refletirão.

    segunda-feira, 21 de março de 2016

    Reflexões sobre Pátrias e seus momentos


    Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)


    Com compromissos em São Paulo, fizemos o passeio habitual pela avenida Paulista e, entre outros episódios domingueiros, lá estava um grupo defendendo postulações relacionadas com o momento e o futuro do País, chamando-nos atenção a quantidade de bandeiras verde-amarelas, a entoação do Hino Nacional e da prece do Pai Nosso.

    Ao retornarmos assistimos ao vivo o desembarque no presidente dos EUA em Havana. Momento histórico, pois foi o primeiro presidente americano a desembarcar na ilha nos últimos 88 anos.

    Com evidente emoção refletimos sobre os dois fatos e vieram à nossa mente algumas rememorações.

    Já vivemos muitos momentos críticos de nosso País ao longo de nossa existência. Em visitas a diversos países também conhecemos e entramos em contatos com cenários bem diversificados. Inclusive, de alterações nas relações entre nosso País e os dois citados países do Hemisfério Norte.
    Mas, especificamente relacionado com os fatos marcantes que citamos, lembramos das várias visitas que fizemos a Cuba e com objetivos diferentes. Nos anos 1990, integramos uma comitiva oficial de dirigentes de universidades, que teve acesso a muitas informações sobre saúde e educação, e contato inclusive com o mandatário da época. Com essa condição especial, conseguimos uma audiência com o então ministro das religiões, aliás, o primeiro, e que era apelidado no meio político da ilha como “o cardeal”. Assim, adentramos no famoso “Palácio de la Revolución”. Este nosso encontro, relatamos na “Revista Internacional de Espiritismo” de 1992.

    Depois da abertura religiosa em Cuba, lá estivemos em várias oportunidades, representando o então secretário geral do Conselho Espírita Internacional, e, nesta circunstância, contando com boa receptividade, oficial e fraterna, respectivamente do governo cubano e de espíritas. Entre outras, em novembro de 2011, comparecemos como representante do secretário geral do CEI para negociações relacionadas com os preparativos do 7o Congresso Espírita Mundial, que lá se efetivou em 2013. Mais uma vez comparecemos ao Palácio governamental, sendo recebido por dirigentes do ministério para religiões, e acompanhado por dirigente espírita local e por representantes do CEI para a América Central e Caribe.

    Mesmo assim, para a efetivação do citado Congresso, surgiram várias dificuldades e imprevistos em função da falta de relação entre os EUA e o país insular.

    Nesse ínterim, no início do primeiro mandato do atual presidente americano, em 2009, tivemos o privilégio de visitar a Casa Branca, acompanhado de uma oficial da Marinha dos EUA e de dirigente espírita de Baltimore. Durante aquela estada nos EUA sentimos o clima de entusiasmo existente pelo então recém empossado presidente americano.

    Essas lembranças nos remetem à reflexão sobre o fato de que as mudanças ocorrem ao longo do tempo. Interessante é que o restabelecimento das relações EUA-Cuba foi intermediado por liderança religiosa - o Papa, e, os presidentes dos EUA e de Cuba não são católicos.

    À vista disso e centrando a atenção na complexidade do momento conturbado de nosso País, vem-nos à mente colocações espirituais registradas nos livros “A Caminho da Luz” e “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, psicografados por Chico Xavier. Ambos discorrem sobre o papel do Brasil, nos contextos interno e mundial.

    O título da obra do espírito Humberto de Campos, é uma legenda, e deve merecer estudos e inspirar ação cidadã e cristã. Exatamente foi a colocação de Chico Xavier feita em entrevista à TV, em São Paulo, no final dos anos 1980, quando foi questionado sobre o tema central do livro. Após mais de cinquenta anos da publicação do livro "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", Chico Xavier declarou em entrevista:

    “[...] Somos de verdade, geograficamente falando, o coração do mundo. Como filhos da pátria do Evangelho, somos chamados a exemplificar o que aprendemos, o que ensinamos, o que constitui a razão de nossas vidas. [...] A violência que existe no Brasil é a violência que existe no mundo, mas como povo temos sabido honrar a destinação a que fomos chamados. [...] Quanto à conceituação de pátria do Evangelho, somos compelidos a pensar no futuro. Nós teremos talvez necessidade de exemplificarmos até com sacrifício do evangelho ensinado por Jesus Cristo, sem nos esquecermos que do ponto de vista evangélico, até ele foi atingido pelo sacrifício extremo, para dar-nos essa alvorada maravilhosa que é a doutrina de luz.” (Carvalho, Antonio Cesar Perri. Chico Xavier. O homem e a obra. São Paulo: Ed. USE, 1997, 93p.)

    (*) Ex-presidente da FEB e da USE-SP; membro da Comissão Executiva do CEI.

    Extraído de:

    quarta-feira, 9 de março de 2016

    NÃO BASTA ENVERNIZAR A CORRUPÇÃO , É URGENTE EXTINGUI-LA (Jorge Hessen)



    Por mais respeitáveis sejam as organizações sociais ou programas sociais de governo, se os militantes e governantes não se identificam com a probidade, falseá-las-ão e lhes desnaturarão o objetivo para explorá-los em proveito próprio. Quando os governantes forem honrados e íntegros moralmente, farão boas instituições e elas serão duráveis, porque todos terão interesse em sua conservação. Segundo Allan Kardec “a questão social não tem o seu ponto de partida na forma de tal ou tal instituição; está inteiramente no aperfeiçoamento moral dos indivíduos e do povo. Aí está o princípio, a verdadeira chave da felicidade da sociedade, porque então os homens não pensarão mais em se prejudicarem uns aos outros. Não basta colocar um verniz sobre a corrupção, é preciso extingui-la”. [1]

    Nessas reflexões de Rivail comentaremos sobre a célebre “Operação Lava Jato” que desvendou aos olhos dos brasileiros um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais (algo acima de R$ 40 bilhões, dos quais R$ 10 bilhões em “propinas”) . É considerado pela Polícia Federal como a maior investigação de corrupção da história do país. Os inquéritos estão provocando uma "revolução" na sociedade brasileira e têm sido muito bem conduzidos por aguerridos patriotas, sóbrios e incorruptíveis.  As sentenças têm sido decisivas e vão alcançando altos executivos, alguns já condenados a passar 15 ou 20 anos na prisão.

    Há mais de uma década, na cidade mexicana de Mérida, mais de 110 países assinaram a Convenção Nações Unidas contra a Corrupção. [2] O referido acordo prevê a cooperação para a recuperação de somas de dinheiro desviado dos países e a criminalização do suborno, lavagem de dinheiro e outros atos de putrefação da honra. Não é com alegria que vemos no Brasil a improbidade, a falcatrua, a propina com o status de “normalidade” arruinando econômica, política e socialmente toda uma nação. Temos observado a crise que desafia o bom ânimo do povo em face dessa enxurrada de denúncias de crimes ao erário público. Em razão disso, brotou no cenário brasileiro uma espécie de escárnio das massas, ganhando preciosos espaços o frisson coletivo e paradoxalmente a omissão generalizada. Em contrapartida , diante das recentes e inovadoras penalidades aplicadas estamos atravessando o apogeu de um ciclo esperançoso de transformação visceral que tem atingido afirmativamente a população.

    O Brasil passa por processo de profunda transição. Sem sombra dúvida há uma intervenção de Jesus em nossa Pátria, apontando para um amanhã próspero em favor do povo. Nesses novos tempos, muitos Espíritos rebeldes ainda estão tendo oportunidade de escolher viver o bem ou o mal. No livro “O Céu e o Inferno”, Allan Kardec reporta-se a Espíritos comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por afinidade, em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos vales de sofrimento. [3]

    Os que permanecerem no mal, não reencarnarão mais na Terra e após rigorosa seleção dos valores morais serão expurgados para outras instâncias planetárias. Nesse processo da separação do joio e do trigo, dessa filtragem espiritual, não mais nos depararemos com a violência, com os escândalos, com a ironia, com o cinismo, com a mentira, com a corrupção.

    Ainda assim, os figurantes (massa de manobra) da desordem reagirão, bradando por confrontos entre classes sociais, falarão de paz, de justiça social como armas para a agressão entre compatriotas. Entretanto Jesus permanecerá com a rédeas nas mãos e no comando do povo e a vitória será do Evangelho. Não por acaso consta na composição do hino nacional o fragmento “se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta”. Sim, os legítimos representantes da pátria “verde e amarelo” não abdicarão da luta pela probidade, pelo decoro, pela liberdade e pela honra. Hoje mais do que nunca, o povo caminha no rumo seguro da vitória sobre o mal e os maus. Ante a Lei de Cause e Efeito os pervertidos pela corrupção (sejam aves de rapina ou acintosas serpentes) serão condenados (mormente os que ainda não foram punidos) para o bem de todos e felicidade geral da Nação.

    O Espiritismo auxiliará eficazmente nas reconstruções de ordem sociopolítica e econômica, porque propõe a substituição dos impulsos antigos do egoísmo pelos da fraternidade universal. O Codificador faz menção, em Obras Póstumas, sobre o regime político que deverá vigorar no futuro, ou seja, a aristocracia intelecto-moral. Sim! Aristocracia - do grego aristos (melhor) e cracia (poder) significa poder dos melhores. Poder dos melhores implica que os governantes tenham dado uma direção moral às suas inteligências. [4] Com base nas lições de Jesus, na questão 919 d’O Livro dos Espíritos, os Benfeitores informam que a perfeição moral só se alcança com a prática do bem, sacrificando-se o interesse pessoal em benefício do semelhante, de modo abnegativo, sem esperar recompensas.[5]

    Ora, os filhos do Brasil não podem se ajoelhar diante da putrefação moral e da corrupção que deteriora a estabilidade da sociedade. Urge orar, solicitar a Jesus pedindo-lhe que interceda a favor dos bons cidadãos (juízes, delegados, agentes policiais, advogados, procuradores, jornalistas, religiosos e outros) e das futuras gerações de brasileirinhos. O cidadão do futuro se forma no presente. Um país de justiça e liberdade se constrói com lealdade, honradez, amor e muito trabalho.

    Referências bibliográficas:

    [1] Kardec Allan. Obras Póstumas, preâmbulo, RJ: Ed. FEB 1999
    [2] Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, adotada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas em 31 de outubro de 2003 foi assinada pelo Brasil em 9 de dezembro de 2003
    [3] Kardec Allan. O Céu e o Inferno, RJ: Ed. FEB 1970
    [4] Kardec Allan. Obras Póstumas, preâmbulo, RJ: Ed. FEB 1999
    [5] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 919 RJ: Ed FEB 2000

    terça-feira, 8 de março de 2016

    AUTISMO: ABORDAGEM ESPIRITUAL (*)


     Nilton Salvador

    Desinteressado de qualquer espécie de comunicação com seus semelhantes, murado dentro de si mesmo, o autista vive em um mundo de isolamento e alienação. Os cientistas que buscam implodir essa barreira trabalham baseados em hipóteses diversas e conflitantes, utilizando uma gama imensa de abordagens e terapias. 

    Ignoram apenas um aspecto, “o de que o ser humano, como espírito imortal, preexiste à atual existência, a qual é conseqüência de atos e pensamentos de muitas encarnações anteriores, nos mistérios dos séculos. Nada mais plausível do que recorrer a conceitos espirituais para a compreensão e a terapia do autismo ou de qualquer outro problema de comportamento”, como ensina Herminio C. Miranda.

    O que dizer depois disso, quando ele vê o autista sob a ótica da psicologia espírita e o conflito de uma alma fugindo de si mesma? Afinal, como começam a dizer alguns estudiosos mais arrojados, há vida antes da vida, vida depois da vida e vida entre as vidas.

    E alertamos para “que tratem com o devido respeito às minorias. Sem racismo, sem machismo, sexismo ou preconceitos de qualquer natureza. Mesmo porque o preconceito é coisa burra, que se torna ainda mais evidentemente tola quando posta no contexto da realidade espiritual. Somos espíritos imortais, sobreviventes e reencarnantes. Sexo, raça, cor, nacionalidade, posição social não passam de posições transitórias, por mais que durem nossas vidas na carne”.

    Conflitos entre mundos diferentes

    Descobre-se em pesquisas de diversos autores de notável saber sobre o tema que uma autista vivia numa zona fronteiriça, terra de ninguém entre um território que ela consideraria mais tarde, com melhor nível de lucidez, “meu mundo” e o outro lado, onde ficava “o mundo”, pois eles não se mostram nada interessados em vir ao nosso encontro, já que há na mente do autista nítida distinção – ainda que inconsciente – entre o “meu” mundo e o “dos outros”. Quanto menos contatos com a vida no mundo, melhor. A pessoa que está naquele corpo físico recusa-se a executar qualquer programação que a leve a ser aprisionada pelas rotinas da vida material.

    Não se considera na atualidade (há uma polêmica constante) que o autismo é uma desordem biológica. A ciência continua a discutir sua origem. Os especialistas tratam de cada caso dentro de seu ponto de vista cético/científico para expressar suas teorias, pois desde Leo Kanner, o descritor da síndrome em 1943, quase nada mudou para definir o conceito da síndrome.

    Cada autor expõe seu ponto de vista de análise de uma forma que, discutida ou comparada, nada altera no status quo da doença. Alguns mais corajosos, digamos assim, afirmam que o autismo é de natureza biológica, enumerando outras doenças que danificam o sistema neurológico. Em seguida, sou obrigado a me decepcionar quando a ciência não considera o autismo como psicose, mas sim como distúrbio global do desenvolvimento.

    A meu ver, um contraria o outro. Todos são suscetíveis no cuidado de não querer ferir algum colega que se adiantou ou tem receio que, na frente, a crítica ou a ética médica sejam muito duras com suas opiniões.

    Diferentes graus de autismo

    Ficamos com o pensamento de que a impressão é que não há propriamente autismo, mas autistas em diferentes estágios, graus e níveis de distúrbios mentais e emocionais. O máximo que se poderia fazer em termos de consenso seria dizer que, dentre os sintomas básicos atribuídos à síndrome, cada autista apresenta diferentes ênfases sobre esta ou aquela característica.

    Em outras palavras, a pessoa é autista não porque tem o cérebro danificado, mas tem o cérebro danificado porque não quis ou não conseguiu transmitir a ele, no período crítico da formação, os comandos mentais necessários ao seu correto desenvolvimento.

    Pois bem, após esta exposição na qual enveredamos por diversos caminhos, onde quero chegar? Ora, tudo isto faz parte do lado bio-psico-sócio-espiritual, linha mestra enfocada, mas não admitida pela ciência como um todo. Senão, vejamos.

    Despendemos todos os esforços para superar dificuldades que se encontram em nosso caminho. O que não fazemos é porque deixamos de refletir que reveses ou contratempos passageiros foram criados por nós mesmos, com nosso livre arbítrio, pelo mau uso da energia divina durante inúmeras encarnações aqui na Terra.

    Devemos acreditar que aquela massa compacta de energia mal qualificada e gerada na nossa consciência por todo um esforço concentrado em prol dos nossos autistas é agora de uma espessura bem mais fina do que foi há algum tempo.

    Nosso esforço em afastar coisas rudimentares de nossa consciência humana apenas produz bons frutos em nossa árvore da vida. Perseveramos em nossos propósitos. Dirigimos a atenção aos nossos amigos siderais e, muito mais depressa do que imaginamos, obtemos vitoriosas conclusões.

    O indivíduo, quando encarna, traz em suas mãos uma agulha e, através do orifício desta agulha, passa o fio da vida. Cada ser humano deve concluir o seu modelo e ninguém pode tirar a agulha das mãos do próximo, nem dar um ponto sequer no modelo da vida de seu semelhante. Assim como o orifício é condicionado à eficácia da agulha, assim também o espírito é o doador da vida do homem. A personalidade humana, ou o ser externo, representa o exemplo da agulha usada para unir as partes do modelo, que deve se manifestar através das experiências individuais de cada pessoa.

    Por misericórdia, a lei divina permite intervenções, selecionando os fios dos pontos errados da costura, afastando-os do modelo enquanto se processa a purificação do espírito. A lei divina também permite à vida, por meio de contemplação, meditação ou outra forma de esforço, oferecer ao indivíduo que se encontra no caminho espiritual o auxílio de seres perfeitos, quando estes revelam que maneira os pontos devem ser costurados. Também pode ser apresentado ao costureiro, ou seja, o espírito protetor, um molde ou desenho do modelo previsto. No entanto, a verdadeira costura deve ser executada pelo esforço do próprio indivíduo, do princípio até o fim.

    E quando falamos de um autista? A única diferença é que, neste caso, existe um interlocutor (médium) experiente e que já atravessou inúmeras etapas com ele, pois muitas vezes uma simples frase proporciona uma forma-pensamento que permite ao autista compreender que um esforço autoconsciente deve preceder o apelo.

    Muitas vezes, os amigos siderais transformam modelos errados em perfeitos e, quando eles os vêem, desejam novamente trazer à tona o plano perfeito da vida, da beleza, compreensão e paz.

    Usando o autocontrole

    Quando um autista aprende que é necessário um autocontrole e começa a transformar todo erro que o uso do fio da sua própria vida proporciona em seu coração, trazer o domínio sobre toda energia e vibração em seu próprio mundo e depois, com maiores possibilidades de aptidão, dar o prêmio da alegria aos seus protetores.

    Para os sábios, a vida é uma bondosa professora que distribui as grandes dádivas diretamente do seu silencioso coração. Para as pessoas de compreensão limitada, a vida é uma professora severa, apenas com a intenção de ensinar cada expressão para seu autista.

    Se o autista pudesse demonstrar reflexão, falando quando ouve ensinamentos freqüentes mais do que seu próprio silêncio, então seus corpos mental, sentimental, etérico e físico estariam suficientemente preparados para ouvir um hino, a linguagem dos pássaros e compreender o delicado silêncio da noite.

    Quando o autista consegue isto é porque está sintonizado com a vida física de tal maneira que pode submergir seu próprio coração pulsante, onde vive seu santo ser crístico.

    (*) Artigo publicado na edição 13 da Revista Cristã de Espiritismo.

    terça-feira, 1 de março de 2016

    AS ALMAS OU ESPÍRITOS NÃO TÊM “SEXO” (Jorge Hessen)

    Shiloh, filha de Brad Pitt e Angelina Jolie
    Jorge Hessen
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    Isso mesmo! As almas ou Espíritos não têm “sexo”. Os sexos só existem no organismo para a reprodução dos corpos físicos. Mas os Espíritos não se reproduzem no além, razão pela qual órgãos sexuais são inúteis no “ultra tumba”. Eis aí um tema um tanto quanto instigante. Todavia, após leitura atenta e uma boa compreensão do texto abaixo, será possível a assimilação de juízos e aprendizado.

    Aos 2 anos de idade, Tyler, que nasceu menina, disse com todas as palavras para seus pais: “eu sou menino”. Entretanto seus pais insistiram com ele que não. Mostraram fotos do órgão sexual e argumentaram que ela havia nascido com corpo de menina. Tyler respondia: “quando vocês me mudaram?”. Dois anos depois, um psicólogo confirmou a condição: Tyler sofria mesmo de Transtorno de Identidade de Gênero, e recomendou que os pais começassem a tratar a criança como um menino. A “filha”, então, passou a ser carinhosamente tratada como menino.

    Há 8 anos o ator Brad Pitt revelou para a entrevistadora Oprah Winfrey que Shiloh, a primeira de seus três filhos biológicos com Angelina Jolie, só queria ser chamada de John. Em 2014, Shiloh, com 10 anos, apresentou-se de terno e gravata à cerimônia de estreia de um filme dirigido por Angelina Jolie. Será que os atores estão certos em apoiar o comportamento da filha? Deveriam desestimulá-lo? O que eles fazem ou deixam de fazer afetará o futuro de Shiloh?

    Há escassíssima informação científica para orientar pais em situação como a do casal Pitt e Jolie. Do ponto de vista da psicóloga Kristina Olson, da Universidade de Washington, as 32 crianças transgêneros (entre 5 e 12 anos), que foram submetidas ao Teste de Associação Implícita para medir a velocidade com que associavam aspectos de gênero masculino e feminino à própria identidade, mostraram uma identificação tão automática com o gênero que escolheram quanto as crianças cisgênero. Embora sejam necessários mais estudos, Kristina afirma que as crianças trans não são confusas, rebeldes nem estão simplesmente fingindo ser o que não são. A identidade que cultivam está bastante arraigada nelas. [1]

    A transexualidade é um assunto muito polêmico, e menos discutido do que deveria. Talvez por isso não se compreenda exatamente do que se trata, e essa condição seja motivo de tantos casos de preconceito. Consagradamente transexual é a pessoa que nasceu com um determinado sexo, mas não se identifica com ele. E esse transtorno mental e de comportamento leva tal indivíduo a procurar tratamentos hormonais e até fazer cirurgias para mudar o corpo.

    Uma pessoa pode ser cisgênero ou transgênero. O cisgênero se identifica com o gênero correspondente ao sexo biológico, ou seja, se possui órgão sexual feminino é uma menina, se possui órgão sexual masculino é um menino. É o que todo mundo considera regra. Já o transgênero é a pessoa que contesta essa regra, que não tem seu gênero definido pelo sexo biológico. Uma pessoa transexual se identifica com o gênero oposto ao sexo com que nasceu. O transexual é transgênero, mas nem todo transgênero é transexual.

    Um estudo recente realizado pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, publicado pela revista Psychological Science, concluiu que as crianças transgênero começam a reivindicar um gênero diferente, ao mesmo tempo que as crianças cisgênero se identificam com o gênero correspondente ao sexo biológico, por volta dos 2 anos. É como se a criança olhasse no espelho e não se reconhecesse. É uma expectativa constante de que ela vá acordar no corpo certo.

    A partir de 2013, a justiça alemã garantiu aos pais de recém-nascidos transgêneros três opções para registrar seus filhos: “masculino”, “feminino” e “indefinido”. [2] Quando existe uma criança transgênero na família, talvez seja importante a procura por apoio moral e psicológico para lidar com esse momento desafiador e estabelecer um canal aberto de comunicação entre os familiares. Por isso, a ajuda de profissionais como pedagogos e psicólogos é oportuna. Mas, na hora de procurar auxílio, é muito importante que tais especialistas entendam sobre identidades transexuais, para que o caso não seja tratado como uma doença, o que de fato não é. O profissional também ajudará a criança a lidar com os preconceitos que ela enfrentará no transcurso da vida.

    A sociedade dará sinais de avanço quando compreender que o ser humano não se reduz à morfologia de “macho” ou “fêmea”. O Espírito Emmanuel adverte que “encontramo-nos diante do fenômeno “transexualidade”, perfeitamente compreensível à luz da reencarnação. Inobstante as características morfológicas, o Espírito reencarnado, em trânsito no corpo físico, é essencialmente superior ao simples gênero masculino ou feminino. Aprenderemos, gradualmente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade em si exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinquência.” [3]

    Para os Mensageiros do além, “as características sexuais dos Espíritos fogem do entendimento humano, até porque são os mesmos os Espíritos que animam os corpos de homens e mulheres. Para o Espírito, (re)encarnar no corpo masculino ou feminino [ou sexualmente “indefinido”] pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.” [4] Os Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não têm sexo. “Visto que lhes cumpre progredir em tudo, cada sexo [experiência masculina ou feminina], como cada posição social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de ganharem experiência. Aquele que só como homem [ou mulher] encarnasse só saberia o que sabem os homens e ou as mulheres.” [5]

    É urgente amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual. E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna “os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um.” [6]


    Referências bibliográficas:

    [1] Disponível no site http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/criancas-trans-nao-estao-fingindo-elas-existem acesso em 29/02/2016
    [2] Disponível http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/08/130820_alemanha_terceirosexo_dg.shtml acesso em 03/09/2013
    [3] Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1997, Cap. Homossexualidade
    [4] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Parte 2ª – Capítulo IV – DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS – Sexo nos Espíritos, questões 200, 201 e 202.
    [5] Idem
    [6] Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1997, Cap. Homossexualidade