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  • domingo, 23 de setembro de 2018

    Arautos de eventos espíritas!! Modelem-se nas proezas da RAE-TV (Jorge Hessen)


    Jorge Hessen
    jorgehessen@gmail.com

    O Cristo jamais arrecadou dinheiro (vil metal) por difundir seus mandamentos e muito menos por seus acolhimentos à massa padecente. Inversamente, condenou quem assim procedia. Chico contava nas tradicionalíssimas rodas de amigos que jamais participaria de “eventos espíritas” onde as pessoas precisassem pagar para vê-lo e confessava que daria o que tivesse no bolso para se retirar desses lugares.
    A estipulação de valores de taxas para ingressos em eventos espíritas como palestras, encontros e seminários, sob qualquer forma ou desculpa “esfarrapada”, é excludente e infame, pois restringe os ensinamentos espíritas a quem pode pagar. Isso é uma deslealdade aos Espíritos, a Kardec e a Jesus.
    É inadmissível desviarmos o Movimento Espírita, caindo nas mesmas esparrelas sofridas pelo Cristianismo romano (ocidental) e Cristianismo ortodoxo (oriental), que  vagarosa e sorrateiramente  se tornaram religião institucionalizada, rigidamente hierarquizadas. Tais igrejas valeram-se dos valores monetários que foram transferidos da contribuição espontânea para “assistência aos mais necessitados”, fixando-se taxas pecuniárias (dízimos) camufladas sob vários pretextos, conduzidas para custeamento do profissionalismo religioso e para construção de suntuosas catedrais , além, é óbvio, pela acumulação de fortunas.
    Quando analisamos as proezas da RAE-TV Rede Amigo Espírita para difusão do Espiritismo gratuitamente (para o planeta) fico ponderando que a atual liderança precisa instruir-se com o confrade sonhador (pé no chão)  José Aparecido e sua equipe. O que realiza na propaganda espírita é de flamejar os nossos olhos de exultação!
    Os contextos justificadores provindos das badaladas lideranças espíritas são sucessivamente as mesmíssimas. Argumentam que as casas espíritas não têm recursos financeiros suficientes para arcar com os custos com viagem de expositores, aluguel de auditório, material de trabalho. Daí, justificam, a necessidade da cobrança de taxa de inscrição. Ora se não têm recursos, por que não se valem dos recursos das redes sociais e façam iguais a RAE-TV (difusão doutrinária gratuita) ?
    Reconhecemos que alguns EVENTÕES determinam ampla circulação do “vil metal”, todavia, entendemos que há outros modos, que não sejam o de obrigatória exigência de taxa de inscrição para ingresso (a exemplo dos eventos realizados pela Federação Espírita do Paraná que sempre são gratuitos. Obviamente são processos mais árduos, contudo são mais leais aos propósitos espíritas de estar ao alcance de todos e atuar sempre ao lado do povo e não de alguns endinheirados.
    Destarte, estaria se evitando abjeta discriminação de participantes com base no poderio financeiro. Imaginemos como permanece psicologicamente a situação de um espirita desempregado , que sobrevive de “bicos”, “biscates” (serviços eventuais) cuja família atuante do movimento espírita, não tivesse recursos para pagamento da taxa? Que vergonha!!
    Há os que ajustam o discurso para arrazoar sobre as contribuições espontâneas (rateio) com os que podem bancar a empreita. Todavia,  sempre haverá os que ajuízam que não dará certo, porque culturalmente os espíritas endinheirados não estão habituados a contribuir espontaneamente.
    Mas fica só entre nós aqui, se medidas como essas, ou seja, contribuições espontâneas (rateio entre os que podem) não funcionar é porque o grupo espírita ainda não está preparado moral e espiritualmente para iniciativas mais arriscadas.
    Para rematar, reproduzo a frase que já proclamei por mais de cem vezes: Em verdade, de duas, uma! Ou o Espiritismo chega à massa, especialmente aos “filhos do Calvário”, aos deserdados, para relevar sua mensagem, ou submergirá no fosso profundo da hipocrisia e perderá legitimidade anunciar o Evangelho através da Codificação.

    Vade retro obsessor ou baldios “descarregos”? (Jorge Hessen)

    Vade retro obsessor  ou baldios “descarregos”? (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen
    jorgehessen@gmail.com

    De A a Z ou seja de  “Abaddon” da mitologia cristã a “Zulu Bangu” da mitologia africana há mais de 200 codinomes para designar os “demônios”. Entretanto, sabemos que  os “demônios”,  como são caracterizados pela  teologia decrépita,  não são criaturas reais.  Conforme o senso comum, a expressão “demônios” significa seres essencialmente perversos e seriam, como todas as coisas, criação de Deus. Ora, Deus que é soberanamente justo e bom não poderia ter criado Espíritos predispostos ao mal para toda a eternidade.
    O Espiritismo nos faz distinguir a natureza e a origem desses “demônios”, a partir do princípio de que todos os seres humanos foram criados simples e ignorantes, portanto, imperfeitos, sem conhecimentos e sem consciência do bem e do mal. Pela Lei de evolução todos nós, sem qualquer exceção, conseguiremos alcançar a relativa perfeição e gradualmente desenvolveremos virtudes, a fim de avançarmos na hierarquia espiritual até alcançarmos a plena felicidade na “angelitude”.
    Além disso, sobre os famigerados “coisas-ruins”, o Codificador do Espiritismo nos ensina que eles [os “demônios”] são nossos irmãos , porém são Espíritos que ainda se encontram moralmente nas classes inferiores, todavia, chegará um dia em que se cansarão dos sofrimentos e compreenderão a necessidade de bancarem o bem.
    Os “demônios” devem, portanto, ser entendidos como referentes aos Espíritos impuros, que frequentemente não são melhores que os designados por esse nome, mas com a diferença de serem os seus estados tão-somente transitórios. Na verdade  eles são os Espíritos imperfeitos que resmungam contra as suas provações e por isso as sofrem por mais tempo, entretanto chegarão livremente  à perfeição, quando se dispuserem a isso.   
    Se existissem “demônios”, eles seriam criação de Deus, ora,  o Senhor da vida seria justo e bom se tivesse criado seres devotados eternamente ao mal e infelizes? Se há “demônios”, descreveram os Benfeitores do além  a Allan Kardec,  “eles habitam em teu mundo inferior e em outros semelhantes. São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo, um Deus mau e vingativo e crêem lhe serem agradáveis pelas abominações que cometem em seu nome”.[1]
    O vocábulo demônio não implica na ideia de Espírito mau senão na sua acepção contemporânea, porque a terminologia grega Daimon, da qual se origina, significa, “Deus”, “poder divino”, “gênio”, “inteligência”, e se utiliza para indicar os seres incorpóreos, bons ou maus, sem distinção. Porém, há pessoas que acreditam no poder maléfico do “Príncipe das Trevas” e até o enaltecem em suas igrejas. Não me surpreenderia se fossem fechadas muitas igrejas se os seus dirigentes deixassem de acreditar em Satanás. (Pasme!)
    Os antigos e modernos sacerdotes fizeram e fazem com os “demônios” o mesmo que com os “anjos”. Do mesmo modo que arquitetaram a imagem de seres perfeitos desde toda a eternidade, construíram igualmente os Espíritos inferiores por seres perpetuamente maus. Os partidários da “doutrina dos demônios” se apóiam nas cridas repreensões do Cristo. Chegou-se ao absurdo de criar o instituto do exorcismo para afugentamento de tais entidades.
    Amparados no alarido beneditino “vade retro Satã! ”, os exorcistas exortam os espíritos demoníacos a saírem do corpo dos possessos, valendo-se igualmente da invocação do nome de Deus, de Cristo e todos os anjos. E ao final dos extenuantes berreiros e invocações, sempre sob o arrimo da “reza brava” e “água benta”, o resultado aparentemente surge de forma rápida, mas sem sustento duradouro.
    Inexplicavelmente há instituições “espíritas” que promovem sessões de “desobsessão” (ou seria exorcismos?), que consideram mais “fortes” e com efeitos “imediatos”, conforme garantem seus realizadores, contudo lamentavelmente nesses estranhos “tratamentos espirituais” (ou descarrego?) são normatizados exclusivamente um procedimento coercivo, o “banimento” instantâneo e transitório do obsessor. Mas será que esse rápido afastamento espiritual é possível? Ora, é obvio que não, pois é impossível “rebentar, de um instante para outro, algemas [mentais] seculares forjadas nos compromissos recíprocos da vida em comum?”[3]  Impossível, mesmo!
    Os espíritas compreendem que os cognominados, “capetas”, “coisa-ruim”, “lúcifer”, “diabo”, “satanás”, “satã”, “cão”, “demo”, “besta” e outros “demônios” que reverberam na mente do povo, não são seres votados por Deus à prática do mal, e sim seres humanos desencarnados que se desequilibraram em atitudes infelizes perante a vida. “Na raiz do problema encontramos a necessidade de considerar os chamados “espíritos das trevas” [demônios] por irmãos verdadeiros, requisitando compreensão e auxílio, a fim de se remanejarem do desajuste para o reequilíbrio neles mesmos.” [2]

    Referência bibliográfica:
    [1]        KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 131, RJ: Ed. FEB, 2001
    [2]        XAVIER Francisco Cândido. Caminhos de Volta, ditado por espíritos diversos, SP: edição GEEM, 1980
    [3]        XAVIER, F. C. Missionários da Luz, pelo Espírito André Luiz. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1970.