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  • quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

    ARMADILHAS PORNOGRÁFICAS DIANTE DOS “CRISTÃOS” DISTRAÍDOS (Jorge Hessen)

    O termo pornográfico deriva do grego pornographos, que significa escritos sobre prostitutas; originalmente referência à vida, costumes e hábitos das prostitutas e clientes. Aurélio Buarque registra como uma das definições “a figura, a fotografia, o filme, o espetáculo, a obra literária ou de arte, relativos a”, ou que tratam de coisas ou assuntos obscenos ou licenciosos, capazes de motivar ou explorar o lado sexual do indivíduo.

    No mundo cibernético, muita gente trafega na internet (em média 9h diárias) atraída pelas lascívias virtuais. Sabemos que grande parte do conteúdo virtual é um poderoso convite ao apelo erótico. Somando uma coisa com outra, o resultado é inequívoco: a humanidade nunca consumiu tanta pornografia como nos dias atuais. E isso gera uma reação em cadeia. Em decorrência, pesquisadores do IFOP - Instituto Francês de Opinião Pública - inquiriram milhares de pessoas sobre seus hábitos pornográficos. Descobriram o óbvio: a maioria esmagadora (90%) dos homens e boa parte das mulheres (60%) veem filmes obscenos regularmente. E 53% dos casais afirmaram assistir a esses tipos de filmes juntos.

    A pornografia é um assunto espaçoso, sensível e controverso. Muito já foi escrito sobre o tema, como se pode constatar rapidamente na busca pela internet. Basta recorrer a qualquer buscador o item “pornografia” ou “estudos sobre pornografia” e descobriremos uma avalancha de material disponível. No Google, por exemplo, citando o termo “pornography” encontramos hoje listados 73.100.000 resultados. Em “studies on pornography” localizamos 12.400.000 resultados de links.

    Em estudo realizado pela Universidade de Denver (EUA), pesquisadores confirmaram que das 1300 pessoas comprometidas afetivamente, pelo menos 45% delas assistem a filmes pornográficos com o parceiro, sendo que 77% dos homens e 32% das mulheres contaram que também veem pornografia sozinhos.

    Outros estudiosos da Universidade da Califórnia e do Tennessee (EUA) recrutaram 308 universitárias heterossexuais entre 18 e 29 anos para completar um questionário online. Eles responderam questões sobre a qualidade do namoro, satisfação sexual e autoestima. O resultado mostrou uma relação entre felicidade, autoestima e filme pornográfico. Quanto mais pornografia os namorados ou maridos viam, maior era a chance de ter um relacionamento infeliz. Quem reclamou sobre o vício exagerado do namorado em assistir a vídeos licenciosos mostrou autoestima mais baixa e insatisfação com o namoro e com a vida sexual.

    A pornografia é o erotismo vazio de afeto. Ultimamente, com o uso de webcams, blogs, fotologs (criação de páginas de fotos), vídeos amadores, sex tapes (sexo em público) ou homemades (caseiros), qualquer pessoa pode vir a se tornar o próprio produtor e divulgador de pornografia na rede mundial de computadores. A internet tem estabelecido grande influência entre os usuários, tornando possível que os consumidores de pornografia troquem informações entre si e possam identificar gêneros, estilos e gostos, fazendo com que compartilhem suas preferências e permitindo o encontro de fantasias. Numa linguagem espírita, diria que o UMBRAL nunca esteve tão presente e próximo da Terra.

    Com o Evangelho aprendemos que quando um casal se ama, os parceiros se apetecem e se reverenciam. A vida e experiência sexual entre ambos é respeitosa e prazerosa. O amor entre os dois não está condicionado apenas à sexualidade, todavia vai muito mais além, incluindo amizade, companheirismo e cuidado pela satisfação de suas necessidades. Quando porém isso não ocorre, e há a necessidade compulsiva de fantasias, autoerotismos e pornografias, esse casal é invigilante, encontra-se psicologicamente pervertido e não é venturoso.

    Há um impressionante número de mulheres casadas que se queixam de solidão (no sentido de solidão sexual), em virtude de seus esposos serem contaminados e viciados na pornografia virtual. E o inaceitável da situação é saber que muitos desses maridos consumidores de pornografias são “cristãos”, “bons espíritas”, pais de família exemplares e profissionais de proeminência.

    Alguns desses “cristãos” justificam a utilização dessa pornografia virtual como uma espécie de "preliminar" e estimulante para aumentar o desejo na comunhão sexual com o cônjuge. A rigor, o que ocorre é que com o passar do tempo, muitos desses “cristãos” viciam-se nos sites e filmes pornográficos e começam a se descuidar da esposa, preferindo satisfazer suas pulsões mediante a prática da masturbação.

    Fica evidente que tais “cristãos” estão perigosa e imaturamente "compensando" suas frustrações, por duas razões possíveis: ou por não se sentirem mais atraídos sexualmente pelas suas esposas ou por não as amarem mais e não terem a coragem de assumir isso.

    Em face dessa realidade, estamos assistindo a uma verdadeira estupidificação generalizada dos que se descrevem “cristãos” de várias denominações e, segundo entendemos, uma das saídas para a necessitada cautela contra essas emboscadas pornográficas é o inabalável estado de oração alentado pela vigilância através de um processo pessoal de profunda transformação comportamental.

    TU ME AMAS?

    Luiz Carlos Formiga

    A existência da alma e sua sobrevivência após a morte é tema crucial para a educação, porque pode influenciar a hierarquia de valores, padrões éticos e o comportamento humano. Por não possuírem esse conhecimento profissionais da educação defendem ideias hedonistas, como o “princípio da pedofilia”.

    Quando já sabemos que retornamos com as mesmas almas em diferentes relacionamentos nos tornamos mais atentos, com as relações afetivo-emocionais. Percebemos com maior nitidez que a liberdade tem os seus limites e também os seus compromissos. A educação passa a ser um processo de formação de valores e de libertação espiritual.

    Para que o adulto viva na plena consciência da existência será necessário que no período infantil seja atendida a sua necessidade maior, que é encontrar um sentido para a vida.

    Profissionais da Educação, que não descobriram a inteligência espiritual, podem se tornar prisioneiros de promessas demagógicas e populistas. Conscientemente, ou não, ajudam a encobrir objetivos ideológicos.

    Um Procurador da República disse que o governo havia cometido um crime contra a criança.
    Atacar crianças é tão “trevoso” que alguns podem achar que o procurador enlouqueceu.
    Lembramos que na década de 1970 lemos sobre uma “organização criminosa espiritual”.
    Com o hábito de fazer anotações, nas primeiras folhas, encontramos a indicação no livro “Chico Xavier. O Santo de Nossos Dias”, de  R. A. Ranieri, Editora Eco.

    Não sei qual a razão da coincidência, mas na página 125 encontramos um folheto impresso com uma “Oração da Criança”. O livro deve pertencer as Edições Paulinas, pela indicação: EP – Momentos – 43.

    Diz Ranieri, na mesma página 125.

    “Certa ocasião, o Chico, mansamente, nos preveniu:”

    - Disse Emmanuel que com o afastamento e libertação de Gregório, outro espírito assumiu o comando daqueles que compõem as suas legiões de seres terríveis que aparecem no livro “Libertação”.

     Tamerlão, ao assumir o comando, reuniu os seus companheiros e traçou os seus planos de combate ao Espiritismo e aos espíritas.

    Sabem qual é o plano dele?

    Nessa reunião Tamerlão disse: “Para combater os espíritas o meu plano é o seguinte: SEXO”.
     Dito isso, Chico meditativo, esclareceu:

    Gregório chefiava essas legiões e foi libertado. Tamerlão é espírito muito mais terrível do que ele. De agora em diante os espíritas começarão a ser tentados no campo do sexo, e muitos cairão.

    Diz Ranieri que de fato, pouco tempo depois, começamos a ter notícias referentes a espíritas, de grande expressão nacional, que foram se perdendo no campo sexual. Alguns deixaram a família para seguir a ilusão da carne, ou de um amor que não era aquele programado na espiritualidade.

    Pelo exposto, cabem perguntas. Em que região do globo trabalha Tamerlão? Qual país abriga o maior o número de espíritas?

    Chamou-me a atenção e tocou-me a alma um trecho da Oração da Criança”..

    (...) Proteja meus professores, pois me ensinam tanta coisa bonita. E eles me falaram que um dia você disse: “Deixai vir a mim os pequeninos”. Então Jesus, acolha nos seus braços a mim, todos os meus coleguinhas e as crianças do mundo inteiro. Que todas nós sejamos alegres e felizes e amanhã possamos fazer alguma coisa por aqueles que hoje fazem tanto por nós.

    Tamerlão é terrível, no entanto, não esqueçamos que existem espíritos como Matilde, a luminosa mãe de Gregório, e que o planeta está sob a direção de Jesus.

    Façamos nossa parte. Temos consciência que ainda somos semelhantes a índios lutando com ricos e poderosos adversários. Nesta luta desigual teremos que melhorar os “sinais de fumaça”. Nesse processo de comunicação, como protestar?

    A comunicação busca clareza e objetividade. Ser objetivo é ir direto ao ponto. Clareza é favorecida pela concisão. Estes comentários, feitos em Arte Divina. A Ciência de Ensinar , se aplicam aos protestos, sem violência, com apitos e panelas, contra os atos do governo que geram nossa indignação.

    “A indignação deve ser a marca dos protestos, pois é o combustível que move a política.”
    No artigo,  É Política, estúpido , algumas  palavras se destacam: indignação, foco, tematização, credibilidade, momento ou “timing”.

     A “tematização do objeto, contra o qual se irá protestar, é de suma importância, pois protestos sem foco se tornam desfiles, festivais de selfies e paraíso de vendedores ambulantes. Sorrisinhos, beijinhos e poses para o celular retiram toda a credibilidade do que está ocorrendo. Um protesto não deve parecer um coquetel diplomático.” O momento, ou “timing”, de um protesto é metade de sua importância. A reação deve ser imediata, e demonstrar que estamos de olho.

    “Se você não gosta de política, tem nosso respeito, mas saiba que alguém que gosta irá fazê-la por você.”

    Como eu , muitos desconfiam da educação. Um sobrevivente de um campo de concentração narrou que viu crianças serem envenenadas por cientistas e que viu também a construção de aparelhos de tortura por engenheiros bem treinados. Por isso eu desconfio da “Educação”.

    Na  Revista Fraternidade  de Lisboa registramos um depoimento:

    "Uma vez, na Emergência clínica reparei numa senhora deitada inconsciente em uma maca sem qualquer tipo de identificação ou prescrição. Perguntei aos médicos e enfermeiros sobre o seu caso e ninguém sequer tinha percebido sua presença."

    Desconfio dessa educação que estaciona na cognição e esquece o emocional e o espiritual.
    O constituinte original não esqueceu: "Promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da Republica Federativa do Brasil".( CRFB 1988). Preâmbulo.  

    Disse um médico ortopedista: “quando se considera a notável velocidade e complexidade do desenvolvimento embrionário humano, não é surpreendente que algumas crianças nasçam com uma anormalidade congênita; de fato, o que é surpreendente é que a vasta maioria das crianças são perfeitamente normais ao nascer."

    Difícil aceitar a existência de uma Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas e perceber a sua Sabedoria, quando a inteligência espiritual está ainda na primeira infância.
    O julgamento da ação que pedia a descriminalização do aborto de anencéfalos, no Supremo Tribunal Federal (STF), foi um “divisor de águas no plano da opinião pública”, e repercutiu muito no campo da Saúde Pública e no da religiosidade.

    Naqueles dias os fetos anencéfalos foram condenados à pena de morte. Um ministro justificou o voto contrário dizendo que qualquer decisão nesse sentido  'abriria portas para a interrupção da gravidez de inúmeros embriões portadores de doenças que de algum modo levassem ao encurtamento da vida'

    Outro ministro advertiu: “a pena de morte imposta ao  nascituro anencéfalo macula a constituição, que assegura a inviolabilidade do direito à vida”.

    E depois dos anencéfalos? Negar a imortalidade da alma favorece o aborto. Feto tem alma?

    Para o espírita seria válido o aborto diante de anomalias fetais graves e incuráveis?

    Estamos perdendo a luta para o mosquito, disse o ministro da Saúde, antes de receber o pito da Madame.
    Será que mulheres grávidas irão preferir interromper a gravidez ao saber do contato com a Zika?
    Irão recorrer à Justiça?

    Precisamos comentar fatos negativos para que se perceba o contraditório.

    O pedido de condenação do empreiteiro Marcelo Odebrecht, feito pelo Ministério Público Federal, pode ser usado como exemplo.

    As alegações finais apresentadas pelos procuradores da República oferecem material de estudo pois o  comportamento do rico empreiteiro é a antítese do auxílio desinteressado e fraternal encontrado na lição 131, do livro Fonte Viva .

    “Jesus respondeu e disse: - Dai-lhes vós de comer...”

    “Naquela hora do ensinamento inesquecível, a fome era naturalmente do corpo, vencido de cansaço, mas ainda e sempre, vemos a multidão carente de amparo, dominada pela fome de luz e de harmonia, vergastada pelos invisíveis azorragues da discórdia e da incompreensão.”

    O exemplo negativo aponta pessoas onde  “inexiste a consciência social e está presente a má índole, quando são capazes de desviar  o dinheiro público.

    Se nos propomos contribuir na regeneração do campo social não nos percamos em pregações de rebelião e desespero. Devemos conservar a serenidade e alimentar o próximo com o nosso bom exemplo e com a nossa boa palavra.

    Nas alegações finais dizem os procuradores: "dado o alto grau de instrução que possuem, não apenas são capazes de perceber a gravidade de suas condutas, como também são incapazes de recusar a participar dos atos ilícitos. Usam o conhecimento para produzir males sociais, muitas vezes impactando o sistema político e vilipendiando a democracia.”

    A impunidade  “obriga a população principalmente a mais pobre, e os cofres públicos  a arcar, com as mais diversas formas de enriquecimento ilícito de empreiteiras, operadores financeiros e funcionários públicos corruptos. O sujeito que se vale de relevante posição social e/ou profissional para cometer delitos, com motivações torpes e egoísticas, deve ter sua conduta social valorada negativamente.”

    A Educação precisa de modelos positivos. Um deles é Helen Keller .

    Aos 18 meses de idade viu-se privada dos sentidos da visão e da audição. Jovem, não podia ouvir as aulas ou tomar notas, mas mesmo assim, aos 24 anos de idade, concluiu com distinção a sua licenciatura em Humanidades, no "Radcliffe College". Escrevia em inglês e francês e fez inúmeras conferências pelo mundo, incluindo o Brasil.

    Deve-se preservar o valor social do trabalho,reafirmando a noção de que o sucesso profissional é possível por meios lícitos", disse o procurador  do caso Lava Jato.

    Nos crimes do “colarinho branco” vamos encontrar a Máscara da sanidade , o transtorno da personalidade antissocial. Esse é um tipo de transtorno dificilmente curável. Na reclusão, as tentativas de reintegração social são nulas. Geralmente, os portadores dessa disfunção não deixam a penitenciária em melhores condições. São “reincidentes juramentados”.

    Em Mentes Perigosas , a médica psiquiatra Ana Beatriz B. Silva alerta que os psicopatas podem permanecer uma vida inteira sem serem descobertos. Eles transitam  pelas ruas, cruzam nossos caminhos, frequentam as mesmas festas, dividem o mesmo teto, dormem na mesma cama.

    A estatística é assustadora. São 4% da população: 3% são homens. Assim, a cada 25 pessoas, uma é psicopata. Seus atos criminosos provêm de um raciocínio frio e calculista combinado com a incapacidade de perceber pessoas como seres humanos.

    Matilde teve um filho assim!

    O espírito Andre Luiz narra, no livro Libertação, que num determinado momento da vida de Gregório, na espiritualidade, ele se preparava para atacar um desafeto.

    Surge acompanhado de sua organização criminosa e inicia a investida através de palavrões duros e violentos.  Depois das agressões verbais e intimidações, o vingativo espírito tenta ir adiante desafiando o adversário.

    Lança-lhe a luva à face e aguarda a reação. Articula novos impropérios, demonstrando acentuado desapontamento, em face dos insultos sem resposta.

    O terrível diretor de legiões sombrias abeirou-se do adversário e bradou: “levantar-te-ei, por mim mesmo, usando os sopapos que mereces.”

    Matilde, que havia verificado clima vibracional favorável para materializar-se e voltar aos olhos do filho, então, se apresenta.

    Gregório escuta a voz cristalina e terna de Matilde, exortando-o, com amorosa firmeza. Gregório não resistiu.

    Na Terra, apenas em casos extremos, os psicopatas matam a sangue-frio, com crueldade, sem medo e arrependimento. Em sua maioria, não são assassinos.

    Pela estatística referida, é possível que o Juiz Moro, do Lava Jato, encontre alguns.
    Haveria alguma mente perigosa entre os advogados de defesa da organização?

    As mentes perigosas, em sua grande maioria, vivem como pessoas comuns. No entanto, são desprovidos de consciência e, portanto, destituídos do senso de responsabilidade ética, que é a base das relações emocionais. Não apresentam o sentimento de culpa ou remorso por desapontar, magoar, enganar ou até mesmo matar. São encontrados em qualquer raça, credo ou nível social. Trabalham, estudam, fazem carreiras, se casam, têm filhos, mas não são como a maioria

    Admitir a existência de criaturas com essa natureza é quase uma rendição ao fato de que o mal habita entre nós, diz Ana Beatriz. A psiquiatra está convencida da importância das falhas em nossas organizações familiares, educacionais e sociais. Essas falhas merecem nossa atenção e estudos aprofundados, mas por si só não são suficientes para explicar o fenômeno da psicopatia.
    O que possibilitou a transformação de Gregório?

    Por que Jesus fez a mesma pergunta a Pedro pela terceira vez?

    -  Simão. Filho de Jonas, amas-me? (João, 21.17).

    Jesus conduz Pedro ao mais alto nível do cognitivo e o impulsiona ao mais alto nível do domínio afetivo. Isso é educação, para libertação.

    Jesus não pede informação, não deseja inteirar-se dos conhecimentos do colaborador; não reclama compromisso formal. Pretende saber apenas se Pedro o ama, deixando perceber que, com o amor, as demais dificuldades se resolvem.  Se o discípulo possui suficiente provisão dessa essência divina, a tarefa mais dura converte-se em apostolado de bênçãos promissoras.

     As conquistas intelectuais valem muito, as indagações são louváveis, mas em verdade somente será efetivo e eficiente cooperador do Cristo se tiver amor.

    quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

    O “outro” e “eu”

    Antonio Cesar Perri de Carvalho
    Ex-Presidente da FEB 



    Há uns tempos ouvi um interlocutor relatando as críticas que faziam a um conhecido dele. Depois de ouvi-las opinou que o personagem montado pelas críticas nada tinha a haver com a pessoa que ele também conhecia.

    Esse fato nos veio à mente ao acompanharmos, recentemente, uma entrevista no programa “Roda Viva” (TV Cultura) com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, atendendo à pergunta sobre as continuadas críticas que recebeu dos governos que o sucederam, comentou que ao analisar as informações verificou que em realidade haviam criado um outro “personagem”. E agora o tempo passou...

    O episódio remete a registro do conhecido poeta e escritor argentino Jorge Luís Borges, ao escrever o conto: “Borges y yo”, incluído no livro O fazedor:

    “Ao outro, a Borges, é a quem as coisas acontecem. Eu caminho por Buenos Aires e me demoro, acaso já mecanicamente, para olhar para o arco de um vestíbulo e porta interna; de Borges tenho notícias pelo correio e vejo seu nome em uma lista de professores ou num dicionário biográfico”. Comenta as diferenças que ele sente entre o Borges que divulgam e ele próprio. Ao final, encerra o conto: “Eu não sei qual dos dois escreve esta página”.

    Realmente, além das críticas há também certos endeusamentos. Por ocasião das evocações do cinquentenário de suas tarefas mediúnicas, Chico Xavier respondeu a uma entrevista: “Sou sempre um Chico Xavier lutando para criar um Chico Xavier renovado em Jesus e, pelo que vejo, está muito longe de aparecer como espero e preciso...”1

    A resposta de Chico Xavier é muito coerente com sua maneira simples de ser e também com a assertiva de seu orientador espiritual:

    “Sem dúvida, estamos muito longe, infinitamente muito longe da perfeição... Cabe, porém, a nós, aprendizes do Evangelho, a obrigação de confrontar-nos hoje com o que éramos ontem e, a nosso ver, feito isso, cada um de nós pode, sem pretensão parafrasear as palavras do apóstolo Paulo, nos versículos 9 e 10, do capítulo 15, de sua Primeira Epístola aos Coríntios: - ‘Dos servidores do Senhor, sei que sou o menor e o mais endividado perante a Lei, mas com a graça de Deus sou o que sou...”2

    Evidente que os relatos em pauta devem merecer reflexões e pautadas na questão 621 de O livro dos espíritos: “Onde está escrita a lei de Deus? – Na consciência”, e, também em O evangelho segundo o espiritismo (Cap. VI. Item 8): “O sentimento do dever cumprido vos dará o repouso do Espírito e a resignação”.

    Porém frente às provocações e insinuações – típicas do mundo em que vivemos -, vale a reflexão com base em comentário de Emmanuel:

    "Se muitos companheiros estão vigiando os teus gestos procurando o ponto fraco para criticarem, outros muitos estão fixando ansiosamente o caminho em que surgirás, conduzindo até eles a migalha do socorro de que necessitam para sobreviver. É impossível não saibas quais deles formam o grupo de trabalho em que Jesus te espera".3

    Bibliografia:
    1) Carvalho, Antonio Cesar Perri. O homem e a obra. Cap. Cinquentenário de mediunidade. Ed.USE.
    2) Xavier, Francisco Cândido. Benção de paz. Cap.1. Ed. GEEM.
    3) Xavier, Francisco Cândido. Material de construção. Cap. Crítica e Serviço. Ed. IDEAL. 

    domingo, 24 de janeiro de 2016

    A Mensagem Maior Vivida com Jesus e Kardec (*) Diálogo Fraterno (*)


    A Mensagem Maior Vivida com Jesus e Kardec (*)

    Jorge Hessen

    Estimado Chico Xavier; viemos de São Paulo, com dois objetivos:
    - O primeiro, trazer até você o abraço carinhoso de todos os nossos companheiros da USE, no momento em que você se encontra às vésperas de completar 50 anos de atividade mediúnica, na Seara do Mestre;
    - E, em segundo lugar, levar conosco a sua mensagem a nossos irmãos de ideal que vibram amorosamente em sua direção.
    Assim sendo, caro Chico, por ordem perguntaríamos:

    107 – Processo de Unificação
    P – Como deverá agir o dirigente espírita, no Centro Espírita, para colaborar com o processo de unificação das sociedades espíritas?
    R – Não tenho qualquer autoridade para tratar do assunto, com a importância que o assunto merece. Creio, porém, que os companheiros responsáveis pela divulgação da Doutrina Espírita estarão em rumo certo, conduzindo a idéia espírita co coração da comunidade, envolvendo o conhecimento superior no trabalho, tão intenso quanto possível, do amor ao próximo. O serviço aos semelhantes fala sem palavras e, através dele, os sentimentos se comunicam entre si.

    108 – Espiritismo e Comunicação de Massa
    P – Como devemos compreender a divulgação da Doutrina Espírita, em face das modernas técnicas de comunicação de massa?
    R – Admito seja nossa obrigação servir sempre à Causa do Bem de Todos, formando, assim, o preciso ambiente para que se manifeste a colaboração dos Espíritos Superiores. No caso, lembro-me do trabalho da aviação; sem aeroporto conveniente, o avião não encontra pouso seguro. Se o espírito encarnado não colaborar no bem, será muito difícil o intercâmbio com os Espíritos Elevados.

    109 – Divulgação Doutrinária
    P – Como favorecer a cooperação dos Espíritos Superiores na planificação das idéias de propaganda da Doutrina Espírita?
    R – A resposta será mesmo: estudar sempre, com a aplicação dos ensinamentos nobres que venhamos a colher. Nesse sentido, sempre noto que o diálogo entre grupos reduzidos de estudiosos sinceros, apresenta alto índice de rendimento para os companheiros que efetivamente se interessam pela divulgação dos princípios Kardequianos.

    110 – Unificação da Doutrina Espírita
    P – Por fim, caro Chico; gostaríamos de levar sua mensagem aos nossos irmãos da USE que prestam sua colaboração, em várias áreas de trabalho que o Centro Espírita nos oferece.
    R – Caro Amigo, o seu desejo muito me honra, mas sinceramente, a meu ver, não temos qualquer mensagem maior que o convite à divulgação e ao conhecimento da Doutrina Espírita, vivendo-a com Jesus, interpretada por Allan Kardec. Penso que, nesse sentido, deveríamos refletir em unificação, em termos de família humana, evitando os excessos de consagração das elites culturais na Doutrina Espírita, embora necessitemos sustentá-las e cultivá-las com respeitosa atenção, mas nunca em detrimento dos nossos irmãos em Humanidade, que reclamem amparo, socorro, esclarecimento e rumo. Integrar-nos na vida comunitária, vivendo-lhe as necessidades e as lutas, os problemas e as provas, com a luz do conhecimento espírita, clareando atitudes e caminhos; para nós, a meu ver, deveria ser uma obrigação das mais simples. Não consigo entender o Espiritismo, sem Jesus e sem Allan Kardec para todos, com todos e ao alcance de todos, a fim de que os nossos princípios alcancem os fins a que se propõem. Não conseguindo pensar de outro modo, peço a Jesus a todos nos esclareça e abençoe.

    (* - Entrevista ao Jornal Unificação, de São Paulo/SP, e publicada em sua edição de julho/agosto de 1977, com o título: “Nosso jornal entrevista Chico Xavier”).







    Diálogo Fraterno (*)

    No exato momento em que as forças vivas da família brasileira lembram o aniversário de cinqüenta anos de labor mediúnico do nosso querido médium espírita Francisco Cândido Xavier a ser verificar em julho próximo, é justo que recordemos nosso encontro com o citado médium, em termos doutrinários, e isto no mês próximo passado.
    Procuremos registrar aqui, com a maior fidelidade possível, o conteúdo desse encontro, o diálogo que mantivemos, com vistas ao mais perfeito conhecimento por parte de quantos se interessam pelo assunto, assumindo nós, todavia, a responsabilidade do pensamento traduzido, a fim de evitar aborrecimentos ao nosso querido médium.
    Inicialmente, nosso encontro foi uma resposta satisfatória a uma carta que lhe endereçamos em que fazíamos uma apreciação crítica do movimento espírita em geral e do de unificação em particular, confiando-lhe, assim, as nossas preocupações doutrinárias.
    Suas palavras ainda ressoam em nossa acústica doutrinária, convidando-nos a uma meditação, séria em torno do Espiritismo que revive o Cristianismo primitivo em sua simplicidade e que tem na máxima “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” a sua expressão máxima.

    111 – O Problema da “Elitização”
    - Jarbas, amigo, precisamos conversar desapaixonadamente sobre o nosso movimento. É preciso que nós, os espíritas; compreendamos que não podemos nos distanciar do povo. É preciso fugir da tendência à “elitização” no seio do movimento espírita. É necessário que os dirigentes espíritas, principalmente os ligados aos órgãos unificadores compreendam e sintam que o Espiritismo veio para o povo e com ele dialogar. É indispensável que estudemos a Doutrina Espírita junto às massas, que amemos a todos os companheiros, mas sobretudo, aos espíritas mais humildes sociais e intelectualmente falando e delas nos aproximarmos com real espírito de compreensão e fraternidade. Se não nos precavemos, daqui a pouco estaremos em nossas casas espíritas apenas falando e explicando o Evangelho de Cristo, às pessoas laureadas por títulos acadêmicos ou intelectuais e confrades de posição social mais elevadas. Mais do que justo evitarmos isso. (repetiu várias vezes) a “elitização” no Espiritismo, isto é, a formação do “espírito de cúpula”, com evocação de infalibilidade, em nossas organizações.

    112 – Suposta Pureza Doutrinária
    P - Então, caro Chico, o problema não é de direção, ou, melhor diríamos, de administração espírita?
    R – Não, o problema não é de direção ou administração em si, pois precisamos administrar até a nós mesmos, mas a maneira como a conduzem, isto é, a falta de maior aproximação com irmãos socialmente menos favorecidos, que equivale à ausência de amor, presente no excesso de rigorismo, de suposta pureza doutrinária, de formalismo por parte daqueles que são responsáveis pelas nossas instituições; é a preocupação excessiva com a parte material das instituições, com a manutenção, por exemplo, de sócios contribuintes ao invés de sócios ou companheiros ligados pelos laços do trabalho, da responsabilidade, da fraternidade legítima; é a preocupação com o patrimônio material ao invés do espiritual e doutrinário; é a preocupação de inverter o processo de maior difusão do Espiritismo fazendo-o partir de cima para baixo, da elite intelectualizada para as massas, exigindo-se dos companheiros em dificuldades materiais ou espirituais uma elevação ou um crescimento, sem apoio dos que foram chamados pela Doutrina Espírita a fim de ampará-los na formação gradativa.

    113 – Verdadeira Pureza Doutrinária
    Naquele instante, recordamos que Allan Kardec, deixou bem claro na introdução ao Livro dos Espíritos que o caminho da Nova Revelação será de baixo para cima, das massas para as elites, porque “quando as idéias espíritas forem aceitas pelas massas, os sábios se renderão à evidência”.
    Recordou, ainda, o dever imperioso de todos nós de evitar a deturpação da mensagem dos Espíritos, como aconteceu com o Cristianismo oficializado por Constantino. A Doutrina dos Espíritos veio para restaurar o Cristianismo, mas na sua feição evangélica primitiva, entendendo-se que em Espiritismo Evangélico é respeitar e auxiliar, amparar e elevar sempre, entendo-se que os melhor e os mais cultos são indicados a se fazerem apoio de seus irmãos em condições difíceis para que se alteiem ao nível dos melhores e mais habilitados ao progresso.
    Aí está a essência de nossa conversação.
    Nesse sentido, ressaltou muito bem o nosso irmão Salvador Gentile em Anuário Espírita-1977:
    “Por mais respeitáveis os títulos acadêmicos que detenhamos, não hesitemos em nos confundir na multidão para aprender a viver, com ela, a grande mensagem”.
    Depois deste diálogo, penetramos mais profundamente nas palavras do Dr. Bezerra de Menezes em “Unificação, Serviço Urgente mas não apressado”:
    “É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos mensageiros divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios”.
    “Respeito a todas as criaturas, discriminações, evidências individuais, injustificáveis privilégios, imunidades, prioridades”.
    “Amor de Jesus sobre todos, verdade de Kardec, para todos”.

    Em essência esse pensamento é repetido pelo mesmo Espírito em mensagem que vai publicada noutro local de “O Triângulo Espírita”.

    Emmanuel também é incisivo em “Aliança Espírita”.

    Educarás ajudando e unirás compreendendo.

    Jesus não nos chamou para exercer a função de palmatórias na instituição universal do Evangelho, e, sim, foi categórico ao afirmar: “Os meus discípulos serão conhecidos por muito de amarem”.

    Cumpre-nos, dessa forma, meditar melhor a mensagem dos Espíritos, mas, sobretudo, aplica-la em nosso movimento espírita, em nossas casas espíritas, e, principalmente, em nosso movimento de Unificação, aplicação esta que vem sendo a tônica de toda a vida de nosso médium Chico Xavier. Aliás, ninguém mais do que ele viveu e vive o verdadeiro sentido da unificação e que é o retrato acima.



    (* -Entrevista concedida ao Dr. Jarbas Leone Varanda e publicada no jornal uberabense: “Um encontro fraterno e uma Mensagem aos espíritas brasileiros”).

    sábado, 23 de janeiro de 2016

    ARTE DIVINA, A CIÊNCIA DE ENSINAR

    Luiz Carlos Formiga


    A  comunicação moderna busca a clareza e a objetividade. Simplificar é sempre melhor do que dificultar. Procurar a clareza sendo conciso, sem omitir informações, esclarecimentos ou dados.
    Um texto prolixo tende a ser entediante e gerar confusão. Direto ao ponto evitando dialetos, ruídos.
    As linhas podem parecer tortas com as palavras: mangaieiro, xaxarde arrasto, rabichola, cangalha, lambú assado.


    Sabemos a importância de artigos, palestras e conferencias na divulgação da Doutrina Espírita.

    Para ser conferencista renomado é necessário ser respeitado e falar bem. “Não podemos usar um dialeto”


    Com Paulo de Tarso, santo na igreja católica, percebemos outra característica importante - a humildade.

    Sua mudança começou na estrada de Damasco, quando aprendeu a inclinar-se, “Senhor, que queres que eu faça?”

    Flertar com o elitismo é um grande perigo.

    “O Evangelho de Jesus é portador de todos os ensinamentos essenciais e necessários, sem nos impor a necessidade de recorrer a nomenclaturas difíceis, distante da simplicidade.”

    Lembrando a frase do músico brasileiro “tomar uma bicada com lambú assado”, lembro a possibilidade de fazer discursos em linhas tortas. No entanto, conhecendo a população alvo sabemos que para o iniciado “um pingo é letra”.


    Palavras e frases dos dias de hoje que causam desconforto: juros, recessão, petrobrás, trem-bala, investimente grade, real forte, pleno emprego, Economist intelligence Unit (EIU), qualidade democrática, democracia falha, pátria educadora, conta de luz, bilhões, milhões de desempregados, transposição do São Francisco, maior programa de distribuição de renda, o Brasil entrou afinal na OPEP, mais uma descoberta do “pré-sal”, o mundo capitalista enfim se curvou diante da gestão econômica e das políticas sociais.

    Essas linhas poderiam nos indicar consequências espirituais futuras?

    Considere que a Lei Divina ou Natural não castiga, não premia, mas restitui.

    As democracias consideradas mais completas hoje são encontradas na Suécia, Noruega e Islândia, as piores na Coréia do Norte e Síria. Onde deverá ser a próxima encarnação dos executores das “linhas tortas” da Petrobrás, se puderem voltar a Terra?

    Qual a consequência da semeadura dos governos patogênicos, aqueles que são capazes de planejar a morte humana, mesmo antes do nascimento?

    Um artigo recente diz que, por linhas tortas educacionais, o governo planeja fazer a pedofilia chegar à escola.


    Qual será o resultado futuro?

    Existe um projeto de lei  em tramitação no Senado (552/2007), onde se prevê um acréscimo ao Código Penal, art. 216-B. “Nas hipóteses em que o autor dos crimes tipificados nos arts. 213, 214, 218 e 224 for considerado pedófilo, conforme o Código Internacional de Doenças, fica cominada a pena de castração química.”


    Alguns consideram esta providência uma crueldade, uma lei desumana ou degradante. Pense no assunto. Pensar, em determinados problemas, chega a doer.

    Outras palavras difíceis de examinar: menor abandonado, analfabeto, pedofilia, prostituição, aborto, corrupção.

    “O pior analfabeto é o político. Ele não houve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. Esse analfabeto se orgulha dizendo que odeia política. Mas é da sua ignorância política que nasce a prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista e corrupto.”

    Pensar pode produzir dor na alma? Faça um teste: Feto tem alma? Para o verdadeiro espírita, seria válido o aborto diante de anomalias fetais graves e incuráveis?

    Católicos, evangélicos e espíritas estão trabalhando juntos diante dos perigos. Estão fazendo frente aos governos materialistas e patogênicos. Se a indignação, a “ira santa”, lhe visitar pergunte-se qual a forma de lutar com ética.

    “Com amor podemos usar bumbo e corneta.”


    Com esses instrumentos podemos nos sentir impotentes. No entanto, recordemos que diante da pedra dura da incompreensão, a água se socorre da ciência de ensinar e sempre encontra uma abertura.

    Na lição 72, do livro Fonte Viva, há um incentivo.



    “Prossegue combatendo as sombras, nos menores recantos de teu caminho, se a vocação da claridade te assinala o íntimo. Observa os princípios da lei do auxílio, antes da ação. Usa a arte divina de quantos alcançaram conscienciosamente a vida mais alta – descer para ajudar. Gradua as manifestações de ti mesmo para que o teu socorro não se faça destrutivo. Conserva a energia construtiva do exemplo respeitável, mas não esqueças que a ciência de ensinar só triunfa integralmente no orientador que sabe amparar, esperar e repetir.”

    sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

    A Unificação depende da União que depende da Educação Doutrinária


    Leonardo Marmo Moreira

    Existe uma frase, muito verdadeira por sinal, que é repetida frequentemente no Movimento Espírita: "Não conseguiremos a unificação do Movimento sem a união dos indivíduos". Tal observação já foi enunciada por Divaldo P. Franco e seria baseada em orientações do Mentor Espiritual Bezerra de Menezes. Apesar de muito verdadeira, tal observação não tem sido adequadamente compreendida pelos confrades do Movimento Espírita. 

    Costuma-se acreditar ou pelo menos sugerir sutilmente que o esforço moral de tolerância em relação aos que pensam diferentemente de nós seria suficiente para a união dos espíritas. Tal ideia é equivocada. 

    É evidente que a alteridade é fundamental em todas as relações interpessoais e com especial destaque para os trabalhos desenvolvidos pelo centro espírita. Afinal, o trabalho espírita é um serviço eminentemente coletivo. Trata-se de um trabalho em equipe, o qual depende da amizade e da tolerância em relação aos que pensam de forma diferente. No entanto, a supracitada “tolerância com os pensamentos diferentes” trata-se de um pré-requisito e não do “único” pré-requisito para o desenvolvimento de tarefas espíritas. 

    A união dos espíritas não pode ser obtida por decreto, pois resulta de um esforço moral, mas também de um esforço de educação doutrinária. Por mais que tenhamos afinidade espiritual e estima por muitos irmãos, não podemos levar todos para o centro espírita e, sobretudo, para tarefas de liderança e formação doutrinária dentro da casa espírita, pois nem todos são espíritas e mesmo os que são realmente espíritas podem não apresentar as condições doutrinárias e de aptidão geral para determinadas funções. 

    Muitas divergências no Movimento Espírita são questões doutrinárias contundentes, que só serão equacionadas através de um lento, gradual e consistente esforço de educação doutrinária. A amizade entre frequentadores não é suficiente para a qualidade doutrinária. De fato, a união contempla, mas não se restringe à vinculação afetiva, pois igualmente abrange a identificação ideológica. 

    Os líderes espíritas devem, portanto, estar conscientes da necessidade da auto doutrinação; da contribuição para o crescimento doutrinário dos companheiros, sobretudo os mais próximos; e da escolha de dirigentes, expositores e redatores, que possam ser indicados/convidados por esses referidos líderes. 

    No Espiritismo, não há batismo e nem formatura como “teólogo espírita” ou “bacharel de Espiritismo”. E tal realidade é perfeitamente condizente com as bases doutrinárias da Codificação e com o ideal de resgatar a essência do Cristianismo primitivo. Portanto, não existe um “rito de passagem” ou um sistema de avaliação que forneça um “título” que identifique perante seus pares que tal “neo-espírita” é realmente apto à direção e/ou desenvolvimento de determinados trabalhos espíritas (o que incluiria necessariamente conhecimento doutrinário, vivência no Movimento Espírita e capacitações específicas para cada tarefa espírita, entre outros). 

    O indivíduo torna-se espírita, a priori, quando identifica-se como tal. Isso, obviamente, vale para o próprio indivíduo e vale para a identificação como espírita para institutos de pesquisa, tais como o IBGE, mas não significa que o mesmo esteja apto para tarefas espíritas de maior responsabilidade. A autodenominação como espírita não é suficiente para que líderes espíritas identifiquem no respectivo “neo-espírita” as condições necessárias para que o mesmo assuma compromissos de diferentes níveis de complexidade perante o Movimento Espírita. 

    Esse mecanismo natural e espontâneo de “conversão ao Espiritismo” faz com que o Movimento Espírita tenha significativa heterogeneidade em termos de nível de compromisso doutrinário por parte de seus adeptos. E essa tendência está sendo acentuada, cada vez mais, com a popularização das ideias espíritas e a diminuição do preconceito social contra o Espiritismo. Assim sendo, o aumento do número de adeptos tende a aumentar a dificuldade no chamado “nivelamento por cima” da compreensão doutrinária dos espiritistas. Pelo contrário, o Movimento Espírita corre sério risco de um “nivelamento por baixo”, com uma espécie de assimilação doutrinária “à moda da casa”, ou seja, unicamente dependente das ideias, prioridades e estudos dos dirigentes do centro espírita frequentado pelo neófito. 

    Por outro lado, “espíritas de berço” podem passar décadas e mais décadas frequentando o centro espírita sem adquirir condições de assumir trabalhos de maior expressão. A dedicação ao estudo doutrinário ocorre tanto dentro como fora da casa espírita e o nível de assimilação de cada palestra, de cada reunião de grupo de estudo e de cada leitura de livro doutrinário varia muito de pessoa para pessoa. 

    De qualquer maneira, podemos favorecer o crescimento geral através de pequenas medidas bastante acessíveis, tais como uma seleção com melhores critérios, do ponto de vista doutrinário, os livros das bibliotecas e livrarias, entre outros. Tais medidas não garantem a homogeneidade, mas tendem a contribuir para a melhoria doutrinária do Movimento a médio e longo prazos. 

    Dentro desse contexto, o chamado “movimento ou trabalho de unificação” deveria e deve ser um mecanismo de fraternidade e intercâmbio entre casas espíritas e espiritistas de diferentes grupos visando a uma homogeneização para uma elevação na qualidade doutrinária geral. Um país de tamanho quase continental, como é o caso do Brasil, faz com que consigamos visualizar a relevância desse ideal com facilidade. Assim sendo, todos os que assumem tais compromissos devem ter a consciência da responsabilidade inerente a tal tarefa, pois contempla maior número de casas e indivíduos e, por conseguinte, tem maior impacto em termos de “formação de opinião” em nossos arraiais.