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  • quinta-feira, 31 de março de 2016

    Sobre a Materialidade do Mundo Espiritual


    Leonardo Marmo Moreira

    O nível de materialidade do mundo espiritual é altamente variável. A materialidade do mundo espiritual depende do nível de materialidade do perispírito (corpo espiritual que envolve o Espírito, isto é, o princípio inteligente do universo) da respectiva entidade e o nível de densidade do perispírito depende da evolução intelecto-moral do Espírito.

    Assim sendo, as realidades espirituais que podemos encontrar ao desencarnarmos são completamente variáveis, uma vez que no mundo espiritual ocorre, de forma significativa, uma certa “separação do joio e do trigo". Portanto, ao contrário do mundo físico, no qual, conforme texto evangélico (Sermão da Montanha de Jesus) "Deus faz nascer o sol sobre bons e maus e cair a chuva sobre justos e injustos" (o que equivale a dizer que, durante a encarnação, o “joio” está bem misturado ao “trigo”, pois essa interação é útil para a evolução espiritual de ambos os grupos [“joios” e “trigos”], dentro da proposta de crescimento educacional que a vida física traz a cada um de nós), no mundo espiritual ocorre uma separação bem mais efetiva entre Espíritos de evoluções diferenciadas.

    De fato, as regiões e os estágios de felicidade, paz, trabalho, materialidade do perispírito etc. dependem do crescimento espiritual do indivíduo (bondade intrínseca ao Espírito e produtividade no bem [“a cada um segundo suas obras”]). Se lembrarmos da segunda parte da obra "O Céu e o Inferno" de Allan Kardec, o Mestre Lionês explica-nos que Espíritos ainda muito atrasados (alguns cruéis mesmo!) necessitam sentir "dores físicas", pois não sentiriam nenhum tipo de arrependimento, remorso ou autocrítica. Ou seja, na falta da chamada “dor moral”, eles necessitavam de uma “dor física”, porque o perispírito não deixa de ser, de certa forma, físico, uma vez que é semi-material. Esse “incômodo” despertaria, lenta e gradualmente, a noção de justiça (“Causa e Efeito”) nos Espíritos ainda bastante primitivos.

    Para Espíritos que já teriam algum nível moral, a chamada "dor de consciência" era muito mais "dura" e eficiente para a transformação moral do ser para melhor, pois muitas das sensações físicas já não seriam tão imprescindíveis para o progresso do Espírito. Assim, as possibilidades de trabalho e de realidade espiritual, inclusive de densidade perispiritual, são muito variáveis no mundo espiritual, dependendo do nível de conquista espiritual da respectiva Entidade. Logo, o ambiente em que ela estará inserida e as suas atividades pessoais serão mais ou menos elevadas, dependendo de sua elevação e sua atuação efetiva no bem, sobretudo na última encarnação.

    Podemos também lembrar do "Há muitas moradas na casa do Pai", pois tal afirmativa não diz respeito apenas às diferentes “moradas físicas”, mas também aos diferentes planos de atuação da Entidade espiritual desencarnada. Essa variabilidade de tipos de tarefas espirituais teria, em princípio, essas causas básicas. Com base nas obras espíritas e na própria observação da heterogeneidade espiritual nos seres encarnados, percebemos que “as almas dos homens que viveram no mundo” (os chamados “mortos”) não devem estar restritos a pouco número de ambientes e com tarefas muito semelhantes. As tarefas e realidades espirituais dependem diretamente das conquistas espirituais efetivas de cada indivíduo, e, como nós sabemos, cada um está em um degrau específico, intelecto-moralmente, nessa grande "escada evolutiva". Um trabalhador braçal da Terra que não tenha grandes conquistas morais, mesmo que seja pessoa com bagagens significativas de outras encarnações, gastará, na melhor das hipóteses, um tempo significativo para buscar o desenvolvimento de trabalhos de naturezas completamente distintas das experiências por ele adquiridas previamente. Como os livros doutrinários costumam dizer: “A Natureza não dá saltos”.

    Vale adir que André Luiz, Emmanuel, Chico Xavier e Divaldo Franco sempre afirmaram que o número de Espíritos desencarnados da Terra é bem maior do que o número de Espíritos encarnados terrenos, o que também sugere que o número de tipos de trabalhos no mundo espiritual deva ser bem expressivo.

    Sobre a separação de ambientes, André Luiz deixa claro em sua obra o uso, quando necessário, de barreiras magnéticas (barreiras vibratórias), as quais circunscrevem, literalmente, regiões de atuação de determinado tipo de Espíritos.

    André Luiz, por exemplo, não tem nem a oportunidade de visitar os Ministérios da Elevação e da União Divina, tamanha a diferença vibratória daqueles ambientes em relação ao nível que ele, André Luiz, apresentava. A mãe de André Luiz, por sua vez, vivia em esferas superiores a “Nosso Lar”, em um nível de densidade vibratória muito mais quintessenciado, com maior número de tarefas, maior nível de responsabilidade e afetando maior número de seres espirituais.

    É possível perceber, portanto, que a obra de André Luiz, ao contrário do que muitos apregoam, não está em contradição com a obra de Allan Kardec no que se refere aos diversos níveis de materialidade e de tipos de trabalho que existem no mundo espiritual.

    INQUIETAÇÕES (Jorge Hessen)


    Jorge Hessen

    A ansiedade é o grande sintoma de características psicológicas que mostra a intersecção entre o físico e psíquico, uma vez que tem claros sintomas físicos, como taquicardia (batedeira), sudorese, tremores, tensão muscular, aumento das secreções, aumento da motilidade intestinal, cefaleia (dor de cabeça). Quando recorrente e intensa, também é chamada de síndrome do pânico (crise ansiosa aguda). Toda essa excitação acontece decorrente de uma descarga de um neurotransmissor chamado noradrenalina, que é produzido nas suprarrenais, lócus cerúleos e núcleo amigdaloide. [1]

    A ansiedade, quando exorbita, torna-se causa de muitas enfermidades espirituais e decisões impulsivas, requerendo muitas vezes séculos para a devida reparação, sim, séculos! Jesus convidou-nos a vencer a preocupação exagerada, ou seja, a ansiedade doentia. Pronuncia o Mestre: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal". [2] A pessoa ansiosa, no desejo de acelerar o que imagina ser formidável o que há de advir, conquanto na maioria das vezes seja apenas simples capricho, atrai também dores e desgostos sobre si mesma.

    As ansiedades crônicas desenham itinerários íngremes e jamais edificam algo de útil na vida de alguém. De tal modo que Emmanuel adverte: “se o homem nascesse para andar ansioso, seria dizer que veio ao mundo, não na categoria de trabalhador em tarefa santificante, mas por desesperado sem remissão.” [3] Uma criatura que vive entregue ao pessimismo e aos maus pensamentos tem em volta de si uma atmosfera espiritual escura, da qual aproximam-se Espíritos doentios. A angústia, a tristeza e a desesperança aparecem, formando um quadro físico-psíquico deprimente, que pode ser modificado sob a orientação dos ensinos morais de Jesus. [4]

    Ademais, a conduta mental e espiritual de alguém, quando cultiva os sentimentos da ansiedade, impregna o organismo físico e o SNC (sistema nervoso central) com freqüências vibratórias infectadas que bloqueiam áreas por onde se espalha a energia vital, abrindo campo para a instalação dos múltiplos estados patológicos, em face da proliferação de agentes deletérios (microorganismos de origens psíquicas) degenerativos que se instalam. Por isso, a disciplina mental e emocional surge como sustentáculo do edifício das lutas rotineiras sob o influxo da resignação indispensável diante dos embates vitais ao nosso crescimento espiritual.

    Quando experimentamos uma sensação de angústia, de ansiedade indefinível ou de íntima satisfação, sem que lhe conheçamos a causa, não podemos simplesmente atribuí-la unicamente a uma disposição física, pois “é quase sempre efeito da comunicação em que inconscientemente entramos com os Espíritos, ou da que com eles tivemos durante o sono.” [5] Nesse caso, o processo terapêutico advém da força espiritual quando canalizada de maneira correta sobre os alicerces da educação do pensamento e da disciplina salutar dos hábitos. É um embate sem tréguas, porém o esforço para levá-lo a termo construirá bases morais sólidas naquele que se predispõe a realizá-lo.

    A ansiedade pertinaz como vimos pode ser um distúrbio associado à ocorrência da alteração da noradrenalina. Quando sua produção ou forma de produção se altera podendo ocasionar a ansiedade, entre outras patologias gravíssimas, torna-se uma porta escancarada. O uso dos fármacos pode estabelecer a harmonia química cerebral, melhorando o humor do paciente, no entanto cuida simplesmente do efeito, pois os medicamentos não curam a ansiedade mórbida em suas intrínsecas causas; apenas restabelecem o trânsito das mensagens neuronais, melhorando o funcionamento neuroquímico do SNC (sistema nervoso central). Se os médicos são malsucedidos tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma. Isso porque com Jesus os reflexos do passado serão apenas estímulos para nos entregarmos à lida renovadora e profícua, em prol das nossas existências porvindouras.

    Sim, Jesus nos enviou como legado um dos mais poderosos medicamentos contra o desassossego mental-emocional: a Codificação espírita, cujos preceitos trazem à memória humana a certeza de que, apesar dos açoites aparentemente destruidores do destino, o homem precisa conservar-se de pé, denodadamente, marchando firme ao encontro dos supremos objetivos da vida, enfrentando serenamente os obstáculos como um instrumental necessário que Deus envia às suas criaturas.

    Referências bibliográficas:

    [1] Disponível em http://www.ansiedade.com.br/transtornos/ansiedade/ acesso em 29/03/2016
    [2] Mt. 6:34;
    [3] Xavier Francisco Cândido. Pão Nosso ditado pelo Espirito Emmanuel , cap. 8, RJ: Ed. FEB, 1999
    [4] Kardec, Allan. Revista Espírita de maio de 1867, RJ: Ed FEB, 2000
    [5] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 471, RJ: Ed. FEB, 1972