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  • quinta-feira, 13 de abril de 2017

    Vida inteligente só existe na Terra? (Jorge Hessen)




    Jorge Hessen
    jorgehessen@gmail.com

    Há dois mil anos, Jesus anunciou que "há muitas moradas na Casa do meu Pai". (1) Presentemente, não é difícil compreendermos que Deus criou Sua Casa (Universo), em cuja moradas estão os incontáveis planetas. Astrônomos detectaram atmosfera ao redor de GJ 1132b, um exoplaneta rochoso de um tamanho próximo ao da Terra, o que representa um passo significativo na busca de vida fora do nosso Sistema Solar.

    É a primeira vez que se detecta uma atmosfera ao redor de um planeta com uma massa e um raio semelhantes aos da Terra", disseram os cientistas, cuja descoberta foi publicada na revista Astronomical Journal. (2) Esta detecção faz do planeta GJ 1132b um alvo prioritário de observações para o telescópio espacial Hubble, o telescópio gigante europeu de Observação Austral (ESO), que está no Chile, assim como para o futuro James Webb Space Telescope, cujo lançamento está previsto para 2018. (3)

    Há duas décadas, a Astronomia tem registrado a descoberta de centenas de novos planetas, pertencentes a outros sistemas planetários. Na conferência anual da Sociedade Astronômica Norte-Americana, em cada descoberta, envolvendo os planetas de fora do nosso Sistema Solar (exoplanetas), apontam para a mesma conclusão: orbes, como a Terra, são, provavelmente, abundantes, apesar do violento Universo de estrelas explosivas, buracos negros esmagadores e galáxias em colisão.

    O Sistema Solar possui 9 planetas com 57 satélites. No total, são 68 corpos celestes. E, para que tenhamos noção de sua insignificância, diante do restante do Universo, "nosso Sistema compõe um minúsculo espaço da pequena da Via Láctea" (4), ou seja, um aglomerado de, aproximadamente, 100 bilhões de estrelas, com, pelo menos, cem milhões de planetas, que, segundo Carl Seagan, no mínimo, 100 mil deles com vida inteligente e mil com civilizações mais evoluídas que a nossa. (5)

    Segundo Allan Kardec , "repugna à razão crer que esses inumeráveis globos que circulam no espaço não são senão massas inertes e improdutivas."(6) A Ciência vem descobrindo, incessantemente, planetas situados em outros sistemas estelares. No campo das pesquisas científicas "o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem estar em erro, acerca de um ponto qualquer, ele se modificará nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará." (7)

    Aqueles seres, explica o mentor de Chico Xavier: "angustiados e aflitos, que deixavam, atrás de si, todo um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura; reencarnariam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos distantes. Por muitos séculos, não veriam a suave luz da Capela, mas trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa misericórdia."(8) Sobre isso Agostinho afirmou no século XIX que "não avançar é recuar, e, se o espirito não se houver firmado bastante na senda do bem, pode recair nos mundos de expiação, onde, então, novas e mais terríveis provas o aguardam".(9)

    Na Revista Espírita de Agosto/1858, publicou um desenho psicopictografado (desenho mediúnico) e assinado pelo Espírito Bernard Palissy, célebre oleiro do século XVI, referente “a uma habitação em Júpiter, que seria a casa de Mozart. Somos também informados de que Cervantes seria vizinho de Mozart e que por lá também viveria Zoroastro.” (10)

    Em 1938 o Espírito Emmanuel informou que na “Constelação do Cocheiro, cerca de 42 anos luz distante de nós, há o sistema de Capela, de onde milhares de anos atrás alguns milhões de Espíritos rebeldes que lá existiam, foram deportados para o nosso planeta. Aqui aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos, as grandes conquistas do coração, impulsionando simultaneamente o progresso dos seres terrestres.". (11)

    Na questão 172 de O Livro dos Espíritos, Kardec perguntou: “As nossas diversas existências corporais se verificam todas na Terra?”, ao que os Espíritos responderam: “Não; vivemo-las em diferentes mundos. As que aqui passamos não são as primeiras, nem as últimas; são, porém, das mais materiais e das mais distantes da perfeição.”. (12)

    Sabe-se hoje em dia existirem, pelo Universo observável, pelo menos 10 bilhões de galáxias. Em 1991, em Greenwich, na Inglaterra, o observatório localizou um quasar (possível ninho de galáxias) com a luminosidade correspondente a 1 quatrilhão de sóis [isso mesmo, 1 quatrilhão!]. Acreditar que somente a Terra tenha vida é supor que todo esse imensurável Universo tenha sido criado sem utilidade alguma, e seria uma impossibilidade matemática que num Universo tão inimaginável não se tivesse desenvolvido vida inteligente, senão neste pequeno planeta. Aliás, seria um incompreensível desperdício de espaço.

    Referências bibliográficas:
    [1]João 14:2
    [2]https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/afp/2017/04/07/detectada-atmosfera-ao-redor-de-exoplaneta-do-tamanho-da-terra.htm
    [3]https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/afp/2017/04/07/detectada-atmosfera-ao-redor-de-exoplaneta-do-tamanho-da-terra.htm
    [4]As últimas observações do telescópio Hubble (em órbita), mostram o número de galáxias conhecidas de 50 milhões.
    [5]XAVIER, Francisco Cândido. Carta de uma morta, ditado pelo Espirito Maria João de Deus, São Paulo: LAKE, 1999.
    [6]XAVIER, Francisco Cândido. Novas Mensagens, ditado pelo espírito Humberto de Campos, Rio    de Janeiro: Ed. FEB,  1940
    [7]FLAMMARION Nicolas Camille. Urânia, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1990.
    [8]KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, perg. 55
    [9]Disponível em http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com.br/2010/01/argumentos-espiritas-sobre-existencia.html
    [10]KARDEC, Allan. Na Revista Espírita de Agosto/1858, Brasília: Editora EDICEL, 2002
    [11]XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, RJ: Ed. FEB, 2002
    [12]KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 172, RJ: Ed FEB, 2002

    Sempre pela conservação da vida ante a moléstia delongada (Jorge Hessen)



    Jorge Hessen



    No dia 11 de abril de 2017,  a Justiça britânica autorizou aos médicos desconectar, contra a vontade dos pais, o suporte vital a Charlie Gard , um bebê de oito meses,  que sofre de uma rara doença genética.  A decisão do Alto Tribunal foi recebida com gritos de "não!" pela família, que pretendia levar o bebê aos Estados Unidos para um tratamento experimental. No entanto, os médicos do Hospital Great Ormond Street de Londres consideram que já é hora de que a criança, que sofre de danos cerebrais, receba cuidados paliativos.

    Os pais de Charlie Gard estão "arrasados" com a decisão judicial, segundo sua advogada, Laura Hobey-Hamsher. O juiz Nicholas Francis disse que tomou a decisão "com a maior das tristezas", mas com "a absoluta convicção" de estar fazendo o melhor para o bebê, que merece "uma morte digna".

    Durante o julgamento, uma médica explicou que a criança já não ouve nem se mexe, e que está sofrendo desnecessariamente. Charlie tem uma forma de doença mitocondrial que causa o enfraquecimento progressivo dos músculos e danos cerebrais.

    O caso despertou grande interesse no Reino Unido e seus pais, Chris Gard e Connie Yates, abriram uma campanha de arrecadação de fundos que atingiu o 1,2 milhão de libras de que necessitavam para levar a criança aos Estados Unidos, graças às doações de mais de 80.000 pessoas.[1]

    Temos aqui um exemplo clássico de autorização de eutanásia ? Cremos que não! - A eutanásia encerra outra característica, lembrando que é uma prática que não tem o apoio da Doutrina Espírita. Apareceu, no entanto, ultimamente a ideia de ortotanásia, defendida até mesmo por médicos espíritas.

    Muitos médicos revelam que eutanásia é prática habitual em UTI’s do Brasil, e que apressar, sem dor ou sofrimento, a morte de um doente incurável é ato frequente e, muitas vezes, pouco discutido nas UTIs dos hospitais brasileiros. Apesar de a Associação de Medicina Intensiva Brasileira negar que a eutanásia seja frequente nas UTIs, existem aqueles que admitem razões mais práticas, como, por exemplo, a necessidade de vaga na UTI, para alguém com chances de sobrevivência, ou a pressão, na medicina privada, para diminuir custos.

    Nos Conselhos Regionais de Medicina, a tendência é de aceitação da eutanásia, exceto em casos esparsos de desentendimentos entre familiares, sobre a hora de cessar os tratamentos. Médicos e especialistas em bioética defendem, na verdade, um tipo específico de eutanásia, a ortotanásia que é o caso acima de Charlie Gard, que seria o ato de retirar equipamentos ou medicações, de que se servem para prolongar a vida de um doente terminal.

    Ao retirar esses suportes de vida (equipamentos ou medicações ), mantendo apenas a analgesia e tranquilizantes, espera-se que a natureza se encarregue da morte. A eutanásia vem suscitando controvérsias nos meios jurídicos, lembrando, no entanto, que a nossa Constituição e o Direito Penal Brasileiro são bem claros: constitui assassínio comum. Nas hostes médicas, sob o ponto de vista da ética da medicina, a vida é considerada um dom sagrado e, portanto, é vedada ao médico a pretensão de ser juiz da vida ou da morte de alguém.

    A propósito, é importante deixar consignado que a Associação Mundial de Medicina, desde 1987, na Declaração de Madrid, considera a eutanásia como sendo um procedimento eticamente inadequado. No aspecto moral ou religioso, sobretudo espírita, lembremos que não são poucos os casos de pessoas desenganadas pela medicina, oficial e tradicional, que procuram outras alternativas e logram curas espetaculares, seja através da imposição das mãos, da fé, do magnetismo, da homeopatia ou mesmo em decorrência de mudanças comportamentais.

    Criaturas outras, com quadros clínicos de doenças incuráveis, uma vez posto o magnetismo em atividade, também conseguem reverter as perspectivas de uma fatalidade, com efetivas melhoras, propiciando horizontes de otimismo para suas almas. Não cabe ao homem, em circunstância alguma, ou sob qualquer pretexto, o direito de escolher e deliberar sobre a vida ou a morte de seu próximo, e a eutanásia ou mesmo a ortotanásia, essa falsa piedade, atrapalha a terapêutica divina, nos processos redentores da reabilitação.

    Nós, espíritas, sabemos que a agonia prolongada pode ter finalidade preciosa para a alma e a moléstia incurável pode ser, em verdade, um bem. Nem sempre conhecemos as reflexões que o Espírito pode fazer nas convulsões da dor física e os tormentos que lhe podem ser poupados graças a um relâmpago de arrependimento.

    Dessa forma, entendamos e respeitemos a dor, como instrutora das almas e, sem vacilações ou indagações descabidas, amparemos quantos lhes experimentam a presença constrangedora e educativa, lembrando sempre que a nós compete, tão-somente, o dever de servir, porquanto a Justiça, em última instância, pertence a Deus, que distribui conosco o alívio e a aflição, a enfermidade, a vida e a morte, no momento oportuno. O verdadeiro cristão porta-se, sempre, em favor da manutenção da vida e com respeito aos desígnios de Deus, buscando não só minorar os sofrimentos do próximo - sem eutanásias/ortotanásias, claro! - Mas também confiar na justiça e na bondade divina, até porque nos Estatutos de Deus não há espaço para injustiças.

    Referência:


    [1] Disponível em http://exame.abril.com.br/mundo/contra-vontade-dos-pais-juiz-britanico-autoriza-morte-de-bebe/,
    Acessado em 11 de abril de 2017