Dr.
Ignácio Ferreira, médico psiquiatra, Diretor do Sanatório Espírita de Uberaba
por mais de cinquenta anos, continua, no Mundo Espiritual, a dar sua
colaboração no campo de trabalho em que se notabilizou enquanto encarnado,
conforme referências na obra “Tormentos da Obsessão” e “Entre dois
Mundos”, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografadas por Divaldo Franco,
editadas nos anos de 2001 e 2005, respectivamente .
No
ano de 2001, vieram a lume dois livros psicografados por Carlos A. Baccelli,
tendo como autor espiritual o Dr. Inácio Ferreira: “Sob as Cinzas do Tempo” e
“Do Outro Lado do Espelho”; em 2002, foi publicado “Na Próxima Dimensão”; em
2003, “Infinitas Moradas”; em 2004, A Escada de Jacó”; em 2005, “Fala, Dr.
Inácio!”
Como
constatamos fortes discrepâncias entre o perfil do Dr. Ignácio apresentado nas
obras de Divaldo Franco, e aquele retratado nas obras de Carlos A. Baccelli,
passamos a enumerá-las, a fim de que o leitor analise e ajuíze os fatos. Mas,
antes de começarmos a comparação dos perfis, vejamos a discordância sobre as
atividades desse Espírito, nas obras dos dois médiuns:
Manoel
Philomeno de Miranda declara que o dirigente do grande Hospital é Eurípedes
Barsanulfo:
“Nesse
Nosocômio espiritual encontram-se recolhidos especialmente pacientes que foram
espiritistas fracassados, graças à magnanimidade do Benfeitor Eurípedes
Barsanulfo, que o ergueu, dando-lhe condição de santuário para a saúde mental e
moral, e o administra com incomparável abnegação auxiliado por dedicados
servidores do Bem e da caridade.” (Tormentos da Obsessão, 19)
No
livro de Baccelli, Dr. Inácio diz que é ele o Diretor do Hospital, e se declara
ansioso por livrar-se da tarefa. Como é que pode, alguém que foi honrado com um
encargo dessa natureza estar querendo livrar-se de tão nobre tarefa, chamando-a “carma”? E o que pretendia
ele? Aposentadoria, ou ficar na ociosidade? Como é que se pode aceitar tal
declaração de um Espírito que, na Terra, embora sob condições muito adversas,
dedicou-se por mais de cinquenta anos ao serviço da psiquiatria? Onde fica a
afirmação de outros Espíritos quando se referem à “honra de servir” no Mundo
Espiritual? Vejamos como Manoel Philomeno de Miranda se refere ao Dr. Ignácio:
“Terminados
os seus labores diuturnos, às 20:00 horas o incansável médico me
aguardava no seu gabinete, para onde rumamos, Alberto e eu.” (Tormentos da
Obsessão, 198)
Mas,
na obra de Baccelli, o Dr. Inácio reclama do trabalho:
“(...)
grande hospital, cuja direção, no Mais Além, estava sob minha responsabilidade
(eu não sei quando é que vou me livrar desse carma!) (Na Próxima
Dimensão, 12)
Entretanto,
Ignácio Ferreira, no livro de Divaldo, em conversa com Manoel Philomeno de
Miranda, declara que é responsável por somente um pavilhão do hospital:
“Esclareceu-me
que era responsável somente por um dos pavilhões que albergava médiuns e
alguns outros equivocados, enquanto diversos trabalhadores (...).”
(Tormentos da Obsessão, 89)
Neste
contexto, para que se delineie com justiça o perfil do Dr. Ignácio, vejamos um
trecho da obra “Entre dois Mundos”, psicografia de Divaldo Franco, onde ele é
citado, notando-se que ele é situado entre dois veneráveis nomes :
“Encontramo-nos,
porém, dispostos a seguir adiante, abrindo espaços para o futuro, como fizeram nossos
predecessores, particularmente o apóstolo da caridade, Dr. Adolpho Bezerra
de Menezes Cavalcanti, o eminente Dr. Ignácio Ferreira, o inesquecível médium
Eurípedes Barsanulfo e muitos outros que se empenharam em atender os distúrbios
mentais gerados nas obsessões de natureza espiritual.” (Entre dois Mundos,
146)
O
Dr. Ignácio (grafamos conforme está no livro) apresentado nas obras de Divaldo
Franco é muito diferente do Dr. Inácio que se apresenta através de Carlos A.
Baccelli. Manoel Philomeno de Miranda refere-se a ele como o médico prudente,
ponderado, gentil, bondoso, afável, figura bem compatível com a idéia que se
tem de um Espírito a quem foi dada importante tarefa no Mundo Espiritual.
Modesto, que quase não fala de si, ficando as descrições a seu respeito a cargo
do Autor do livro.
Nas
obras de Baccelli, nos relatos do seu tempo de encarnado, o Dr. Inácio
mostra-se rude, impaciente, irônico, irreverente, despreocupado com as imagens
negativas que iria suscitar nos seus leitores. Ainda que tivesse sido assim enquanto
na Terra, será que não teria mudado nada no Mundo Espiritual, depois de treze
anos? Será que para ser franco é necessário que se seja rude? Compare-se a
franqueza fraterna de Henrique de Luna, o médico que atendeu André Luiz, ao comentar
suas falhas na Terra; a delicadeza com que Clarêncio abordou aspectos menos
felizes da vida do seu tutelado; a ternura e o carinho que impregnaram
alertamentos severos que a mãe de André
Luiz fez-lhe, conforme se lê em “Nosso Lar”? Não se vê, em toda a obra de
Francisco Cândido Xavier, um só servidor do Mundo Espiritual usando expressões
contundentes, mesmo quando compelido a advertir um subalterno.
Entretanto,
a rudeza, a agressividade, as expressões chulas e de desapreço a médiuns e a
espíritas continuam sendo usadas por esse Espírito, que parece não ter
aprendido nada, não se ter beneficiado da convivência – que diz desfrutar – com
Bezerra de Menezes e Eurípedes Barsanulfo.
Comparemos
alguns trechos:
Ao
ser convidado a participar de uma reunião mediúnica no Sanatório de Uberaba,
onde poderia se comunicar através de um dos médiuns dentre aqueles com quem
trabalhara quando encarnado, na condição de diretor, responde:
–
Para quê? Só se for para xingá-los...
(Por favor sr. Médium e sr. Revisor, não
me queiram tolher a liberdade de dizer o que penso, da maneira que penso.)
Aliás, para que saibam que sou eu, basta mesmo que eu abra a boca ou... que
acenda um cigarro. Vou dizer a vocês o que penso: Os meus gatos, que ainda
sobrevivem no Sanatório, apesar da vontade de alguns de expurgá-los, serão
melhores intérpretes meus do que os médiuns que andam por lá... (...) Os
médiuns não querem estudar, não querem disciplina... Ficam parados ao redor da
mesa feito uns robôs; nem pensar eles pensam; esvaziam a mente de idéias,
esperando que os espíritos façam tudo... Isto não é mediunidade, se o pobre do
morto pudesse fazer tudo sozinho, os médiuns seriam meras figuras decorativas.
E, depois, mentem: dizem que são inconscientes, que não se lembram de nada. (Do outro lado do Espelho,
158 / 159)
Continuando
seus ataques aos médiuns do grupo que dirigiu, no Sanatório:
–
O médium me acolhe, me agasalha, abre a boca e só deixa passar o que não
conflita com os seus pensamentos. Sendo assim, o que vou fazer lá? Passar
raiva? Passar raiva, eu passava na condição de doutrinador, de dirigente dos
trabalhos mediúnicos do Sanatório, que fui por mais de cinquenta anos...
(Do outro lado do Espelho, 159 / 160)
Na psicografia de Baccelli, o Dr.
Inácio ataca continuadamente os médiuns. Note-se nos trechos citados o
ataque indiscriminado que lhes é feito! Será que não escapam nem Maria Modesto
Cravo e o próprio médium de que se serve? Além do mais, se aqueles médiuns que
trabalhavam com ele no Sanatório eram tão relapsos, por que ficou sendo
enganado durante cinquenta anos? É muito grave dizer que os médiuns mentem!
Como é que um dirigente de reunião mediúnica pode sentir raiva dos companheiros
de trabalho? Como conciliar esse ambiente de trabalho tumultuado pela
irresponsabilidade dos médiuns e a raiva do dirigente com o relato de Manoel
Philomeno de Miranda?
Dr.
Ignácio Ferreira houvera experienciado com muito cuidado, enquanto no corpo físico,
o tratamento de diversas psicopatologias incluindo as obsessões pertinazes, no
Sanatório psiquiátrico que erguera na cidade de Uberaba, e que lhe fora
precioso laboratório para estudos e aprofundamento na psique humana,
especialmente no que diz respeito ao interrelacionamento entre criaturas e
Espíritos desencarnados. (Tormentos da Obsessão, 59)
Como
conciliar o que diz o Dr. Inácio, rude, malhumorado, usuário de expressões
vulgares, capaz de escrever o trecho que citamos a seguir, com o Dr. Ignácio
citado por Manoel Philomeno de Miranda?
–
Isto deve ser gente do Xandico – resmunguei em voz alta, acendendo um cigarro e
incinerando o abjeto bilhete, na impossibilidade de incinerar o seu autor. (Sob
as Cinzas do Tempo, 179)
Essa,
a reação do Dr. Inácio, ao ler um bilhete insultuoso deixado à sua porta. Modo
irreverente de referir-se a um clérigo que se opunha a ele. Se o Autor era
assim, irritadiço, à época, deveria agora fazer uma ressalva, mostrando que reconhece
o seu erro, a fim de que a atitude equivocada não sirva de modelo. Entretanto,
ao longo da obra, tem-se a impressão que lhe causa um certo prazer mostrar-se
agressivo, contundente, ríspido, treze
anos depois de desencarnado...
Não
faremos mais comentários. Apenas transcreveremos trechos da obra “Tormentos da
Obsessão”, psicografada por Divaldo Franco, nas quais são postas em relevo
atitudes do Dr. Ignácio Ferreira, em relato natural, mostrando-o como Espírito
equilibrado, educado, gentil, paciente. Deixamos a você, Espírita consciente, o
trabalho de ler, comparar, meditar e formar juízo para, no âmbito das suas
atividades, tomar posição relativamente a essas obras que tentam desacreditar a
mediunidade através de uma terrível caricatura do nobre Dr. Ignácio Ferreira.
Todas
as citações abaixo são do livro “Tormentos da Obsessão”
Apresentando-se
própria a ocasião, face à presença em nosso grupo de um dos seus atuais
diretores, o Dr. Ignácio Ferreira, que fora na terra eminente médico
uberabense, interroguei ao amigo gentil, sobre a história daquele
Santuário dedicado à saúde mental, e ele, bondosamente respondeu: (29)
Sempre
gentil, o caro médico elucidou: (35)
Dr.
Ignácio encontrava-se sereno e bem apessoado. Ante o silêncio que se fez
natural, ele começou a exposição, utilizando-se da saudação que caracterizava
os cristãos primitivos:
–
Que a paz de Deus seja conosco! (61)
Porque
diversos ouvintes se houvessem acercado do Dr. Ignácio Ferreira, fizemos o
mesmo, endereçando-lhe algumas rápidas questões, que foram respondidas com
bonomia e gentileza. (73)
Com
jovialidade irradiante, o Dr. Ferreira recepcionou-nos, exteriorizando os
júbilos que o invadiam, face à possibilidade de esclarecer-me em torno da das
nobres atividades daquela Casa de Socorro. (89
–
Vige, em todos os momentos, expôs com delicadeza – (90)
Com
a afabilidade que lhe é natural, o distinto esculápio não se fez rogado,
permitindo fossem-lhe propostas as questões. (146)
Desenhando
um suave sorriso na face, em razão da pergunta algo ingênua, o amigo
educado retrucou: (149)
Paciente
e educativo, respondeu: (171)
Apresentando
excelente disposição defluente do bem fazer e da alegria de servir, recebeu-nos
com demonstração de afeto, logo dispondo-se a conduzir-nos à área
especializada. (198)
Com
a sua proverbial prudência, respondeu: (206)
Dr.
Ignácio respondeu com tranquilidade: (227)
Pacientemente,
o Amigo explicou: (228)
O
médico uberabense recebeu-nos com efusão de júbilos, explicando-me que
Eurípedes Barsanulfo, recordando-se que o prazo referente ao meu estágio
terminara, houvera-me convidado... (310)
Os números entre parênteses indicam
as páginas.
José Passini jose.passini@gmail.com
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