domingo, 29 de julho de 2018

Ainda sobre tatuagens e piercings, mas “nem tudo convém” (Jorge Hessen)

Ainda sobre tatuagens e piercings, mas “nem tudo convém” (Jorge Hessen)


Jorge Hessen

As pessoas que fizeram tatuagem precisam esperar um ano para doar sangue. De acordo com o Ministério da Saúde, esse prazo é necessário porque a pessoa pode ter contraído algum vírus na hora da tatuagem. Esse vírus será contraído por quem receber esse sangue. Para quem colocou piercing, a proibição é ainda maior. Segundo explica o gerente do ciclo do doador hemocentro de Brasília, Rodolfo Duarte. A lei pede 12 meses de inaptidão para o candidato que tiver feito uma tatuagem ou tenha colocado um piercing, desde que não seja um piercing em região de mucosa, seja ela mucosa oral ou mucosa genital. [1]
A partir do momento da retirada dos piercings da região de mucosa, a pessoa teria que ficar 12 meses sem doar sangue, mas enquanto usar vai ficar indefinidamente inapto para doação. Segundo o Ministério da Saúde, quem quer doar sangue, mas tem tatuagem ou piercing, deve ser sincero e falar a verdade, pois do contrário poderá prejudicar a saúde de quem receber a doação, em vez de ajudar.[2]
Médicos pesquisadores norte-americanos associam a tatuagem (arte corporal) à hepatite e como importante agente cancerígeno do fígado. Considerando que na pesquisa não houve relatos de casos de infestação bacteriana ou viral vinculados a estúdios de tatuagens profissionais nos Estados Unidos, os estudiosos recomendam que as pessoas apenas façam tatuagens ou coloquem piercings com profissionais habilitados. [3]
O que é tatuagem? É a introdução de pigmentos [4] insolúveis, coloridos ou não, sob a pele. As granulações microscópicas formam imagens, desenhos e palavras, permanecendo definitivamente na camada subcutânea. Para infiltração dos pigmentos são utilizados instrumentos pontiagudos especiais na epiderme. Durante o procedimento, a pele é perfurada de 80 a 150 vezes por segundo para a introjeção das substâncias [5], processo esse que pode representar perigo de contaminações, e dentre os riscos relacionados, apontados em pesquisas, incluem-se reações alérgicas, HIV, hepatite B e C, infecção de fungos e bactérias, além de outros riscos associados até mesmo com a excisão (remoção) das tatuagens.
Estas, por si mesmas, já são razões respeitáveis para se evitar a tatuagem e o piercing. Mas será que o uso de piercings e tatuagens sobrepujam qualidades morais? Quem pode penetrar na intimidade do semelhante e saber o que ali ocorre? É categoricamente certo que uma tatuagem não transformará o tatuado em pessoa boa ou má; apesar disso, após a sua desencarnação, não há qualquer garantia que assegure a condição mental de paz ou desdita nas dimensões extrafísicas. Cada caso é um caso.
Perante questões controversas, as recomendações espíritas buscam na intimidade do ser o seu real problema. Convidam ao autoconhecimento e ao estágio do autoaprimoramento. Sugere a sensatez, a boa autoestima, a altivez, o comedimento e a busca incessante do amor. Nas estruturas dos códigos espíritas não há espaços para proibições.
A Doutrina dos Espíritos nos oferece subsídios para ponderação, a fim de que decidamos prudentemente sobre o que, como, quando e onde fazer ou deixar de fazer (livre-escolha). O Espiritismo é uma ferramenta, uma filosofia de vida que se aceita ou não. É uma doutrina que não condena nem absolve ninguém.
Somos livres para podermos opinar, mas não nos cabe criticar, julgar ou condenar ninguém. Cada um tem inscrita na sua consciência as leis divinas e a responsabilidade dos próprios atos. Essencialmente sabemos o que é certo e o que é errado, e agimos conforme nosso livre arbítrio. De resto vamos tentando acertar se permanecermos inclinados a isso.
Sob o ponto de vista da saúde espiritual, não percebemos vigilância no uso de tatuagens na epiderme, especialmente se a lesão imposta ao próprio corpo for por mero capricho ou vaidade. Nesse caso, refletirá invariavelmente no perispírito, porque sendo o corpo físico um empréstimo divino para nossas provações, devemos mantê-lo dignamente protegido e saudável. Lembremos que o corpo físico é o templo do Espírito e não nos pertence, portanto, temos a obrigação de preservá-lo contra agressões que possam lesar e ou mutilar a sua composição natural.
"Tudo me é permitido, mas nem tudo convém”.[6]
Pensemos nisso!

Referências:
[4]            Os pigmentos têm origem mineral
[5]            Atualmente são utilizadas máquinas elétricas. Elas são compostas de uma ponteira de aço inox cirúrgico e/ou descartáveis. Avisam os especialistas que essas ponteiras devem ser limpas por ultrassom e esterilizadas com estufa durante 3 horas, pelo menos, a uma temperatura maior ou igual a 170 ºC.
[6]            1 Coríntios 6:12

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Ninguém tem a obrigação de ser espírita e sequer demorar-se nos grupos kardecianos. (Jorge Hessen)

Ninguém tem a obrigação de ser espírita e sequer demorar-se nos grupos kardecianos. (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com

Conhecemos centros “espíritas” brasiliense, que elegem como “mentores (as)” os espíritos saturados de atavismos psicológicos do tipo – “pai fulano”, “vovó sicrana”, “vovô beltrano” e correlatos. Nada mais incoerente! Não há como comparar tais “entes” com os espíritos que se apresentam como “ex-padres” e “ex-freiras” do ponto de vista da Codificação Espírita. [1]
Sabemos que no além-túmulo, o espírito não tem raça, portanto não é amarelo, nem vermelho, nem negro, nem branco, não obstante possa apresentar no seu perispírito distinções de alguma casta, idade, se ainda assim se sentir, devido à sua limitação moral e intelectual e ou se assim o apetecer. Como sucedeu numa das reuniões realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em que Allan Kardec dialogou com um Espírito de um “velhinho” (Pai César), aliás, exclusivo episódio do gênero referido em toda a Codificação.
Será que há alguma coerência um “vovô”, uma “vovó”, um(a) preto(a) velho(a), ser mentor(a) espiritual de uma instituição cujo estatuto normatize a obrigatoriedade dos estudos das obras básicas? Obviamente não, sobretudo, se tais entidades evidenciarem insuficiente cultura, pouca evolução espiritual, linguajar primário, argumentos místicos e tolos, raciocínios lento e exigirem serem chamados de “vovô”, “vovó”, “preta ou preto velho”.
As comunicações de tais entidades havidas como “mentores espirituais” de uma instituição espírita  resultam da autossugestão mediúnica, do incabível animismo, das ciladas psicológicas e das emperradas mistificações. Não são poucos os obsessores que fingem ser tais entidades e imitam linguajar (de entes de “terreiros”) com o objetivo de iludir e manter sob hipnose os espíritas inábeis.
Nas sessões mediúnicas que administro há mais de 40 anos, se ocasionalmente ocorrer manifestação de tais espíritos (“pais”, “vós”, “vôs”, “pretas ou pretos velhos”, caboclos e análogos), se acolhidos pelo diretor espiritual da sessão, tais espíritos serão orientados adequadamente. Não haverá intolerância ou preconceito contra eles. Mas, analisaremos atentamente sua natureza e o conteúdo de suas comunicações, como fazemos com espíritos de qualquer procedência que se manifeste no grupo.
Na verdade,  tais espíritos, para se comunicarem no grupo mediúnico , não têm necessidades e nem precisam de convite para o uso de linguajar bizarro, incompreensível aos médiuns e aos participantes da reunião. Se tais entidades se apresentam com atavismos da encarnação de ex-escravos, “velhos ou novos”, índios etc. buscamos orientá-los sob a luz do Espiritismo, a fim de que se libertem desses ranços atávicos.
Assim, buscamos esclarecê-los quanto à sua real natureza de espíritos em evolução. Por isso, durante a doutrinação esforçamo-nos para lhes lembrar que já reencarnaram diversas vezes em diferentes condições e, portanto, têm patrimônio espiritual mais vasto, portanto , não necessitam permanecerem quais pássaros presos numa gaiola, alimentando um padrão mental de ingênuos seres algemados ao passado.
Há os que usam sutis subterfúgios, dizendo que se apresentam assim porque tal ou qual encarnação lhes foi muito grata por lhes haver permitido adquirir “virtudes”, especialmente a “humildade” e daí seu desejo em exemplificar. É evidente que esse argumento é capcioso, pois quem conquistou a virtude da humildade não nutre nenhuma necessidade de exibir e ou adotar trejeitos de falsas modéstias.
Algumas pessoas supõem que pretos-velhos, índios e caboclos e semelhados sejam quais empregados domésticos para lhes atenderem aos pedidos caprichosos. Outras acreditam que tais espíritos  tenham poderes misteriosos, capazes de resolver de modo feiticeiro os problemas dos consulentes. Parecem também julgá-los subornáveis, já que aceitariam agir em troca de algum “pagamento” ou “compensação”.
Quando não mais houver estímulos para essas exibições atávica nas instituições espíritas,  tais espíritos deixarão de se apresentar como “pai”, “mãe”, “vermelhos”, “pretos”, “amarelos”, “velhinhos”, “criancinhas”, “selvagens” etc. etc. etc. e passarão a se comunicar em seu modo próprio e natural de ser.
Muitos entendem que os “vovôs”, “vovós”, “caboclos” e “pretos-velhos” e “entidades orientais” são mais enérgicos e fortes. Creem que as proteções que os Espíritos comuns não obtêm os tais mandingueiros conseguem. Nada é mais burlesco!
Não estamos afirmando aqui que o Espiritismo seja uma doutrina melhor do que as outras. Porém, se abraçamos os princípios espíritas como regra de conduta devemos nos comportar consoante recomenda o Espiritismo. Todavia, se ainda temos carência das entidades (“fortes”) repletas de atavismos, busquemos seus espaços de ação (um terreiro por exemplo) e sejamos felizes! Até porque, ninguém tem a obrigação de ser espírita e sequer demorar-se nos grupos kardecianos.
O que não podemos é misturar as coisas. Cada um no seu espaço em plena liberdade de escolha.
Pensemos, nisso!
Referência:
[1] Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Ft7_VJ-hCKg  acesso 13 de julho de 2018

terça-feira, 10 de julho de 2018

Os gêmeos ante o afeto e a hostilidade na família (Jorge Hessen)

Os gêmeos ante o afeto e a hostilidade na família (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
A gestação de um novo filho na família é a possibilidade do reencontro de seres de vivências passadas no contexto do lar. Reencontro que se inicia no programa pré-existencial reencarnatório, planejado nos departamentos do além-túmulo. Nessa conjuntura há uma união tão intensa entre pais e reencarnante que o nascituro sabe, antes mesmo de renascer, se será acolhido ou rejeitado.
No caso de filhos gêmeos, são situações especiais que sempre despertam a atenção, tanto de cientistas como de espiritualistas. Várias teorias já foram sugeridas a fim de explicar os mecanismos determinantes da gemelaridade. Fatores ambientais e genéticos foram descritos como predisponentes a essa circunstância obstétrica. Todavia existem causas mais transcendes.
Analisemos uma programação para dois ou mais Espíritos reencarnarem na mesma família, considerando o risco de impedimento de gestação no porvir, considerando a vinda de um de cada vez, nesta hipótese, pode ser que a espiritualidade apresse a vinda de mais de um espírito unidos simultaneamente.
Suponhamos uma reprodução assistida mediante fertilização in vitro convencional ou injeção intracitoplasmática de espermatozóides. Ninguém consegue garantir que tais procedimentos possam ser reproduzidos com sucesso em longos intervalos. Ora, se existe a probabilidade de imediata gestação de mais de uma criança, deve-se valer da oportunidade, a fim de favorecer a reencarnação simultânea dos espíritos. Nesses casos, cremos que os técnicos reencarnacionistas do além-tumba agem de modo a antecipar o renascimento de dois ou mais Espíritos, considerando a incerteza de uma segunda gravidez; daí sobrevêm os gêmeos implantados em laboratórios.
Na verdade, a gravidez de gêmeos proporciona a chance de espíritos simpáticos reencarnarem juntos por identidade de sentimentos, além de servir como oportunidade de reconciliação de seres rivais. Frequentemente os gêmeos são espíritos que foram unidos em várias reencarnações. São amigos e possuem muita afinidade; entretanto, há exceções, nalguns casos  em que os irmãos revelam a aversão mútua.
Os gêmeos podem ser espíritos afins ligados não só por seus laços de sangue, mas por uma extensa história de convivência espiritual como encarnados ou desencarnados, para uma convivência compulsória. Obviamente a matriz da afinidade entre dois irmãos, sobretudo se gêmeos, advém de Espíritos simpáticos que se aproximam por analogia de sentimentos e se sentem felizes por estarem juntos.
Mas se os gêmeos podem ter semelhança de caráter, podem também serem antipáticos, pois cada um é um mundo à parte, cada qual com os seus pendores. Portanto, não é de regra que sejam simpáticos os Espíritos dos gêmeos. Acontece que Espíritos adversários entendam de lutar juntos no palco da vida.
Assim, podem ser Espíritos inimigos que se reencontram na formação biológica, visando que se processe o perdão com mais eficiência, fato que não correu com os gêmeos Esaú e Jacó, netos de Abraão, que exibiam forte antagonismo recíproco, possivelmente também fruto de graves conflitos em vidas passadas que não ficaram resolvidos enquanto reencarnados.
Por essas razões devemos aprimorar, sem esmorecimento, as relações diretas e indiretas com os pais, irmãos, tios, primos e demais parentes nas lutas do mundo, a fim de que a vida não venha a nos cobrar novas e mais enérgicas experiências em encarnações próximas.
A estrutura familiar tem suas matrizes na esfera espiritual. Em seus vínculos, juntam-se todos aqueles que se comprometeram no além a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva.
A família é uma reunião espiritual no tempo, e por isso mesmo o lar é um santuário. Muitas vezes, mormente na Terra, vários de seus componentes se afastam da sintonia com os mais altos objetivos da vida.
Preponderam na família os elos do amor, fundidos nas experiências de outras eras. Todavia, como se observa hoje em dia, no clã familiar acorrem igualmente os ódios e as perseguições do pretérito obscuro, que devem ser transformados em solidariedade fraternal, com vistas ao futuro. Até porque, quando a família é ameaçada pela desunião doméstica, por qualquer razão, a sociedade perde a direção da harmonia e da paz.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

A pornografia é o erotismo vazio de amor (Jorge Hessen)

A pornografia é o erotismo vazio de amor  (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
A pornografia é o erotismo vazio de afeto, amor e desvelo, por isso é um assunto espinhoso, sensível e controverso. No mundo tecnológico, um imenso contingente de pessoas trafega no universo virtual (em média 9h diárias) aliciadas pelos poderosos convites às viagens eróticas do apelo pornográfico.
Há pouco menos de meio século, a exibição de filmes “adultos” entulhava os porões das fétidas salas de cinemas eróticos. Nessas lúgubres cavernas as pessoas fascinadas aos apelos da alucinação sexual procuravam os “shows” de sexo explícito, filmes e revistas especializados. Em seguida, para nossa desdita, com a expansão da Internet, o tráfico do lado negativo da sexualidade saiu dos funestos antros e rompeu fronteiras através dos meios de comunicação, alcançando o espaço sagrado dos nossos lares sem qualquer pudor.
Nesse extremo, a internet tem estabelecido grande influência entre crianças, jovens, adultos e idosos, e entre os contumazes usuários, tornando possível que os consumidores de pornografia permutem informações entre si e possam identificar gêneros, estilos e gostos, fazendo com que compartilhem suas preferências e permitindo o encontro de fantasias ou práticas criminosas de pedofilia e outras parafilias.
Numa linguagem espírita, diria que o “UMBRAL” nunca esteve tão presente e próximo dos lares terrenos. Há um impressionante número de mulheres casadas que se queixam de solidão (no sentido de solidão sexual), em virtude de seus esposos serem contaminados e viciados na pornografia virtual. E o inadmissível da situação é saber que muitos desses maridos consumidores de pornografias são cristãos”, “bons” espíritas, pais de família exemplares e profissionais de proeminência.
Os consumidores de pornografia, na maioria dos casos, ou estão viciados ou prestes a se viciarem em sexo. Tais pessoas passam a pensar e a se absorverem pouco a pouco com sexo. As fantasias sexuais, as figuras pornográficas passam a colonizar gradativamente as suas mentes, passando a invadir insistentemente os seus pensamentos nas ocasiões mais impróprias.
A nossa sexualidade não pode ser avaliada sob o prisma dos que a consideram impura e proibitiva, muito menos sob as impressões dos que anseiam algemá-la ao plano da banalidade como simples fricção de células causadoras de deleite erótico. A sexualidade humana é de procedência divina e sua possante energia, que alastra no ser de forma natural, não deve ser inibida de forma insana, todavia urge ser disciplinada no sentido de atingir seu desígnio, como força fecunda e criadora, a fim de produzir o avanço espiritual do homem.
Não estamos propondo castrações, mas sublimação. Até porque todos somos impregnados desse potencial e convocados a aprender a discipliná-lo. Com o Evangelho aprendemos que quando um casal se ama, os parceiros se apetecem e se reverenciam. A vida e experiência sexual entre ambos é respeitosa e prazerosa. O amor entre os dois não está condicionado apenas à sexualidade, todavia vai muito mais além, incluindo amizade, companheirismo e cuidado pela satisfação de suas necessidades. Quando, porém, isso não ocorre e há a necessidade compulsiva de fantasias, autoerotismos e pornografias, esse casal não está em harmonia; encontra-se psicologicamente corrompido e não é feliz.
Compreendemos que precisamos ser indulgentes com aqueles que são servos da pornografia, abarcando que cada ser é um ente divino em suas potencialidades de amor que com certeza eclodirão no futuro, até porque esses atrasos morais são particularidades do estágio de expiação e provas do homem terreno. Deste modo, precisamos orar e orientar aqueles que nos solicitam auxílio, demostrando as implicações infelizes do sexo em desatino, conforme nos advertem os Benfeitores do além.