segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Espírita!“Não desista jamais” (Jorge Hessen)


Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com

O homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado o “impossível”. No ancião, por exemplo, a constância da curiosidade de espírito e da abertura ao mundo é um sinal de juventude duradoura. A conquista está na persistência daqueles que lutam por aquilo que vale a pena como ideal. Lutar é persistir e a perseverança é o caminho do êxito, por isso mesmo realiza o improvável.

O evangelista Mateus regista no cap. 24 versículo 13 - "quem perseverar até o fim este será salvo". Ora, com Jesus no coração, diante de uma realidade desafiadora a nossa coragem não pode somente significar ausência do medo, mas a firme pertinácia apesar do receio. Sim! A vitalidade, a energia, o vigor, o trabalho são confirmados não apenas pela tenacidade, mas pela capacidade da perseverança e recomeço.

A perseverança e a determinação são, por si sós, onipotentes. O aforismo “não desista jamais” socorreu e sempre salvará o homem da desesperança. E quando estamos sob inflexível indecisão, conseguiremos superá-la se em tais circunstâncias formos perseverantes, recatados e despidos de arrogância.

Desistência tem sido a escolha de muitos em face da incômoda realidade que os fracassos e perdas lhes infligem, fazendo-os interromper ou recuar. Contudo, em cada um de nós existe pelo menos um resquício de esperança, que é capaz de nos transportar para a dimensão das possibilidades, nos fazendo acreditar numa iminente virada e o alcance do triunfo.

Nossos sonhos precisam de persistência e coragem para serem realizados. Nós os regamos com nossos erros, fragilidades e dificuldades. Quando lutamos por eles, nem sempre as pessoas que nos rodeiam nos apoiam e nos compreendem. Às vezes somos obrigados a tomar atitudes solitárias, tendo como companheiros apenas nossos próprios sonhos.

Há um mistério para a perseverança? Por que nos abalamos nalgumas ocasiões da vida e noutras não? A persistência poderia ser caracterizada pelo susto da alma, todas as vezes que é obrigada a mergulhar dentro de si mesma. Qual será o rumo da melhor direção, diante dos empecilhos, dos calhaus que encontramos em nosso caminho? Abdicarmos do objetivo, optar por outra situação mais fácil, ou perseverar em nossos planos, ainda mesmo que por longo tempo e árduas experiências que nos levem a prantear muitas vezes?

Quem persiste sempre alcançará resultados e satisfações. Os grandes homens da história suportaram problemas por anos a fio, até conseguirem a concretização dos seus desígnios que fizeram deles vitoriosos.

Persistência é a irmã gêmea da excelência. Uma é a mãe da qualidade, a outra é a mãe do tempo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis. E ademais, a nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda.

Quando a Providência coloca pedregulhos em nossa caminhada, não o faz para esfolar-nos os pés, porém para aprovisionar material para a edificação da base de nossa conquista. O sucesso jamais poderá descansar na fragilidade das facilidades. As árvores são fortes porque enfrentam os desafios da natureza, e fincam suas raízes com vigor, na conquista dos elementos vitais. Com isso resistem a intensas ventanias.


O “dia dos mortos” igualmente deve ser um dia de reverência à vida (Jorge Hessen)



Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com

A historiografia tradicional da Igreja romana registra que foi no Mosteiro beneditino de Cluny, no sul da França, no ano de 998, que o Abade Odilon promovia a celebração do dia 2 de novembro, em memória dos mortos, dentro de uma perspectiva religiosa. Somente em 1311, a “memória dos falecidos” foi sancionada oficialmente em Roma e, posteriormente, em 1915, Bento XV universalizou tal comemoração, dentre os católicos, expandindo e consolidando a celebração até hoje.

Todavia, ajuizemos o seguinte: a ostentação dos túmulos fúnebres determinada por familiares que desejam honrar a “memória do falecido” ainda compõe o cardápio da soberba e orgulho dos parentes, que intimamente propendem fundamentalmente “honrarem-se” a si mesmos. Nem sempre é pelo “finado” que fazem todas essas demonstrações, mas por soberba, por apreço às convenções mundanas e, às vezes, para exibição de abastança. Ora, é inútil o endinheirado aventurar-se em eternizar a sua memória por meio de aparatosos mausoléus.

A comemorada visita ao túmulo, em massa, não significa que venha trazer satisfação ao "morto", até porque sabemos que uma prece feita em sua intenção vale muito mais. Provavelmente a visita ao túmulo seja uma maneira de demonstrar que se lembra do Espírito ausente, contudo é a oração que abençoa o ato de lembrar; pouco importa o lugar se a lembrança é determinada pelo coração.

Conhecemos diversas pessoas que requerem, antes mesmo de desencarnarem, que sejam sepultadas em tal ou qual cemitério da elite. Essa atitude, sem sombra de dúvida, demonstra deficiência moral, até porque qual seria a importância de um pedaço de terra, mais do que outro, para o Espírito moralizado?

O bom senso cochicha que faz sentido rememorar com alegria e não lastimar os que já partiram, até porque eles estão plenamente vivos noutras dimensões da vida. Realmente a ideia de falecidos é uma mistura de alegria e dor, de presença-ausência, de festa e saudade. Porém, aos que permanecemos na vida física, cabe-nos refletir e celebrar a existência com amor e ternura, para depois, no além, quiçá, não amargar no remorso. Aos que partiram enviemos nossa prece, nossa gratidão, nossa saudade, nosso carinho, nosso amor!


Se formos capazes de orar, com quietude e confiança, modificando a nostalgia em esperança, notaremos a presença dos parentes e amigos desencarnados entre nós, envolvendo-nos em seus sentimentos de gratidão, alegria e paz. Por este motivo e por muitas outras razões, transformemos o “dia dos mortos” do tradicionalíssimo 2 de novembro em uma experiência de veneração à vida, lembrando afetuosamente os que nos precederam de retorno à pátria espiritual, e também festejando os que conosco ainda peregrinam pelos logradouros da vida terrena.

Abrigar e conviver com todos (Jorge Hessen)


Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com

O conceito de “minorias sociais” é usado de forma genérica para fazer menção a grupos sociais diferenciados por suas características étnicas, religiosas, cor de pele, país de origem, situação econômica, entre outros. Tais grupos estão associadas a condições sociais mais frágeis, razão pela qual sofrem discriminação e têm sido vítimas de extremas intolerâncias da chamada (maioria “normal”). 

Não obstante haver no Brasil normas jurídicas que visam punir tal intransigência, mormente advindas dos grupos religiosos, é inadmissível qualquer intolerância no reduto espírita. A nossa Carta Magna assegura a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. 

Prevendo ainda que toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião. Apesar da lei, há grupos, e aqui destacamos os grupos religiosos, promovendo o discurso do ódio, da violência, da discriminação contra os grupos LGBT, idosos, favelados, portadores de necessidades especiais, moradores de rua (quase sempre “invisíveis” aos olhos da sociedade, negros, indígenas, imigrantes e até mesmo contra as mulheres. 

A Doutrina dos Espíritos entra no debate para reconhecer que uma civilização “normal” só é completa pelo seu desenvolvimento moral. Em face disso, os Benfeitores expuseram a Kardec: “Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções;... Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos (...).”[1], Portanto, à medida que a sociedade se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males que gerou, males que desaparecerão com o progresso moral. 

Referência bibliográfica: 

[1] KARDEC, Allan. O Livros dos Espíritos, per. 793, RJ: Ed. FEB, 2000