segunda-feira, 21 de julho de 2014

ANÁLISE DO LIVRO “DO OUTRO LADO DO ESPELHO”



                                                                                                                        
Ao lermos um livro novo sempre surgem questionamentos, para os quais buscamos respostas, que deverão ser claras para nós, antes de as “passarmos para frente”, principalmente se estamos na condição de expositor, evangelizador ou de escritor. Atualmente, nota-se uma onda avassaladora de novas obras, algumas até atraentes pelas novidades, mas que postulam leitura atenta e análise criteriosa, a fim de que os malefícios de um deslumbramento inoperante não nos atinjam.
O livro em pauta, de autoria atribuída ao Dr. Inácio Ferreira, psicografia de Carlos A. Baccelli, mostra um Espírito muito diferente do Dr. Inácio Ferreira retratado por Manoel Philomeno de Miranda, na obra “Tormentos da Obsessão”, psicografada por Divaldo Pereira Franco. Nesta obra, fica-se sabendo que o ilustre clínico é responsável por um pavilhão da grande instituição hospitalar fundada por Eurípedes Barsanulfo, onde são tratados, amorosa e respeitosamente, médiuns que falharam no desempenho de suas missões.  Causa estranheza, na obra ora sob análise, o ilustre clínico apresentar-se como personagem controversa, que se ufana de sua rudeza, cuja tônica, nesta e em outras obras, é atacar os espíritas e, mais particularmente, os médiuns, usando uma linguagem, no mínimo, vulgar.
 Reparto com meus irmãos as minhas dúvidas, sem levá-las á imprensa, por julgar não ser, pelo menos por enquanto, produtiva tal atitude. Os trechos em negrito foram transcritos ipsis verbis da obra citada; os números entre parênteses se referem, às páginas:
Os ataques aos espíritas são freqüentes:
– O espírita tem a mania de se julgar sempre com a verdade. (16)
Em conversa com Maria Modesto Cravo – com quem trabalhara em reuniões mediúnicas quando encarnados – e com outro Espírito, fica sabendo que eles visitam regularmente o Sanatório que ele dirigira até a desencarnação:
                – Sim, de quando em quando, aparecemos por lá, não com a freqüência com que nos reclamam a presença, mas aparecemos...
                – Até você já apareceu, Inácio, depois de morto...
                – Como?! Eu não tenho nenhuma lembrança... Estou-me sentindo até impossibilitado de caminhar por aqui...
            – Pois é, com menos de um mês de desencarnado, ao que bem estamos sabendo, você já estava dando comunicação... (...)
             – Todavia, como é possível um espírito dar comunicação sem o saber?  Questionei estupefato. (...)
– Os amigos reunidos evocaram a sua presença...                                                                    
– E eu compareci sem o saber?                                                                                                                     
– Não, com você não foi assim. A mente do médium rastreou o seu psiquismo...                                                                              
                        –  Às vezes, quando o espírito não vai ao  médium, o médium pode ir ao espírito, Doutor – sintetizou Manoel Roberto.
                – De certo modo, embora tivesse deixado o corpo, o seu psiquismo pairava no ambiente do Sanatório...
                – E o médium conseguiu expressar com clareza o meu pensamento?
                – Em linhas gerais, sim. Digamos que, no específico, não.
                – O que foi que eu falei?
                – Fez algumas recomendações evangélicas, agradeceu... (32 / 34)
                Onde, afinal de contas, se encontrava o Espírito Inácio Ferreira naqueles trinta dias? Como seria possível estar alojado no Plano Espiritual que o acolheu, e dar comunicações sem o saber? Seria compreensível que o médium, desdobrado, pudesse tê-lo entrevistado no Mundo Espiritual, o que é muito diferente de o seu psiquismo que pairava no Sanatório dar uma comunicação... O Autor faz confusão entre psicometria e psicofonia / psicografia. Através destas, o Espírito pode transmitir uma mensagem atual; através daquela, só é possível a captação de cenas já vividas no passado.
                Vê-se claramente: ou o total desconhecimento do assunto ou o desejo de confundir, de desacreditar a mediunidade. Afinal o que quer dizer: o seu psiquismo pairava no Sanatório? Nota-se um perigoso incentivo para o surgimento de médiuns “rastreadores”, cujas mensagens seriam o fruto de captações de remanescentes fluídicos em determinados ambientes. Isso mais parece ficção, uma espécie de captação de imagens e sons através dos tempos. Não será estranho se aparecerem “médiuns” captando o psiquismo de Kardec, vez que na obra não foi definido um tempo de permanência desse “psiquismo pairante”...

                Ao ser convidado a participar de uma reunião mediúnica no Sanatório de Uberaba, onde, quando encarnado, fora diretor, responde:
                – Para quê?  Só se for para xingá-los... (Por favor sr. Médium e sr. Revisor,  não me queiram tolher a liberdade de dizer o que penso, da maneira que penso.) Aliás, para que saibam que sou eu, basta mesmo que eu abra a boca ou... que acenda um cigarro. Vou dizer a vocês o que penso: Os meus gatos, que ainda sobrevivem no Sanatório, apesar da vontade de alguns de expurgá-los, serão melhores intérpretes meus do que os médiuns que andam por lá... (...) Os médiuns não querem estudar, não querem disciplina... Ficam parados ao redor da mesa feito uns robôs; nem pensar eles pensam; esvaziam a mente de idéias, esperando que os espíritos façam tudo... Isto não é mediunidade, se o pobre do morto pudesse fazer tudo sozinho, os médiuns seriam meras figuras decorativas. E, depois, mentem: dizem que são inconscientes, que não se lembram de nada. (158 / 159)
                Continuando seus ataques aos médiuns do grupo que dirigiu, no Sanatório:
                – O médium me acolhe, me agasalha, abre a boca e só deixa passar o que não conflita com os seus pensamentos. Sendo assim, o que vou fazer lá? Passar raiva? Passar raiva, eu passava na condição de doutrinador, de dirigente dos trabalhos mediúnicos do Sanatório, que fui por mais de cinqüenta anos... (159 / 160)
                Se o grupo mediúnico era tão ruim, como pôde tolerá-lo durante cinqüenta anos? Note-se que ele ainda não retornara àquele grupo depois de desencarnado, logo essas impressões ele já as tinha antes de desencarnar:
                – Nós, os consideramos mortos, em matéria de mediunidade temos que nos contentar com percentagem: 30% nossos, 70% do médium... Quando, pelo menos, são 50% para cada lado, vá lá... Raro o médium que nos permite o empate. Isso sem falarmos nos médiuns que vivem colocando palavras inteiramente suas em nossos lábios: é um tal de termos dito, sem termos dito nada...  (...) Os médiuns hoje querem improvisar... Quanta mistificação!... (160)
                Mas a crítica aos médiuns não se restringe apenas àquele grupo. É generalizada:
                – O cenário vocês já conhecem, de uma reunião mediúnica: médiuns chegando em cima da hora, com justificativas vazias: “estava com visita em casa”, “choveu na hora de sair”, “desarranjo intestinal”, “o telefone tocou”...
                – Apenas dois espíritos, dos muitos que estam no recinto, lograram dar o ar da graça naquela noite, através da medianeira anônima: um que havia cometido o suicídio, e eu, que, se pudesse, estrangularia alguém. (161)
                Mais adiante, lembrando-se de que seu livro estava sendo escrito através de um médium, tenta isolá-lo do ataque generalizado que vinha fazendo:
                – A rigor, não posso me queixar. (...) Escrevendo agora sob a ação desta crise de seriedade que não sei de onde me veio, digo-lhes que quase todos os comunicados mediúnicos atribuídos a mim são autênticos. (166)
                Em meio aos comentários sobre mediunidade e médiuns, são inseridas essas declarações do Irmão José, a quem chama Benfeitor, transcritas sem qualquer comentário, logo inteiramente endossadas pelo Autor Espiritual:
                (...) Não devemos culpar a Igreja pelos rumos que imprimiu ao Cristianismo; sitiada espiritualmente, não raro se viu na contingência de ter que ceder a pressões para sobreviver. Não condenamos a instituição que, durante séculos, foi a guardiã dos princípios que nos são caros. Os homens é que, dominados por interesses estranhos, a desfiguraram. (179)
                Ao dizer que a Igreja não pode ser responsabilizada “pelos rumos que imprimiu ao Cristianismo”, o autor da declaração quer imputar a responsabilidade aos “homens que, dominados por interesses estranhos, a desfiguraram”. Quem são esses homens, se não membros da própria Igreja? Ou será que o autor está querendo definir a Igreja como entidade “fundada por Jesus” e independente dos homens? É fato notório que as pequenas comunidades cristãs dos primeiros tempos foram rudemente perseguidas. Mas, ainda no decorrer dos primeiros séculos, homens ávidos de poder, arrogando-se a condição de depositários absolutos da Mensagem Cristã, constituíram a Igreja. A partir daí, essa entidade, através dos homens que a compunham, passou a desfigurar a Mensagem Cristã, não tendo nunca cedido a pressão de qualquer natureza. Pelo contrário, ela é que pressionou, aterrorizou, perseguiu, encarcerou, torturou e executou muitos daqueles que se opunham à sua sede insaciável de domínio.
Outra afirmativa que causa espécie: “a instituição que, durante séculos, foi a guardiã dos princípios que nos são caros”. Que guardiã foi essa que, de posse das Escrituras, fez-lhes modificações e adaptações, de acordo com seus interesses? Foi a Igreja que criou o profissionalismo religioso entre os cristãos, a Santíssima Trindade, as indulgências, os rituais, as liturgias, os decretos de beatificação e santificação, os sacramentos, os ofícios religiosos pagos, a confissão auricular, os ídolos, o Purgatório, o Inferno de penas eternas e, acima de tudo, a Inquisição.
Como é que se publica uma defesa dessas numa obra que pretende ser espírita, se a Igreja, sem necessidade nenhuma de “sobreviver”, já toda consolidada e poderosa, perseguiu duramente o Judaísmo, o Protestantismo e o Espiritismo o quanto pôde?
Depois de defender a Igreja, o Irmão José, a título de defender o Espiritismo, centraliza, também ele, seu ataque contra a quase totalidade dos médiuns:
                – (...) Se não vigiarmos o suficiente, a Doutrina Espírita, que se propõe reviver o Evangelho, se desviará de suas finalidades; infelizmente, os prenúncios já aí estão... Pretensão à infalibilidade, elitismo, personalismo; isso tudo, sem mencionarmos o que se vem fazendo através da mediunidade – o canal que, na maioria dos medianeiros, é ocupado por entidades contrárias ao movimento de libertação de consciências que o Espiritismo propõe. Imperceptivelmente, os médiuns vêm sendo hipnotizados por espíritos que os dominam e que lhes inoculam n´alma o virus da ambição desmedida. Difícil nos depararmos com quem não esteja a serviço de si mesmo na Causa que abraçamos!... (180)
                Depois desse infeliz comentário, relembra ao Dr. Inácio a reencarnação de Torquemada, relatada no livro anterior “Sob as Cinzas do Tempo”, onde é revelado que esse Espírito, habitando um corpo disforme, foi resgatado pelos antigos perseguidores, depois de ter sido, no próprio berço, seu corpo engolido por uma sucuri, conduzida por esses inimigos...
                – Foi uma pena!... Tanto esforço do mundo espiritual para nada. Ele já estava no corpo, no entanto foi descoberto pelos antigos comparsas... Não podemos mais saber o paradeiro do seu espírito.. (181)
            Aqui cabe uma pergunta: como é que um Espírito que recebeu uma nova oportunidade de redenção, através de uma encarnação, pode, ainda na infância, no próprio berço, portanto sem ter praticado nenhum ato que comprometesse a oportunidade recebida, ser novamente arrebatado pelos antigos algozes? No livro “Libertação”, André Luiz, ao manifestar sua estranheza por não ver crianças naquela comunidade situada nas trevas, recebe a seguinte elucidação do Benfeitor Gúbio: Se a compaixão humana separa as crianças dos criminosos definidos, que dizer do carinho com que a compaixão celestial vela pelos infantes?          Libertação, cap. IV)
            O Irmão José continua explicando que Torquemada, depois de seqüestrado pelas trevas, retomou a condição de adulto e foi amarrado a um poste de flagelação, ficando a queimar como se estivesse numa fornalha ardente...    
            – Mas o Inferno existe? – perguntei intrigado.
            – Sim, só que não é criação de Deus – respondeu o Irmão José, deixando-me aparvalhado.                    
            – O Inferno, em essência, está na consciência culpada, todavia, por vezes, ele também se exterioriza...      
            – Localiza-se em alguma parte?...
            – Como não?
            – E Satanás – inquiri – existirá também? (181 / 182)                                                                                        
            Será que o espírita, Dr. Inácio Ferreira, esqueceu-se da Doutrina só porque desencarnou, e agora faz essas perguntas infantis? Entretanto, seu tom não é tão infantil quando se refere aos espíritas:
            – Digo-lhe, sem receio de estar errando: a esmagadora maioria dos espíritas são entidades que delinquiram. Agora, na condição de espírito livre, eu posso enxergá-los melhor por baixo da batina, ops!, por debaixo das vestes... Vejo antigos bispos e cardeais ocupando posições de destaque no Espiritismo, perdidos à procura de uma hierarquia que, graças a Deus, não mais existe. Quando ainda têm oportunidade de liderar, demonstram um ranço religioso que trazem consigo desde muitas eras e mentem, continuando a agir hipocritamente.          (199)   

            É verdadeiramente absurda essa acusação contra a esmagadora maioria dos espíritas! Se os espíritas quando têm oportunidade de liderar demonstram um ranço religioso que trazem consigo desde muitas eras e mentem, continuando agir hipocritamente, como é que o Espiritismo tem progredido tanto? Não dá para ver que essas palavras são oriundas de um Espírito inimigo do Espiritismo, que só se refere a espíritas, a médiuns e ao próprio Espiritismo para denegrir, menosprezar?
            Ao preparar uma caravana para o resgate de Torquemada, algo digno de integrar bom filme de ficção, relata instruções recebidas de outro Espírito:
            – Vocês necessitarão de muita cautela. É possível que os líderes dos “dragões”, a esta altura, já saibam; eles têm como rastrear os nossos pensamentos... Possuem sensitivos a seus serviços – entidades que são verdadeiras antenas psíquicas; muitos deles têm a capacidade de deixar o pesado corpo espiritual e vir a nós, em estranho processo de espionagem.
            – Mas isto é possível? Pode o inferior subir ao superior?                                                   – Quem lhe disse, Inácio, que somos superiores? A questão não é de moralidade, mas de intelectualidade. Se, segundo as Escrituras Sagradas, o Demônio teve acesso a Jesus para
            – Quem lhe disse, Inácio, que somos superiores? A questão não é de moralidade, mas de intelectualidade. Se, segundo as Escrituras Sagradas, o Demônio teve acesso a Jesus para tentá-lo... (204 / 205)                                
            Agora são as Trevas que rastreiam a Luz! Deixando de lado a questão do Demônio, o argumento é, também, absurdo, pois parece que o Espírito admite o episódio da tentação como verdade. Além do mais, fica parecendo que o Demônio teria mais intelectualidade do que Jesus!!!
            No deslocamento da caravana que visava à libertação de Torquemada, O Dr. Inácio dialoga com um espírito, um duende, como é chamado na obra, que diz chamar-se Labelius.                                                                                                       
            – Quantos vocês são, por aqui?
            – Somos mais ou menos cinquenta!... Não nos proliferamos tanto.
            – Mas... nascem crianças entre vocês?...
            – Não somos diferentes das flores e dos pássaros...Por que não nos reproduziríamos, se uma simples semente se reproduz? Vejo que continuam não sabendo tanto da vida... (241 / 242)                                                                                                               
            Segundo se entende, trata-se de Espíritos que não atingiram, ainda, a humanização. É digno de nota o raciocínio claro e lógico do tal Labelius... E o fato de proliferarem, nascerem crianças no Mundo Espiritual?!!!
            – Você já se reencarnou alguma vez?          
             – Na espécie humana, uma única vez – respondeu.
            – Somos como vocês, os humanos; uns mais, outros menos dotados de inteligência; estamos mais próximos do mundo natural do que do mundo racional... Somos um povo, uma raça com características definidas.                                                    
            – Mas, se você reencarnou como homem e voltou a ser duende, houve um retrocesso...
            – Jesus Cristo teria se degradado por ter vivido na Terra, descendo das Esferas Luminescentes que habita? – argumentou com lógica e surpreendentes noções. (244 / 245)
            Um Espírito, depois de encarnar como ser humano, voltaria à condição de humanóide? Pela leitura do texto, verifica-se que esse humanóide tem capacidade para avaliar os homens, entre os quais diz ter estado encarnado, tendo sido compelido a voltar àquela condição sub-humana. Como conciliar isso com item 612 de “O Livro dos Espíritos”?
            No seu raciocínio, esse humanóide faz uma comparação equivocada com a encarnação de Jesus, que veio à Terra no cumprimento de uma missão. Labelius simplesmente teria retornado à condição anterior. O Autor não percebeu a incoerência, o aspecto anti-doutrinário do assunto, pois ao relatá-lo, sem ressalvas, demonstra concordar plenamente com o que foi dito. Tal posicionamento se contrapõe frontalmente à Doutrina Espírita. Além do mais, tendo-se em vista a natureza eminentemente educadora do Espiritismo, entende-se que, numa obra espírita, quando há o relato de uma atitude equivocada, aterrorizante ou menos edificante, deve haver um comentário que mostre claramente o seu aspecto negativo, a fim de que a gravidade das cenas ou dos acontecimentos não seja minimizada, deixando passar ao leitor menos esclarecido a idéia de que se trata de algo mais ou menos natural.
                Há muitos outros pontos anti-doutrinários na obra, mas seria por demais longa a tarefa de examiná-los todos. Seria o caso de se escrever um outro livro.
                                                                                                                                                                                               
José Passini
Juiz de Fora MG

ESQUECIMENTO DO PASSADO



                                                                     “Havendo Deus entendido de lançar um véu
                  sobre o passado, é que nisso há vantagem.”
                                               O E. s. E., cap. V, item 11
                                                                                                       
        

Vez por outra, recomendações de Jesus, de Kardec e de Benfeitores Espirituais são deixadas de lado em favor de posicionamentos pessoais apaixonados. Alguns poderão dizer que não se trata de palpite de encarnados, vez que em mensagem recebida por médium conhecido e, recentemente, em mais de um livro psicografado, foi feita a afirmação a respeito da volta de Kardec na pessoa de Chico Xavier. No caso do famoso médium mineiro, a recomendação, em epígrafe, se aplica por inteiro. Se houvesse interesse do Mundo Maior em que fosse revelado o seu passado, os Espíritos poderiam já tê-lo feito no momento oportuno. Mas, qual seria o objetivo de tal revelação? Em que aumentaria a credibilidade do médium ou da mensagem espírita? Há muitos encarnados e desencarnados que gostam de controvérsias. Tão logo desaparece uma, providenciam outra.

Nesse particular, lembramos palavras de Emmanuel a respeito de outras “revelações” levadas a efeito por Espíritos, na questão de o Mestre ter vivido entre os Essênios, afirmativa que o Benfeitor nega: “As próprias esferas mais próximas da Terra, que por força das circunstâncias se acercam mais das controvérsias dos homens que do sincero aprendizado dos espíritos desprendidos do orbe, refletem as opiniões contraditórias da Humanidade, a respeito do Salvador de todas as criaturas.” (A Caminho da Luz, cap. 12).

E o que dizer da “Saudação de Allan Kardec”, psicografada por Júlio César Grandi Ribeiro, na noite de 2 de janeiro de 1984, na comemoração do centenário da Federação Espírita Brasileira e da transferência de sua sede para Brasília, conforme publicado no “Reformador” de março de 1984? Bem, aqueles que quiserem continuar argumentando, sabemos que poderão dizer o Chico poderia ter deixado seu veículo físico em Uberaba, possivelmente psicografando àquela hora – era uma segunda-feira – e ter ido a Brasília, fazendo toda uma revolução psicológica em si mesmo, a fim de apresentar-se como Kardec... É fácil conciliar a figura viril de João Huss com a de Kardec, mas torna-se difícil ver esse mesmo Espírito apresentar-se como Francisco Cândido Xavier. Seria assim tão fácil para um Espírito fazer essa verdadeira revolução psicológica de um momento para outro? Tome-se como exemplo o desempenho de Elias, que se repete em João Batista, alguns séculos depois. 

Outro assunto controverso é o de André Luiz ter sido Carlos Chagas, como querem alguns, agora reforçados em suas convicções por “revelações”, trazidas por Espíritos desocupados, através de médiuns invigilantes. Neste caso, o assunto toma caráter mais grave, diante do fato de o famoso cientista ainda ter descendentes encarnados. 

Mas, não bastasse o apelo ao bom-senso, seria fácil verificar dados: Não é difícil calcular a época da desencarnação de André Luiz, tomando-se por base suas conversas com Lísias: “Talvez não saiba ainda que sua permanência nas esferas inferiores durou mais de oito anos consecutivos.” (N.L., pág. 47). Em agosto 1939, André Luiz ouvia Lísias, que lhe falava sobre a iminência da Segunda Guerra Mundial (N.L., pág. 132). Daí pode-se deduzir que já estivesse desencarnado há, pelo menos, nove anos, vez que já estava perfeitamente sadio. Por esse cálculo, ele deveria ter desencarnado, no máximo, em 1930. Carlos Chagas desencarnou a 8 de novembro de 1934, aos 55 anos de idade. Deve-se notar que André Luiz deve ter recebido o título de médico por volta dos 25 anos, logo, se clinicou durante 15 anos, desencarnou com pouco mais de 40. André Luiz declara que deixou na Terra um filho e duas filhas. Carlos Chagas, dois filhos. Será que as informações contidas na obra “Nosso Lar” não são verdadeiras?

Além do mais, André Luiz fica perfeitamente caracterizado como clínico, médico de consultório, pelas palavras de Clarêncio: “(...) nos quinze anos de sua clínica, também proporcionou receituário a mais de seis mil necessitados. Verbalmente pede qualquer gênero de tarefa; mas, no fundo, sente falta dos seus clientes, do seu gabinete, da paisagem de serviço com que o Senhor honrou sua personalidade na Terra.” (N.L., pág. 81). Será que Clarêncio teria cometido engano ao dizer isso?

Nessa referência ao seu trabalho na Terra, nada que pudesse identificá-lo com o eminente cientista: pesquisador, bacteriologista e sanitarista, que foi Carlos Chagas, que se dedicou à bacteriologia desde os seus tempos de estudante. Cientista reconhecido mundialmente, foi professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro; recebeu o título Magister Honoris Causa das Universidades de Harvard e de Paris; pertenceu às academias científicas de Nova Iorque, Paris e Lima; foi premiado com medalha de ouro pela Universidade de Hamburgo (Prêmio Kummel); passou dois anos viajando pelo vale amazônico, levantando a carta epidemiológica da região; à frente de campanha profilática, erradicou a malária na cidade de Santos; foi Diretor do Instituto Oswaldo Cruz de 1917 a 1934, quando desencarnou. (Grande Enciclopédia Delta Larousse). 

Outro fato que contesta a afirmativa de André Luiz ter sido Carlos Chagas é a causa mortis. André Luiz, conforme declarado no livro “Nosso Lar”, desencarnou em consequência de um câncer no intestino, depois de um sofrimento de quarenta dias. A desencarnação súbita de Carlos Chagas se deu em função de um infarto do miocárdio.

É de se ver que a novidade anima tanto, a ponto de esses que se põem a propalá-la se esquecem das palavras de Emmanuel, ao apresentar André Luiz, no prefácio do livro “Nosso Lar”: “Embalde os companheiros encarnados procurariam o médico André Luiz nos catálogos da convenção. Por vezes o anonimato é filho do legítimo entendimento e do legítimo amor (...). É por isso que não podemos apresentar o médico terrestre e autor humano, mas sim o novo amigo e irmão na eternidade.” E tudo indica que o anonimato não decorreu de decisão pessoal de Emmanuel, diante do que se lê na obra “Voltei”, no final do cap. 2, referindo-se a André Luiz: “... o esforço dele é impessoal e reflete a cooperação indireta de muitos benfeitores nossos que respiram em esferas mais elevadas.”

Diante disso, seria de se perguntar: Quem determinou fosse suspenso o anonimato? O que mudou no cenário terrestre para que fosse revelada a identidade de André Luiz? Qual o benefício dessa pretensa revelação, a não ser o de provocar discussões estéreis? Em que essas “revelações” contribuem para o esclarecimento das pessoas?

Por que essa insana busca de saber quem foi André Luiz, ao invés de estudar-lhe a obra? No cap. 10 do livro “Os Mensageiros” encontra-se ”A Experiência de Joel”, médium dotado de extraordinária sensibilidade, que dedicou-se exclusivamente à pesquisa de reencarnações passadas, o que, além de nada ajudar na divulgação da Doutrina Espírita, prejudicou-o profundamente, conduzindo-o ao grande desequilíbrio que levou para o Mundo Espiritual, ao desencarnar. 

Não seria melhor ocuparmos nosso tempo em reuniões mediúnicas destinadas a esclarecer irmãos que sofrem? O Espiritismo não tem como bandeira a caridade? Caridade para com desencarnados sofredores, para com crianças que carecem de orientação espírita através da evangelização.

José Passini

Juiz de Fora MG

jose.passini@gmail.com







Carta Fraterna


        


         
Cônscio da responsabilidade que cabe a todos nós, espíritas, no sentido da manutenção da fidelidade à Doutrina que nos ilumina os caminhos, é que tomamos a liberdade de trazer-lhe, minha Irmã, meu Irmão, algumas considerações a respeito do cuidado que devemos ter quanto ao uso do nome “Espiritismo”. 

No Espiritismo não há autoridades religiosas que devam ser consultadas a fim de darem seu parecer favorável ou contrário a qualquer publicação, seja livro, filme, programa na internet. Uma das vigas mestras da estrutura do Espiritismo é a liberdade. Mas, essa liberdade atribui, ao mesmo tempo, alta responsabilidade, àqueles que dirigem uma instituição espírita, seja um centro, uma editora, uma livraria ou um clube do livro, pois que têm responsabilidade direta por aquilo que é passado ao público, em nome do Espiritismo. Uma análise criteriosa de algo passado ao público em nome da Doutrina é, não raro, tachada de intolerância, de censura. Se a obra em questão é mediúnica, há aqueles que consideram falta de caridade praticada contra o médium, qualquer observação discordante.

O Espiritismo é uma doutrina de livre-exame, adotada por livres-pensadores. Seu embasamento dá-se em Jesus e em Kardec. Noutras religiões, há conselhos formados por membros que detêm poder no campo doutrinário, e esses conselhos deliberam sobre pessoas que devam ser acatadas ou banidas do grupo, como também deliberam sobre práticas, inovações e publicações.

No Espiritismo não há nada disso. Entretanto, todos os espíritas temos responsabilidade definida naquilo que apresentamos ou que apenas prestigiamos em nome da Doutrina. Cada espírita é, no âmbito de suas atividades, um guardião dos seus princípios básicos, cabendo-lhe – para ter o direito de dizer-se espírita – o dever de, no âmbito de suas atividades, resguardar-lhe a coerência, a nobreza, a objetividade, a clareza, a simplicidade, a fidelidade aos princípios ético-morais do Evangelho de Jesus e aos princípios doutrinários estabelecidos pelos Espíritos Superiores, codificados por Kardec.

Assim sendo, um espírita ao tornar público algo que diga respeito à Doutrina, não necessita obter permissão de nenhum órgão censor ou controlador. Entretanto, deve avaliar se aquela mensagem – seja um simples folheto, uma mensagem recebida mediunicamente num centro, um artigo ou um livro – vai contribuir para o despertamento ou para o esclarecimento de alguém. Deve avaliar, com segurança, se acrescenta algum conteúdo útil, ou se está apenas repetindo lugares comuns, levando seus leitores ou ouvintes a uma perda de tempo. A questão se reveste de maior gravidade quando o leitor ou o ouvinte não conhece o Espiritismo. Algumas vezes, certos livros ou oradores causam péssima impressão seja pela ingenuidade dos conceitos, seja pelos absurdos apresentados. 

Infelizmente, esse é o quadro com que nos deparamos na atualidade. Nota-se uma verdadeira avalancha de publicações ostentando o nome de espíritas. Vão desde as simples mensagens mediúnicas obtidas em centros espíritas, até a obras volumosas, mediúnicas ou não, cujos autores lançam ao público, sem uma avaliação cuidadosa quanto aos efeitos que sua iniciativa possa produzir.

Há publicações contendo comunicações simplórias obtidas em reuniões mediúnicas, sem conteúdo algum e, às vezes, com conteúdo equivocado, até contrário àquilo que a Doutrina Espírita ensina.

Outras vezes, são livros com revelações mirabolantes, em linguagem não-condizente com a seriedade e a nobreza sempre observadas nas expressões dos Espíritos comprometidos com o Bem. São obras que, de permeio a algumas páginas boas, com bons comentários a respeito do Evangelho, trazem longas descrições de zonas tenebrosas, capazes de criar imagens negativas nas mentes menos avisadas, revivendo em muitas a terrível imagem do sofrimento após a morte. Há livros que primam pela apresentação de revelações atemorizadoras, profecias de ocorrências catastróficas que, embora com datas previstas, já se têm revelado falsas, por não se terem efetivado.

Nota-se, no ar, uma tendência infrene de se publicar tudo o que aparece, como se o maior trabalho que se faz no Espiritismo fosse a sua propaganda, feita de qualquer modo. Conscientizemo-nos de que o Espiritismo não precisa de promoções, como se fosse mercadoria a ser apresentada ao público. Embora não pareça, há diferença entre propaganda e divulgação. A divulgação do Espiritismo será muito mais eficaz se promovida através de literaturas e de palestras equilibradas, comedidas e, principalmente, da vivência pessoal, pelos espíritas, dos postulados do Evangelho. 

Lembremo-nos de Kardec que, malgrado o pouco tempo de que dispunha, face aos deveres profissionais, enfrentando os imensos tabus religiosos reinantes, enfrentando o custo elevado de material impresso, sem rádio, televisão ou internet, conseguiu divulgar o Espiritismo de maneira espantosa. A Doutrina foi sendo difundida, sempre em ritmo crescente, com segurança, firmeza e seriedade. Por que, agora, pretender-se uma propaganda leviana, sensacionalista, oportunista? Por que nos encantarmos com o volume de edições de livros, se não lhes avaliamos o conteúdo? Ou mesmo com o sensacionalismo de alguns expositores desejosos de inovar? 

Será lícita a falta de coragem do responsável pela organização de palestras ou seminários, numa casa espírita, em pedir esclarecimentos ao expositor sobre pontos julgados duvidosos em sua exposição? Se o questionamento for acatado com boa vontade e suficientemente esclarecido, isso mostra que o expositor está seguro do que expôs e está interessado em servir a Doutrina. Caso contrário, ao demonstrar-se agastado, ficará evidenciado que o amor à sua figura pessoal está acima da fidelidade aos conceitos doutrinários.

O que responderemos àqueles que, ao ingressarem nos estudos da Doutrina, nos perguntarem sobre pontos duvidosos expostos num livro ou numa palestra? Essa é uma difícil hora de testemunho à verdade, quando devemos colocar o nosso zelo para com a Doutrina acima de falsas noções de fraternidade, lembrando-nos da recomendação de Jesus: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim, Não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna.” (Mat, 5: 37). 

Há aqueles que argumentam, dizendo que temos liberdade de ler tudo, tomando como base o ensinamento de Paulo: "Examinai tudo. Retende o bem.” (I Tes, 5:21). Sim, é verdade, não existe nenhuma orientação espírita no sentido de proibir qualquer leitura. Mas, devemos ter em mente que podemos comprometer o nome do Espiritismo não com o que lemos, mas com o que damos a público em seu nome. Por isso, é lícito nos perguntemos se temos tido o cuidado de examinar o que se publica em nome do Espiritismo. Ou temos deixado correr? Quem é o responsável pela fidelidade doutrinária?

Urge, mais do que nunca, uma ação corajosa, consciente de fidelidade não só à Doutrina, mas a nós próprios, à nossa consciência, pois "quem cala, consente".

José Passini
jose.passini@gmail.com




A COMUNICAÇÃO DOS ESPÍRITOS

                               
              

jose.passini@gmail.com


O profetismo é prática milenar, conforme se constata no verbete profeta, na Enciclopædia Britannica, na sua edição original. 

Quando se fala em comunicação com os mortos, há dois pontos interessantes a serem observados: primeiro, há os que dizem ser tal prática condenada “pela palavra de Deus”, citando a proibição contida no Deteuronônio, cap. 18: 10 a 13. Em verdade, não se trata de “palavra de Deus”, mas de recomendação pertencente à legislação mosaica; segundo, é interessante atentar-se para o fato de que a proibição comprova efetivamente o intercâmbio com os mortos, pois se existiu a proibição é porque existia o fato. É de senso comum que uma legislação que regula ou proíbe algo sempre surge a posteriori, e não a priori, ou seja, é feita sempre sobre um fato já existente. Logo, se Moisés proibiu é porque existia.

Deve ser lembrado que a proibição de Moisés visava a coibir o abuso daqueles que mantinham o intercâmbio, usando-o para fins frívolos ou para a solução de problemas pertencentes à esfera das decisões dos homens e não dos Espíritos. Diga-se, de passagem, que o Espiritismo – que não proíbe nada – desaconselha o intercâmbio mediúnico para esses mesmos fins, esclarecendo que Espíritos superiores não se envolvem nesses assuntos, tão ao agrado de Espíritos frívolos e desocupados.

Há, também, aqueles que se baseiam na filosofia tomista, que afirma a imortalidade da alma, mas que esta não tem vida plena sem o corpo, considerando-o seu instrumento indispensável, a ser readquirido na ressurreição, para o julgamento final. Não se sabe como Tomás de Aquino explicaria o fato de dois Espíritos desencarnados, Moisés e Elias, sem corpo material, terem conversado com Jesus, na presença de Pedro, Tiago e João (Mat, 17: 10 a 13) 

Não vamos invocar o testemunho de cientistas que pesquisaram o fenômeno mediúnico e produziram farto material bibliográfico a respeito. Argumentaremos exclusivamente dentro da Bíblia, na tradução de João Ferreira d’Almeida, da Sociedade Bíblica Britannica e Estrangeira, edição de 1937. Citamos o ano da publicação pelo fato de essa mesma tradução já ter sofrido algumas “atualizações”.

No Velho Testamento, (I Sam, 28), sob o título “Consulta à pitonisa de Endor”, vemos uma autêntica comunicação do profeta Samuel, que fora, enquanto encarnado, conselheiro do rei Saul. Este, na iminência de uma batalha, ressentindo-se da ausência do seu conselheiro, que desencarnara, ordenou fosse procurada uma evocadora de espíritos. Aparece-lhe Samuel, que o aconselha a não entrar na batalha contra os filisteus, sob pena de morrerem ele e seus filhos. Saul, que não fora buscar conselho, mas apoio, sentindo-se desamparado, caiu desmaiado. Embora seriamente advertido, entrou na batalha, onde pereceu, juntamente com seus filhos.

No Novo Testamento (At, 16: 9), há o relato de uma visita feita a Paulo, por um homem que, liberto do corpo físico pelo sono, comunicou-se com ele: “E Paulo teve de noite uma visão, em que se apresentou um varão da Macedônia, e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos.” Nos versículos seguintes, vê-se que Paulo foi atender o pedido, vez que encaminhou-se à Macedônia. 

Em Atos (10: 30 a 32), está claramente relatada uma comunicação de um espírito desencarnado, diretamente dirigida a um homem, sem ao menos usar o corpo físico de um médium, conforme relato do centurião Cornélio a Pedro: “Há quatro dias estava eu em jejum até esta hora, orando em minha casa, à hora nona, e eis que diante de mim se apresentou um varão com vestes resplandescentes, e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas estão em memória diante de Deus. (...) e manda chamar Simão, que tem por sobrenome Pedro: este está em casa de Simão o curtidor, junto do mar, e ele, vindo, te falará.” 

Pedro estava no terraço da casa de Simão o curtidor, quando chegou a comitiva que viera convidá-lo. No momento em que chegaram os enviados de Cornélio, Pedro recebe a seguinte orientação de um Espírito: “Levanta-te pois, e desce, e vai com eles, não duvidando; porque eu os enviei.” Essa comunicação foi oportuna porque Pedro não atenderia o chamado de um romano, pelo fato de os discípulos de Jesus acreditarem, até àquela época, que a mensagem de Jesus deveria ser divulgada somente entre os judeus.

Outra comunicação de Espíritos se deu com as mulheres que foram preparar o corpo de Jesus para a sepultura, na manhã daquele memorável domingo: “E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. E aconteceu que, estando elas perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois varões, com vestidos resplandescentes (...) lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos?” (Luc, 24: 3 a 5)

É interessante notar que os Espíritos, em vários relatos no Novo Testamento, apareceram com vestes resplandescentes, talvez para que não ficassem dúvidas de que se tratava mesmo de espíritos desencarnados.

A comunicação recebida pelo Centurião Cornélio também demonstra esse mesmo o cuidado observado pelo Espírito comunicante, conforme se depreende do relato do romano a Pedro, na passagem acima citada.

O Apóstolo Paulo – a maior autoridade em assuntos mediúnicos nos tempos apostólicos – deixou instruções seguras a serem seguidas por aqueles que pretendessem estabelecer o intercâmbio, como se lê na sua Primeira Carta aos Coríntios: “Segui a caridade, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar.” (14: 1) Num trecho desse mesmo capítulo, que o tradutor intitula: “A necessidade de ordem no culto”, está perfeitamente caracterizada uma reunião mediúnica, para a qual Paulo dá orientação segura, no sentido de preservar a objetividade, precavendo-se contra o estrelismo dos médiuns: “E se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois, ou quando muito por três, e por sua vez, e haja intérprete.” (27) E, a fim de evitar o deslumbramento, deixa outra recomendação: “E falem dois ou três profetas e os outros analisem.” (29) No capítulo 12, descreve os vários tipos de mediunidade, como seja, a psicofônica, a de falar línguas estranhas, a de cura e até a intuitiva – a ser exercitada pelo dirigente da reunião mediúnica –, que ele intitula “o dom de discernir os espíritos”.

Cumpre notar, também, que Jesus não disse uma palavra sequer no sentido de condenar a comunicação com os mortos, pois seria uma incoerência, diante do fato, citado acima, narrado por três Evangelistas (Mt, 17: 10 a 13; Mc, 9: 2 a 13; Lc, 9: 28 a 36), que se referem ao diálogo que Jesus manteve com dois desencarnados: Moisés e Elias, na presença de Pedro, Tiago e João.

A Enciclopædia Britannica diz que profeta em Grego clássico quer dizer “aquele que, ao falar, não o faz pelos seus pensamentos, mas por uma revelação de fora. Cita Platão: “Não devem ser chamados profetas aqueles que simplesmente interpretam oráculos.

Em verdade, em todo o Novo Testamento não há uma linha sequer condenando a comunicação com os mortos. A literatura existente nesse sentido provém das interpretações equivocadas de teólogos que veem os fatos como lhes convém.

Além do mais, não há mortos, mas apenas Espíritos encarnados e desencarnados.





segunda-feira, 7 de julho de 2014

A Nova Literatura Mediúnica (José Passini)


“E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.”
Paulo (I Co, 14: 29)

As palavras de Paulo – inegavelmente a maior autoridade em assuntos mediúnicos dos tempos apostólicos – deveriam servir de alerta àqueles que têm a responsabilidade da publicação de obras de origem mediúnica.

A literatura mediúnica tem aumentado de maneira assustadora. Diariamente, aparecem novos médiuns, novos livros, alguns bem redigidos, se observados quanto ao aspecto gramatical, mas de conteúdo duvidoso se analisadas as revelações fantasiosas que iludem muitos novatos, ainda sem conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame criterioso daquilo que leem.

Muitos desses livros se originam de Espíritos ardilosos que, de maneira sutil, se lançam no meio espírita como arautos de novas revelações capazes de encantarem leitores menos preparados, aqueles sem um lastro de conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame lúcido, capaz de os levar a conclusões esclarecedoras.

Muitas pessoas que conheceram recentemente a Doutrina, antes de estudarem Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne e outros autores conceituados; antes de lerem as obras de médiuns como Francisco Cândido Xavier, Yvonne A. Pereira, Divaldo Franco, José Raul Teixeira, estão se deparando com obras fantasiosas, escritas em linguagem vulgar, contendo o que pretendem seus autores – encarnados e desencarnados – sejam novas revelações.

Bezerra de Menezes, Emmanuel, André Luiz, Meimei, Manoel Philomeno de Miranda, Joanna de Ângelis e tantos outros Espíritos se tornaram conhecidos e respeitados pelo conteúdo sério, objetivo, seguro, esclarecedor de suas obras, sempre redigidas em linguagem nobre. Esses Espíritos conquistaram, pouco a pouco, o respeito, a credibilidade e a admiração do público espírita pelo conteúdo de seus escritos, na forma de mensagens ou de livros, publicados espaçadamente, como que dando tempo a um estudo sereno e criterioso do seu conteúdo.

Nos dias que correm, infelizmente, o quadro se modificou. Muitos médiuns, valendo-se de nomes já conhecidos pelo valor de suas obras, tentam impor-se aos leitores espíritas, não pelo valor das mensagens em si, mas escorados em nomes respeitáveis.

Sabendo-se que nomes pouco importam aos Espíritos esclarecidos, é de se perguntar por que os benfeitores que se notabilizaram através de Francisco Cândido Xavier haveriam de continuar usando seus nomes em mensagens transmitidas através de outros médiuns? Se o importante é servir à causa do Bem, por que essa continuidade na identificação, tão pessoal, tão terrena? Não seria mais consentâneo com a impessoalidade do trabalho dos Servidores do Bem deixar que o valor intrínseco da mensagem se revele, sem estar escorado num nome conhecido? Por que não deixar que a mensagem se imponha pelo valor de seu conteúdo? Por que escudar-se em nomes respeitáveis, quando o texto não resiste a uma comparação, até mesmo superficial, de conteúdo e, às vezes, até mesmo de forma?

Por que essa ânsia insofreável de publicar tudo o que se recebe – ou que se imagina ter recebido – dos Espíritos? Onde o critério, a sobriedade tantas vezes recomendada na obra de Kardec? Será que o público espírita já leu, estudou, analisou, entendeu toda a produção mediúnica produzida até agora?

Ao dizer isso não se está afirmando que a fase de produção mediúnica está encerrada. Sabe-se que a Doutrina é dinâmica, que a revelação é progressiva. Progressiva, e não regressiva, pois há obras que estão muito abaixo daquilo que se publicou até hoje, para não dizer que há aquelas que nunca deveriam estar sendo publicadas.

Infelizmente, os periódicos espíritas, de modo geral, não publicam análises dessas obras que estão sendo comercializadas, ostentando indevidamente o nome da Doutrina. 

Impera, no meio espírita, um sentimento de falsa caridade, um pieguismo mesmo, que impede se analise uma obra diante do público. Essas atitudes é que encorajam médiuns ávidos de notoriedade à publicação dessa verdadeira avalancha de obras, que vão desde aquelas discutíveis a outras verdadeiramente reprováveis.

Nesse particular, é justo se chame a atenção dos dirigentes de núcleos espíritas, sejam centros, sejam livrarias, a fim de que avaliem a responsabilidade que lhes cabe quanto ao que é dado a público em nome do Espiritismo. O dirigente – ou o grupo responsável pela direção de uma casa espírita – responderá perante o Alto, sem a menor dúvida, pela fidelidade aos princípios doutrinários de tudo o que se divulga em nome do Espiritismo, seja na exposição oral, num livro ou simplesmente num folheto. O mesmo se diga relativamente àqueles responsáveis pelas associações intituladas “clube do livro”.

José Passini
passinijose@yahoo.com.br

Análise, Apreciação, Crítica (José Passini)

Qualquer obra ao ser exposta ao público fica sujeita à análise, à apreciação, à crítica, da parte daqueles que a examinam, seja ela uma escultura, uma música, uma pintura ou uma página literária.

No mundo da literatura, há até a atividade normal de pessoas que se especializam em crítica literária, exercendo-a, sem que os autores de artigos ou de livros sintam-se ofendidos por verem suas idéias, suas posições, ou opiniões serem analisadas, criticadas, contestadas, desde que através de linguagem compatível com a ética e com o respeito.

Esses trabalhos de crítica literária são, não raro, usados em estudos levados a efeito em academias de letras, ou em cursos universitários de língua e literatura, com real proveito para aqueles que se entregam ao aprendizado da arte de bem escrever, seja num Curso de Letras, seja num de Comunicação Social.

Tendo consciência de que haverá aqueles que analisarão e darão a público sua apreciação sobre aquilo que publica, o autor, por certo, preocupar-se-á com o que diz, e como o diz, ou seja, com o conteúdo e com a forma.

No meio espírita, infelizmente, isso não se dá. Atualmente, assiste-se a uma verdadeira avalancha de obras, na maioria mediúnicas, cheias de inovações, de revelações, de modismos, sem que haja espaço na imprensa espírita para uma apreciação séria, clara, fraterna, a respeito de conteúdos altamente duvidosos, que são levados a público como se fossem verdades reveladas. 

Paulo, a maior autoridade em assuntos mediúnicos nos tempos apostólicos, conforme se constata nos caps. 12 e 14 da sua Primeira Carta aos Coríntios, dentre outras orientações, recomenda: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.”1 Sábio conselho, repetido reiteradamente mais tarde na obra de Kardec, destina-se à prevenção contra o deslumbramento, a vaidade, à atuação de Espíritos enganadores no intercâmbio mediúnico. Cuidado semelhante pode-se observar também em João: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus; porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.”2

Será que estamos esperando que aqueles que combatem o Espiritismo venham trazer a público certos absurdos que estão sendo publicados ante a comunidade espírita completamente silente, sem que tenhamos meios de demonstrar-lhes que certas “revelações” foram contestadas? Ou será que foi esquecido o brocardo: “Quem cala, consente.”? Será que Kardec não sairia hoje em defesa dos verdadeiros postulados espíritas? Ou calar-se-ia, receando desagradar pessoas? Onde podemos situar a recomendação de Erasto: “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.”3

A Federação Espírita Brasileira e várias outras editoras são entidades de utilidade pública e que, coerentemente com o que ensina o Espiritismo, não visam a lucros. Malgrado esses nobres exemplos, instalaram-se inúmeras editoras que aí estão a divulgar obras que contrariam frontalmente os postulados espíritas, através de publicações que, embora declarem serem os recursos obtidos destinados a entidades assistenciais – o que jamais deve influir na análise doutrinária das publicações – agem como entidades meramente comerciais, colocando o lucro acima do ideal da divulgação. 

O médium, autor material dessas obras, por vezes é pessoa bondosa, bem intencionada, até promotora de nobres atividades no âmbito da assistência social. Mas o seu trabalho nesse setor será suficiente para legitimar sua produção mediúnica, transformando-a em livros? Lamentavelmente, há aqueles que confundem caridade com pieguismo. Dizem que não se pode ir contra um irmão. Ninguém, em sã consciência deve criticar o autor, mas sim a obra. Aquele deve ser preservado, em nome do respeito que se deve ter para as suas boas intenções, mas esta deve ser analisada, dissecada. Essa maneira de agir aprende-se com Jesus, que nunca atacava o pecador, mas o pecado.

Nesse contexto, deve ser ressaltada a responsabilidade daqueles que dirigem estabelecimentos espíritas, sejam centros ou livrarias, no sentido de fazerem a devida seleção do material escrito divulgado no recinto da instituição. Muito maior do que a preocupação com o conteúdo da exposição oral, deve ser o cuidado com o material impresso entregue ao público, seja livro ou folheto avulso, pois um livro adquirido, ou tomado por empréstimo, numa instituição espírita – principalmente para o leigo –, será tomado como legítimo.

Entretanto, há dirigentes que se abrigam sob a capa de uma falsa caridade em relação aos autores. Omitem-se quanto a um cuidadoso exame, deixando de ler, ou de colocar nas mãos de irmãos responsáveis, para análise, muitas obras que estão aí a tentarem desmentir a seriedade da mensagem espírita, permitindo seja ela apresentada na forma de romances, relatos, “revelações”, em linguagem absolutamente não condizente com a seriedade e com a nobreza da doutrina que herdamos de Kardec.

 José Passini 
jose.passini@gmail.com      

  
1. I Co, 14: 29
2. I Jo, 4: 1

3. O Livro dos Médiuns, 230

COBRANÇA (José Passini)


                                                                                                    “... de graça recebestes, de graça  daí.”   Jesus (Mt, 10: 8)

Vez por outra, discute-se no meio espírita a questão do pagamento de taxa de inscrição para participação em eventos doutrinários. É tema delicado, que envolve muitas situações particulares e, às vezes, se choca frontalmente com opiniões até apaixonadas de alguns irmãos. Por isso, merece a atenção e a preocupação daqueles que se propõem ao trabalho espírita, mantendo as atividades sob a sua responsabilidade dentro dos parâmetros saudáveis que não são facilmente verbalizáveis numa lista de “permitido/proibido”, mas intuitivamente sentidos por todo espírita que busca agir com equilíbrio e bom-senso.
É imprescindível tenhamos cuidado constante, muita vigilância e apoio na oração, na busca de diretrizes do Alto, a fim de não levarmos o Movimento Espírita a incidir nos mesmos desvios sofridos pelo Movimento Cristão que, vagarosa e imperceptivelmente se tornou uma religião institucionalizada, hierarquizada, na qual o trato com valores monetários passou, da contribuição espontânea para assistência aos mais necessitados, à fixação de taxas disfarçadas sob vários nomes, encaminhadas para a manutenção do profissionalismo, construção de prédios e acumulação de riquezas.
Necessário se faz que nós, que abraçamos a Doutrina Espírita – e que temos a certeza inabalável da sua missão de reviver o Cristianismo na sua pureza, simplicidade e pujança originais – avaliemos as ações que estão sendo levadas a efeito na nossa esfera de decisão, com vistas aos reais objetivos do Espiritismo.
Entre os extremos de dar tudo de graça – inclusive livros – e cobrar entrada ou taxa de inscrição para palestras, simpósios, seminários, há um meio-termo ideal, ditado pelo bom-senso.
Mesmo no tocante ao livro, devemos tomar cuidado para que não se estabeleça uma comercialização exacerbada, em detrimento da qualidade das obras, como, lamentavelmente, já se vê. O produto da venda do livro espírita deve objetivar o ressarcimento dos custos, ou a manutenção de atividade social. Infelizmente, não é o que se constata em muitos casos, diante do alto preço de obras – algumas de qualidade duvidosa, sob o aspecto doutrinário – que têm sido lançadas no mercado ultimamente, muitas das quais vendidas em livrarias ou centros espíritas, cujos dirigentes, muitas vezes, tentados pela obtenção de recursos para melhoria de instalações para ou trabalho assistencial, deixam de examiná-las criteriosamente. Não estamos defendendo, com isso, o estabelecimento de um “index”. Só nos move a lembrança de que uma instituição espírita ao divulgar uma obra está – para a maioria das pessoas – dando-lhe aval doutrinário.
O ideal seria que as editoras fossem sociedades civis, dirigidas por conselhos não-remunerados, como acontece nos centros e outras entidades espíritas. Conforme as conveniências, os livros poderiam ser confeccionados em empresas especializadas e as entidades espíritas promoveriam a sua venda a preços capazes de apenas manter as editoras funcionando. Somente os profissionais dessas sociedades seriam assalariados para a prestação de serviços específicos, como existem em muitas entidades espíritas.
         Quanto ao pagamento de taxa de inscrição, há pessoas que argumentam não terem as casas espíritas fundos suficientes para cobrir despesas com viagem de expositores, aluguel de auditório, material de trabalho. Daí, argumentam, a necessidade da cobrança de taxa de inscrição.
Será que não há outros meios de se resolver o problema? Sempre chamamos a atenção de companheiros de ideal, dirigentes de casas espíritas, para o fato de necessitarmos de colaboradores financeiros, a fim conseguir recursos para o pagamento de despesas, como água, luz, telefone, material de limpeza, conservação do imóvel, etc. Há grupos espíritas que têm excesso de escrúpulos no sentido de pedir ao público em geral, levando o ônus financeiro a alguns poucos. Neste particular, lembramos Emmanuel, que aconselhou: “As obras espíritas devem ser mantidas com o pouco de muitos e não o muito de poucos.”
Concordamos que determinados eventos demandam grande movimentação financeira, entretanto cremos que há outros meios, que não sejam o de pura cobrança de taxa de inscrição ou ingresso. São procedimentos mais trabalhosos, mas parece-nos serem mais féis à maneira espírita de agir.
Por exemplo: planeja-se um seminário para algumas centenas de pessoas. Sabemos que há custos: material para estudo, pastas, e, às vezes, aluguel de auditório, serviço de som, etc. Nesse caso, por que não fazer um levantamento prévio dos custos e solicitar a contribuição sigilosa e espontânea daquele que se inscreve, alertando que, se todos pudessem pagar, o custo “per capita” seria tal, mas como nem todos dispõem de recursos, pede-se um pouco mais daqueles que podem doar.
Não se estaria assim evitando uma seleção de participantes com base no poder monetário?  Como ficaria a situação de uma família que, integrada no movimento espírita, não tivesse recursos para pagamento da taxa?
Alguém, num juízo apressado, poderá dizer que não dará certo, vez que as pessoas não estão preparadas para uma contribuição espontânea. Nesse caso, achamos que seria necessário inicialmente um longo trabalho educativo dessa comunidade, a fim de sensibilizá-la para o exercício da fraternidade cristã, o que significaria uma boa base para o posterior aproveitamento de seminários mais teóricos.
Se medidas como essas não derem certo, é porque aquela comunidade espírita ainda não está suficientemente madura para empreendimentos mais amplos. Carece-lhe base. Nesse caso, seria preferível a não-realização do evento. O prejuízo para a divulgação da Doutrina Espírita seria menor.                          
Lembremo-nos de que Paulo divulgava o Cristianismo viajando a pé, trabalhando em teares alugados, hospedando-se em casa de irmãos, falando diante de pequenos grupos. A divulgação do Cristianismo foi feita num trabalho de “contaminação” quase que de pessoa para pessoa. Não devemos perder isso de vista. Não desejemos trabalhos de “massificação” no Espiritismo. Sua maior propaganda é feita pelo testemunho de vivência pessoal dos espíritas. Lembremo-nos de que, durante mais de um século, o Espiritismo divulgou-se sem cobrança de inscrições e de ingressos e sem essa comercialização desvairada de livros... E divulgou-se muito, de maneira segura. E quando nos assalte a dúvida, é só olharmos para os imensos patrimônios materiais que os nossos predecessores nos deixaram e imaginarmos como eles conseguiram isso tudo.
                                                                                                                                              
                                                                                                                                     José Passini
                                                                                                                              Juiz de Fora MG           
                                                                                                      jose.passini@gmail.com